quinta-feira, 31 de março de 2016

Queriam sonhos alheios

Fecham-se os olhos
À noite.
Não a deixando
Entrar de pecado
Pela vista a dentro.
Está o corpo sempre
Convocado
Para os olhares
Do ardor que sobreviveu
Ao dia.
Quem sou eu?
Que sonho tenho
Se o dia é meu?
A noite dormente
Adormece para levantar
O dia.
Sonho inconsequente
De noutro sonho
Em que me perdia.
Que outro sonho
Me queria...


VAz Dias

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Nasce a convicção

Silenciosamente as conversas
de canto de ouvido
se manifestavam no olhar
do outro.
A expressão comprometida
e o segredo envolto.
O olhar que vem da razão
em catalizador
de pulsação.
A dor e a calma
da execução que precede
a premonição.
Cala-se a voz do erro
nas gritam os sentidos
partidos antes
que se rebente um coração.
Não se enganaram
os fieis... (de todo!)
Morreram os fieis.
Esses que tanto
acreditaram antes da razão.
Morre sempre um pouco
do inocente
quando de si
nasce o oposto.
Nasce a convicção.

VAz Dias

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quarta-feira, 30 de março de 2016

Num ápice... num ápice!

Mudo a página
porque aqui me pareces
diferente.
Escrevo diferente
de cérebro meio dormente
e os sentidos em alvoroço.
Mudei
e mudo
a contento
e a descontento.
Algum descontentamento
que se faz aparecer pelo
tempo
e o tempo a que longe de ti
me prendo.
Não me entendo
nesse firmamento
de saturação ao envolvimento.
(Como posso?)
Provenho da perda
e tu à frente
o desafio.
Tu oh vida de sorriso fácil
e de lânguido traço
que me abocanhas
o pescoço e o meu lado devasso.
Fazes frio na barriga
e calor na ponta.
Nas pontas.
Estou de pontas
e tu que te aprontas
a me despir
em camadas de tempo
e de vergonha.
Sem vergonha és tu,
que sorris para mim
sua fácil!
E eu duro, não posso!
Porque fácil seria eu
aí no teu regaço
e a te engolir o tempo
e a perder-me.
A contento
e a tempo antes do
descontentamento.
Num ápice...
num ápice!

Morrer de Amores

De que vale morrer
de amores
se um dia vais morrer na mesma?
Ama e mata os dias
de incompreensão.
Ama e compreende
que outros não.
E no final...
(no final morres!)
Para quê tanta exaltação!?

VAz Dias

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quarta-feira, 23 de março de 2016

Viva é a Voz. Cante-se!

À parte as vozes se levantam.
Cantam de pulmão.
Explosão de emoções
que acolhe com perdão
o que de suicídio se ataca.
Atacou-se a inocência.
A criança e o velho.
A mulher e o credo.
Canta-se por perdão
dos nossos políticos.
Pelo defeito ocidental
e a generalização.
Porque quando canta
um destes lados
soa a outro doutros.
Na canção e no sorriso
somos a mesma terra.
A mesma humanidade.
A mesma religião.
Cantam-se as vozes diferentes
sem pena da diferença
e sem condescendência.
Cante-se com voz na razão!
Cante-se se outros se calam!


VAz Dias

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Amar o Calor

Voltas e revoltas
entre as carícias do prazer
e as revoluções do ser.
Ser dela. Ser dele.
Serem-se.
Lutarem e pacificarem.
Afagar o suspiro
e o grito.
Correr e desmaiar
o fogo que queima
e acender a fogueira
que aquece a alma.
Assim vai a guerra
deles e delas
e de quem não manda.
Apenas se entrega,
deliberadamente a alguém
como uma causa.

Que vive e morre por amor
e paz.
(pausa)
Que morrerá um dia
por dar vida
e nunca por acreditar
numa que retira vidas.
(pausa)
Fazer amor
na guerra de um leito
ardente
e nunca do leito
que jaz sangue.

Ao coração que novo
sangra de repente...
inocente.
E ao velho que já viu
guerra por demais.
Amar tão somente o calor
e nunca a dor!
Amar a vida.
Amar em vida.
Amar para além da morte!



VAz Dias

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segunda-feira, 21 de março de 2016

Crimes em nome da palavra

























Aterrado me encontro

cada vez que vou de encontro

às palavras.

Aberrado me desencontro

dos donos e eloquentes da palavra.

Escrevo como cleptómano

que rouba patologicamente

as ideias e as venda

para apenas se sentirem,

sem graciosidade ou jeito,

apenas como o que tenta

fugir duma prisão

e o que lá se prende no peito.

