domingo, 3 de setembro de 2017

A Mulher no Cadeirão

São as várias mulheres
Que suportam
A beleza e a monstruosidade
Dos tempos.
A perfeição (que não há)
E as dores todas do mundo
(Que o Homem inflinge).
Todas sentadas no seu cadeirão
Da ostentação
E das unhas arranjadas.
Da prisão a que
Se devotam
Ou foram devotadas.
São os tempos da imagem guardada
E perdida em partículas
Desarranjadas.
Formam belezas novas nas formas.
Membros que as desarranjam
E se moldam aos tempos.
Assentos de vaidade
E ruas que se rebentam
De incompreensão
E insanidade.
Elas são mostruosas aos olhos
De quem não percebe
As mutações.
A mudança dos tempos
Na verdade.

Conheci-o no caminho
Para Guernica.
Nas partes de um todo
Onde a mãe
Se liberta da prisão
Para a morte.
Onde leva o filho
No regaço e da pouca sorte.
A imagem é forte
E a dor na realidade
Me assola.
Triste
(Tanto tempo depois
Como nos dias de hoje)
A minha alma chora.
A arte é a religião nova
(Deus avisa para os novos
Deuses)
- Mas qual é a espiritualidade
Do Ser que não encontra deus
Mas se revê no Homem igual?
Na dor igual,
Na resolução possível?-

Não é crível que me salve
E só sei o que choro.
E o que sorrio.
E o que amo.
E o tempo que aqui tenho.
Pinto o que posso
Com o que me escrevem
Por dentro.
O resto é tempo.
Convenço-me.

VAz Dias

#palavradejorge

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