Sou criminoso

por me fazer passar por poeta,

mas por este pecado

que Deus me perdoe

e os outros

(Os Verdadeiros)

me permitam o mesmo crime

e mais vezes o acometa.

Sou um fingidor de poeta.

Sou poeta do que na alma

não finge

e a palavra despoleta,

sou outro tipo de poeta.


VAz Dias

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domingo, 20 de março de 2016

Em terra de oitentas

Em terra de oitentas
definha e alvitra-se
a possibilidade.
E lá ao lado
reside a coerência
e a monotonia da segurança,
é verdade!
(vista do seu lado, claro!).
Mas é o próprio exagerado
que as inventa.
As teorias e as experiências.
É louco e sensato
ao mesmo tempo.
Oito é de louco
e oitenta desse sensato
que inventa.
Em terra de oitentas vive um oito,
afoito de exageros,
de aventuras
e de mais que tente.
Mas resguardado do que lhe tente.
Tem bem presente
que do demais
vem sempre muito mais
do que lhe é inconveniente.


VAz Dias


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Do meu postigo

Nos olhos grandes,
a enormidade dos gestos e das esperanças,
convivem em jardins e vielas
a céu aberto.
Porque a grandeza se confunde
com a infinidade. Não haver fim
dá largas às ruas que se encaminham
por meio desses jardins.
Quintais da intimidade
que fazem de nós cidades
e os outros a ponte para
intermináveis abrigos.
Privados são os que olham com fim.
Privados são os que não olham.
Nem por olhos grandes
mesmo que semi-cerrados
se fecham em casa.
O refúgio
tornar-se-ia prisão
e a intemporalidade
castigo.
Olhos grandes libertam a castidade.
Olham e desenham
novos quintais na nossa intimidade.
Olhos grandes abrem o postigo
para os nossos céus,
do céu aberto que somos
nós como cidade
e céu aberto à felicidade.


VAz Dias

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quinta-feira, 17 de março de 2016

Amor de Irritação

Se a irritação é um bem
dos que pensam,
dos que se apaixonam,
dos que amavelmente
se pronunciam na verdade
dos gestos
e argúcia da palavra,
então inscrevo-me
irritadamente e de bom grado no lote.
Assim sou mais forte
ainda que me faça mais fraco
aos olhos de outros.
Não sou tolo
mas também longe de monstro.
Demonstro o que sou e o que penso.
Lamento tamanha chatice
a quem me apresento
se o que levo na alma
é inquietude
e profundo respeito
pelo que amo.
Sou irritante suponho.
Mas amo!


VAz Dias


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quarta-feira, 16 de março de 2016

Suave conversas comigo

A suavidade das conversas com
Que nos tratávamos.
A leveza com o discurso
No discurso do outro dançava.
Faz-me mais falta
Do que o beijo
Que tudo fala
E nada deixa por dizer.
Preciso de mais ideias
Descrever.
As tuas.
As minhas.
Os silêncios.
E os olhares
De me querer.
Das minhas ideias reter.
Temos de novo ir dançar.


VAz Dias

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Hábil descanso

Fecho uma pálpebra após outra. Abre-se a outra por força de hábito de tudo pensar. Sempre antecipar. Ando nervoso. Desgostoso de alguma ignorância e letargia de mim se ter ao longo dos anos apoderado. Ou eu que delas me fiz confortado. É pena e pecado. Lamento e cuspo para o lado. Ainda me falta um pouco de tudo. Contudo reveso-me na felicidade como móbil desse desapego à faculdade de mais no cérebro ser atestado. Mas não durmo... viro-me para o outro lado. Encontro mais que pensar. Faltam-me horas de um dia alargado e o descanso do dever cumprido almofadado. Rezo as penas que junto do cérebro tenho encostado. É pena, é lamento e nervo em alerta. A hora aperta e eu não vejo a hora de desapertar o desabafo como método profiláctico para desaparecer do mundo por horas descansado. Canso com a letra desde há bocado. Boca rouca roda o palavreado. Bala acerta se tiver certa apontada para a morte do recato. Estou farto! Acordo mais logo. Mais hábil. Menos chato!

VAz Dias

Acalentada saudade

Longe ficava a saudade
se amar não nos conviesse.
E se a perfeição viesse
a tempo de a matar?
Ninguém deseja a distância
se ela não saúda o amor.
Perto ficas.
Acerca-te!
Avizinhas-te da minha saudade.
Entra em minha casa
onde o coração
é a fogueira onde juntos
nos entrelaçamos
e o fogo arde.
Arde-te?


VAz Dias

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Fato de um último suspiro

Treme o esboço
de um futuro retrato.
Visto o melhor fato
como se de um último
suspiro vestisse.
É o tempo que não mato
e que me atira para
o nervo de resiliência.
Estou farto!
De tanta luta e sacrifício
estou cansado.
Treme a mão menos
que o nervo.
Treme menos o braço
que me segura
naquele caixão.
Não treme sequer.
A vida já não treme
em mim.
Vou além da vida
escrever o fim.
Agora também não tremo.
Agora também não a temo.
Conheço-a
e o meu fim...


VAz Dias

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Frio na barriga e borboleta no âmago

Frio na barriga
e borboleta sem destino.
Assim me sinto
quando penso
que sou de novo pequenino.
Ou por agora pequeno.
É engano!
Esse frio e as borboletas
apenas desejam
que o teu caminho
seja a grandeza.
A beleza das demais
tristezas que deixaste
lá para trás.
Deixa o frio na barriga
gelar. Virá o calor
dos dias.
Deixa as borboletas
no teu âmago
violentamente
as asas bater.
É ar de um futuro
de brisas.
Da felicidade que buscas
e precisas.
Inspira-te!
Inspira o aroma quente
e o coração que
convidas!
Inspira-te!
Tens vidas!

VAz Dias

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Evaporada Beleza

O que é isso da evaporada beleza?
Da vaporosa natureza
Elevada ao grau de nada?
Tanto nos debatemos
Para a aceitação.
Arrebatar entretanto
De alguém um coração.
Em forma de linhas
Da moda.
Do que uns advogam
Como a voga.
Colamos esses traços
Numa rede
E espera-se a retoma.
Tem de ser bela.
Ou tem de ser boa.
A pessoa?
Na rede não conta.
Na realidade
Quem se engana?


VAz Dias

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sexta-feira, 11 de março de 2016

Velho Miúdo

Em mim vive aquele miúdo.
O que ainda acredita,
Mesmo que o velho que com ele se faz acompanhar, o tente esmorecer com a dura realidade.
Qual? Cada um traz para mim a verdade, o meio termo ou lá o que isso seja. Ou mesmo que eu seja de extremos. Ou mesmo que não vivamos juntos. Somos uma família disfuncional e que nos aturamos.
Sou um velho miúdo por vezes...


VAz Dias


Sempre que desviava o olhar

Cada vez que desistia
Ganhava-se na crença
De nela ficar.
Não era ela melhor
Nem a perfeição
De um sonho.
Ele era real
Imperfeitamente
Amante dela
E da impossibilidade
Dos mundos alheios.
Cada vez que olhava
Desviava o olhar.
Sorria mas desviava
O olhar.
Descobria que quando
O fazia
Encontrava lá nesse lugar
Um sonho.
Tão imperfeito
Quanto real.
De quantas vezes tinha sorrido
Para lá se realizar.
Voltava sempre ao ponto
De partida.
Ele era chegada
E ela aos mundos
Partida.
Ao seu mundo
Achada...
Como num sonho...
Amada.


VAz Dias

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quarta-feira, 9 de março de 2016

Sim. Faltas-me!

Sim. Faltas-me!
Nem quero te dizer
Para não te doer
Tanto.
Porque sei que pesa
Como deste lado.
Que custa
Como deste lado.
Que te falto
Como ainda mais
Me faltas.
Mas não quero te
Dizer,
Para o intento teu
Não esmorecer,
Para que seja eu
O teu rochedo
De te manter.
Quero que as saudades
Se matem.
Se suicidam
E em cinzas desvaneçam.
Sopremo-las
Como as juras de amor.
E que não voem
Com elas.
E que não vejas
Como me faltas.
E com amor
Mas combatas.
E todos meus desejos
Para junto de ti
Voem!
Ai como me faltas!
VAz Dias


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terça-feira, 8 de março de 2016

Peixe-Espada

Submerso
agito-me com membranas
de aço.
Sou peixe-espada
que rasgo e apareço
nas tuas águas.
Engulo-te esguio
porque o tempo
se escoa.
Respiro liquidamente
e peixe voa,
de maré boa
que molha
e dá à costa.
Ardi!
E tu ardil
para a fauna
que em mim transborda
fora!


VAz Dias


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Dias da Mulher

"Somos nós
Esta casta de
Gente abrutalhada,
De força desmedida,
De músculo trabalhado
E de sensibilidade perdida
Que a vós,
Senhora da beleza,
Da força da natureza
E interior,
Da doçura e da destreza
Com que sucumbe a dor
Para a vida dar à gente
E dar amor
nos dobramos.
Hoje é o dia de lhe
Comemorar
Dos dias todos
Em que a comemoramos
Nossas Senhoras.
Nossas vidas
E nosso amor!"

VAz Dias

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domingo, 6 de março de 2016

A terra das outras cores

Quando queres bem
e não ofereces
nas cores que o mundo
deseja,
solta um sorriso
e viaja.
Vai dar uma volta
a esse mundo
e num lampejo
agradece as outras cores
que de lá
se te oferece.
Em caixa de lápis de côr ou
em caixa de lápis de cera.
Repinta a perda
do momento
e do jeito.
Seja a cor errada
e a certa, pinta!
O mundo por vezes
já não espera.
Pinta
e o cinzento encerra!

VAz Dias

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Invisivelmente Rico

Para que direcção
Segue o homem
Que nada ostenta
Mas que é invisivelmente
Rico?
Se o futuro é
Dos que sabem ver
Esses são também
Os afortunados
Que com vista no coração
Vêem para dentro.
De si
E dos invisíveis.


VAz Dias

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sexta-feira, 4 de março de 2016

Tão só, amar!

“Só" é a virtude
porque os desacompanhados amam.
Amam quase a solidão
quanto o amor.
E quando amados
sofrem da solidão
que virão a reencontrar,
nas almas dos que os
admiram
(e por fim os deixam).
Convenceram-se os outros
que o amor à solidão
é maior do que o amor por si,
e essa é a maior solidão.
A que não amam,
mas a que os devotam
por erro.
Aprende-se também a amar
esse tão “só".
E erramos,
pelos amores
mas sobretudo pelo amor
tão só!

VAz Dias

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Morrer é ReNascer para o Amor

Hoje lembrei-me
De quando nasci.
Das vezes que triste
E dolorosamente morri.
Foram algumas.
As bastantes!
Morri de mim
Mas também de quem
Amava.
Renasci desses.
Uns que deixei de conhecer
O amor
E outros (com maior dor)
Que vieram comigo.
Foram esses que me ensinaram
Amor.
Foram esses que me viram
Nascer.
Foram esses que me ensinaram
A nascer.
Nasci de amor
Cada vez que morri.
Sobrevivi de amor
De quem melhor de mim
Passou
E de quem sobreviveu
Às minhas mortes.
Nasci de novo
Para não mais morrer.
Encontrei o amor.
O que às mortes todas
Sobrevoou
E a que agora pousou.
Sou vida e vós minhas vidas
Sois Amor!


VAz Dias

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quinta-feira, 3 de março de 2016

Sou rocha dura e agreste.

Sou rocha dura e agreste.
Se no alto do monte cipreste
me debato com a erosão
dos ventos,
das chuvas
e do sol ardente,
que me interessa
que não entendas?
És vento!
Segue, vai!
Agreste e duro me descontento.
Mas é o que tenho.
Não sou vento...
Vai!


VAz Dias

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Alice

O gesto é delicado.
O jeito convidado
A preceito para se
Sentar naquele parapeito.
Pousa.
Ousa ser de si
E canta ao sol.
De pulmão aberto
Reproduz o seu solo
Que se ouve
Pelo céu, a casa
E o solo.
Terra de fado
E de cantilena
No colo duma mãe
Que sorri em gesto
Carinhoso.
Foi lá que aprendi
A ouvir as aves
E a natureza.
Nela havia essa alteza
E pureza do canto
E o conforto
Como de um manto
Se tratasse.
Crescemos para lá
Do momento e...
Nos infantilizamos
Por outros momentos.
Basta a ave que canta
E o fado dos lamentos
Do tempo que se estende
E ela tão longe
Ter cantado.
Fica no canto da ave
E na saudade
O colo,
O fado
E ela
Que me falta.
Vai o tempo contando,
Cantando
O que me falta de verdade.
Faltas-me Alice!
Saudade...


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Pairo sob a saudade

Pairo sobre a luz
com que me iluminas.
Na retina
e no coração,
combinas amor
e bondade.
Todos somos dados
a essa vontade
de nos nossos
lhes ver de bem.
Tenho saudades
meu bem,
meu amor,
minha saudade!
Acendes-me de luz
altiva
aproximando-te
e em mim te ofereceres
cativa.
Alumio-te também.
Que transborde longe,
sempre e precisa,
nossa luz, nossa vida!
Saudade...


VAz Dias

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Oiço. E movo-me. Sigo de novo.

Encosto-me agora às palavras.
Vinha mudo
olhando o mundo
de ouvido atento
e tacto endurecido
no guiador que me leva
em frente e
a perder-me nas cores
e sons
que a natureza
nos ofertou. Oiço.
Como que induzido
pelas drogas da terra.
Quimicamente misturado
das simplicidades envolventes.
Tudo se potencia
aos meus sentidos naturalmente.
Envelheço contente.
Para-se o tempo
e envelhecer é ser de novo.
É ver tudo de novo.
É tocar e ser tocado
pelo que sempre houve.
Oiço o tempo parado
no riacho que segue
e no canto da ave.
Ao sabor do futuro provo
o que é tempo parado
que naturalmente
de tudo se move.
Oiço. E movo-me.
Sigo de novo.


VAz Dias

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Desvanece-se o sol

Desvanece-se o sol.
Esconde-se por detrás
Daquelas colinas altas
Lá do norte do meu choro.
Foi para lá todo
Um coro
De prantos e desencantos
Passados.
Pesados prantos
De esperanças e cuidados.
O norte é o sentimento de tudo.
Alvoroço do mesmo
De mim, concluo.
Ergue-se alto o monte,
O pranto e a tristeza
E tudo!
O sol escondeu-se para lá
Dessa nortada
E barreira nordestina.
Esfriou.
Apagou a luz.
A morte e o norte.
Assim se combina
O mote a que o calor
Se destina.
Esfriou.
Apagou a luz
Essa solarenga
Emoção minha.


VAz Dias

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Morrer e Viver de impossíveis

Sou o único
que acredita no impossível.
Principalmente porque
nunca o desfeitiei,
mas sei,
que as grandes conquistas
surgiram desses intrépidos
viajantes da partida
para a perdição.
Como eles
morri tantas vezes
como as vezes que engoli
o coração.
De soluço. De crença.
De incompreensão.
Venham mais mortes
do que impossíveis.
Porque cerro os dentes
e vou à luta
morrendo e renascendo.
Um dia depois das mortes
farei os impossíveis
acontecer.
Nem que seja o único.
Nem que seja depois de viver!


VAz Dias

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Sou o mar de um mundo Inteiro

Cai uma gota
Que pela face do mundo
Se escoou,
Do mar revolto adentro
Se adensou.
Sou o mar de um mundo
Inteiro por dentro
Da precipitação
Que o futuro secou.
Choro um mar inteiro
Na cavernosa descida
Ao meu mundo sem fundo.
Choro sem fundo
E de um futuro
Sem o teu mundo.
O nosso futuro chorou.


VAz Dias

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Até ao nosso Regresso

Inspiro toda a tua saudade para a cantar. 
Escondo a lágrima e solto um verso,
numa canção para além da falta
vem o regresso.
Canto para não chorar,
mesmo que cada lágrima
seja cada verso.
Choro cantando para te saudar.
Para o sorriso ao choro tomar lugar.
A esperança ser mar dessas lágrimas choradas a cantar.
Seja mar de retornar.
Sejas esse meu mar de tragar!


VAz Dias

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Desapegadamente Teu

Quero-te tanto agora.
De paixão.
De desespero.
Do exagero de cada hora!
De arrebate de quem se sente
em si
mas de fora.

Mas amo-te o futuro
ainda mais.
Quero-te tanto
quanto isso meu amor!
Correndo deliberadamente
o risco de não ser eu
lá contigo
nessa distância.

Mas o que agora te dou
tem de ser tão grandioso
e desapegado
quanto a vontade de te querer
só para mim.
Vai sempre se quiseres voltar.
Vai se não voltares.
Amei-te para sempre.
Sempre que voltasses
e se voltares.

Desapegadamente teu,

Teu Futuro!

Amar o Impossível!

Seja a grande aventura da vida
amar o impossível!
Seja a maior luta
a das batalhas perdidas
à partida!
Seja a morte engolida de vida
e vivida à frente!
Seja eu louco
e tu louca.
Porque lutamos contra
esses moínhos
e esses velhos roucos
de ver a desgraça
que sempre se repete
e se repetem.
Mas é o audaz que se
compromete com a derrota
e dela sair vitorioso.
Louco sensato voluntarioso.
Morre com um sorriso
e mais acompanhado
dos que a ele sobreviveram.
Serão eles a prestarem
homenagem
e mantendo o seu nome vivo
também nas suas passagens.


VAz Dias

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Covardia é terra que se engole

São abalos.
São desterrados
Sem chão esses
Que já não acreditam
Na impossibilidade.
A deles.
A dos de chão
Desterrados da emoção.
Sou louco
De acreditar.
Lúcido porque comprovo
A possibilidade
Após abalos
E antes de ficar sem chão.
Tentem voar
Com o pedaço de terra
Que têm na mão.
Percam o juízo
E deixem de fazer juízos
Aos que o contrário de vós
Pensam.
Atirem a areia
No vôo.
Para os meus olhos é que não.
Covardes são esses sem
Chão
Mas com pedaços de terra
Numa mão.
Não tenho disso.
Mas tenho de sobra convicção.
E ar.
Eu ainda respiro
Senhores da terra
Sem chão!
Sois meros abalos.
Calai-vos ou dessa
Terra engulam!


VAz Dias

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Olhos ardem

Olhos ardem.
Ácidos vertem
do sono do passado
mal dormido...
mal descansado.
São do passado vivido
aos olhos dos que morrem.
Eu também.
Mas morro descansado
agora vivendo.
Enquanto os
olhos ardem
e o passado
e o cansaço
à morte concorrem.


VAz Dias

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Penedo da Saudade.
Mais do que o vento que corta
É o vento que dele arde.

VAz Dias




Tenho fome de ti!

Cavernoso é o som
da profundidade da minha fome.
Engulo a saliva produzida
da vontade de ti.
Não estás!
Engulo em vão
enquanto os minutos se vão.
A fome é tanta de ti.
De nós.
Fome de ladrão.
De cão que ladra
com dor de barriga.
A fome que instiga
ao meu lado animal.
Sobrevivência e
Vontade
Fatal!
Alimento-me dos restos
das lembranças.
Do teu desejo.
Da nossa luxúria.
Da minha gula carnal!
Agora engulo
em seco.
Por não te ter aqui.
Por não te ter perto.
De estar molhado de ti
mas aqui a seco.
Prometo que me alimentarei
de sonhos
e que sobreviverei de tempo.
Mas tenho fome de ti
e de morder,
tragar
e engolir o tempo!


VAz Dias

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Dois cosmos em eterno regresso

Inspiro isto que
Se determinou ser ar.
É amor vos digo.
Toda a ansiedade
Do passado.
Toda a dor
Passada.
Todo o ar
Pesado.
Tudo se transformou
No amor preparado.
Nem eu sabia.
Sabia que tinha
Para o mundo inteiro.
Mas desconhecia
Que tinha para o universo
Inteiro de ti.
Que existias.
Que o mundo te tinha
Dado à existência
E à minha sorte.
Prémio da solidão de um
Universo.
Sorte de dois cosmos
Em eterno regresso.
Sorte e tanto apreço.
Respiro-te
Mesmo sem todo o ar
Que desiste
No eterno universo.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Leva-me! Afinal ainda vamos a tempo.

Temos apenas um minuto.
Esse tempo real
para nos encontrarmos.
Encontra-me em toda a vida
que te buscava.
Leva-me para toda a vida
que buscas.
Num minuto.
Não percas nem mais um segundo.
Leva-me e inventa-nos
tempo.
Contento-me.
Vi-te antes dos minutos.
Noutro tempo.
Leva-me!
Afinal ainda vamos a tempo.


VAz Dias


‪#‎palavradejorge‬

Custa

Custa.
O peito pesa
desta pedra talhada
e que o coração aperta.
Deixei-me levar. Sou mundo
que é rocha pesada e gravita dura
em redor de ti meu sol, tão distante que
tão quente, me alenta e contenta,
mas aí tão longe, tão só brilha,
prateada, perdurando em
minha saudade sua.
Ai saudade dura!
E dura tanto!
Custa.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Tesouro é o coração na boca da gente de bem

Como se cala o coração da boca?
Que palpita
e que o amor brota,
com tudo de bom
e irascível daí comporte?
É da casa decorada
de pechisbeque de classe,
que na sua porta
o bem por ali passe.
O coração de liga de cobre
ao olho transeunte
esse rico pobre,
que passe,
não se detenha,
porque o bem não precisa de brilhar
na vista,
mas na casa de outro
tesouro,
que à modéstia acompanhe.
Seja a casa modesta
e a riqueza a bondade.
O coração está na boca
da gente de bem.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

"Silencia-te se percebeste. Abeira-te. Não digas nada!"

Não sei fazer desta vida melhor.
Obrigo-me à solidão
e à sua companhia forçada.
Para que não custe.
Para que não custe nada.
São as minhas escolhas
e busca pesada
para os outros.
Para aos outros
também não custar nada.
Não se cobra,
não se pede em troca.
Espera-se merecer
de alma tocada.
Espelhada
duma outra alma trabalhada.
Lancemos mais palavras
e mais linhas versadas
para que pareça
que não custe.
Que não se note.
Apenas com um sorriso
fazê-la convidada.
A felicidade distraída.
A atenção apartada.
"Silencia-te se percebeste.
Abeira-te. Não digas nada!"


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Irritações

Irrito-me com a demasia
de mim em relação às coisas.
Com a intensidade
quase periódica
de dia de mês com que me afecto
ou me deixo afectar.
E se amo
vem quem melhor quero
para o lume queimar.
Não contenho nem a língua afiada
nem a doçura ao fel
adocicar.
Tentei.
Juro que tentei
mas o exagero faz parte de mim.
Transborda em bom
e arde e cicatriza assim.
Raios e que se partam
porque sou mesmo assim!
Exagerado de bem
e demasiado de pequenos
defeitos também.
Mesmo assim!


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

"St. Valentine"

Hoje é o dia,
como eu é a ventania
e o reboliço que se espalha
nas ruas.
Faço a minha dança nua
beijando o vento,
enviando-te
os beijos que nele dançam
e se revoltam de não chegar a tempo.
Mas sabes que o ar que te toca
é o meu,
O beijo é meu.
E os outros todos também.
É dia de "St. Valentine",
algo tão mundano,
tão de um só dia num ano,
que não representa
o que é um,
ou os outros
ou apenas o resto duma vida.
Sejamos.
Se o vento ou ar
ou nós que existamos.
Numa vida,
numa visita minha em sopro
àquela que tanto amo!


VAz Dias


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Infligidamente afiado

Preciso descansar.
Descansar das pessoas.
De mim com elas.
Da minha profundidade
em lâmina afiada.
Ardo de crer,
de querer sem querer.
Não descanso
por esse tanto querer.
Crer de ferida aberta
e olhos fechados.
Corto-me de novo
de olhos afiados.
Não descanso...
Mas não dispenso
a ferida aberta
como a verdade.
Venha de dor
ou seja prazer dado.
Corto?
Sou infligidamente
afiado!


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Temperamento de tempestade
Que amaina com vontade.
Que também amaina amiúde.
Aprendi o mais que pude,
Mas pode o sol brilhar
Se os ventos
Não cortam o céu cerrado
Ainda que haja
Tanta luz a ser irradiada?


VAz Dias

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Morreu a dor

Soluço.
Engulo como que a seco
a angústia húmida
de um choro
repetido...
de tantas vezes
chorado e gritado
dor de dentro.
Morreu a dor.
Deu-se lugar à neutralidade
de amanhã mais
haver o que sorrir.
A água que aos meus olhos adensa
é a tona do que
lá para o fundo do ser
se entristece.
Obedece à lei do optimismo
e maduro, sorrio,
olhando lá em frente,
por entre raios de sol,
a luz que sempre se encontra
do coração de quem se ama.
Sorrio
mesmo que lá dentro
por pouco
o ser se humedeça.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Nada de mais

Despedaças-me.
Desperto me largas
Para a madrugada.
Sonhando enquanto terramotos
Estremecem o estômago.
Enquanto sonho
De olhos abertos
Com o teu sono.
Olho em volta
Em escala de Richter
Tudo é zero
E aqui não estás.
Porque treme tudo
Por dentro
Nesta noite calada?
Como pode o teu sonho
Me querer tanto
E me provocar
Cataclismos nos alicerces
Abdominais?
Se me perguntares...
"não se passa nada".
Se insistires...
"Nada de mais".


VAz Dias

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Silêncio Ensurdecedor

Há um sentimento de impotência
Nos dias de descanso.
A calma da nossa casa
não cala o tormento
que por vezes
nos grita do interior.
Gritamos com palavras escritas. 
Com movimentos recostados
no interior de nós
onde as costas tendem a colar
ao peso do passado
e do presente
que nos tem passado.
Pesado sente-se o corpo
quase colado ao silêncio ensurdecedor.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Faz-me falta aquele teu silêncio

Faz-me falta aquele teu silêncio.
Quando te detinhas olhando-me.
Fitavas-me com olhos
gritantes,
num semblante de paixão
arrebatadora,
senhora da minha.
Não vejo a hora.
Não consigo estar sem ti,
sem a tua enorme vocação
para com o silêncio
me fazeres gritar
o coração.
Saudade é som
num segundo
e o resto
é ter-te minha
(sem te ter)
num infinito de espera
em recuperar a audição.
Quando voltares
escutarei de novo.
Quando falares
para mim será canção.
Os teus olhos gritam,
como grita o meu coração.
Fazes-me falta,
mesmo que silenciosamente
gritando.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Riso de vida!

É dia de deixar cair a máscara.
Abraçar o desconhecido
e fazer amor com o futuro.
Sorrir por razão nenhuma
e por todas
e mais alguma.
Antes da morte vem sempre o último
riso.
Seja o da vida!
Porque a morte a ela convida.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Relativamente Absoluto

Em toda a minha vida tive certezas.
O amor era absoluto.
-Como as certezas-.
E sempre me encontrei
absolutamente só
após a certeza.
Agora sei que te tenho por agora.
Que o sonho é o mesmo.
E basta-me.
Basta a parte de ti,
porque de mim sempre soube.
Só não eras tu.
E agora és!
E o amor parece-me diferente.
Relativamente
e tão absoluto assim mesmo!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Ponho um disco a tocar

Ponho um disco a tocar.
Saboreio a solidão
no meio das conversas alheias.
As vidas que se cruzam
em palavras
e fumo de cigarro.
Madeira escura
e luzes em surdina.
Amo as palavras,
as minhas
e as deles
(dos que falam em cruzado
e dos que na melodia
produzem harmonia).
Ouço.
Deixo-me ir até ao amor.
Encosto-me em ti
sem saberes.
Já dormes
e eu sonho.
No meio das luzes da madeira
escura
e o teu amor em surdina.
Ouço-te!
Ouço melhor agora.
Por agora.
Sonha
que breve te sonho
senhora minha!


VAz Dias

#palavradejorge

Finjamos calor no teu lugar

Falta um corpo.
No lugar do calor
Marca-se lá
A tua linha.
Dantes já não queria.
Sempre me custou
O lento hábito
A que outro corpo
Morasse no meu
Íntimo lugar.
Deste lugar.
Cedeste lugar.
E agora?
Perco hábito.
Habito fraco
Neste solitário quarto?
Volto-me
E aqueço o olhar.
Escrevo-te enquanto
Não estás olhar.
Finjamos que estás cá.
Finjamos calor
No teu lugar.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Louco pelo Futuro

Recuso-me a verter
Um pingo que seja
De futuro triste.
Sou o derrotado
Doutras partidas.
Aprendiz de passado.
Louco pelo futuro.
Com este mesmo coração.
Com esta desmesurada
Vontade de desaprender
A ser infeliz!
O tempo só é longo
Se quisermos a memória
Prender-nos de pouco
No que amanhã
E amanhãs têm
Para nós.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Tudo de ti em mim

Penso apenas numa despedida.
Mesmo essa fica guardada
nesses confins da memória.
Para afastar fins.
Para permanecer assim.
Cristalizar o amor
e viajar no agora.
Nem a morte pode ser fim,
se eu não sou nada
e o universo
também sou eu.
Amar-te é não ter fim.
É não ser nada
e contigo isso ser tudo.
Tudo para além.
Além de fim.
Tudo de ti 
em mim.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Premonição

Agitação.
Lençóis de calor
E turbilhão.
Falta o cigarro
Do sonho mal
Sonhado na minha mão.
Aflição do nada.
Do futuro próximo
E a vida parada.
Premonição.
Desafio o tempo
Com a aceitação.
Pacifico o tremor
Escrevendo,
Dando de mão
O que nas profundezas
De mim,
Acordou em tamanho
Turbilhão.
É dia e futuro.
Vou dar trabalho
À vida
E confortar o coração.


VAz Dias

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Há sempre luz que faz sombra de nós

Abro os olhos.
Enxergo apenas o que me
Toca na penumbra.
Resquício dos ontens
E que se espalharam
Pela intemporalidade.
Alcança a vista amiúde
Mais além.
Não por hoje.
Pelos dias que se esborrataram
De sombras.
E neles, os dias
E a penumbra espalhada,
Havia um elemento cúmplice...
Eu.
Há sempre luz
Que faz sombra
De nós.
Da penumbra que também
Somos nós.


A esperança é amanhã

Não há fim
Na esperança.
Não há fim
No sonho.
Só amor
De eternidades momentâneas.
De vidas cruzadas
E vidas multiplicadas.
De que valeria
O amor a sós
Se não tivéssemos
Juntos a sós?
Enquanto estivéssemos.
Enquanto o tempo
Fôssemos nós?
A esperança é amanhã
E hoje é uma eternidade inteira.
Deixemos para depois
O "após"!

VAz Dias

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Felizes vão os dias de inverno, de verão mascarado.

Suaves são as manhãs.
Sem prognóstico
De intempérie
Ou ventos fortes.
É o passado que lá
Para trás se perde
E a tarde
É o futuro que se pode,
Que se tem
E se sopra
De ameno calor
Em inverno delicado.
Foram os dias
E as tempestades
Que me trouxeram para
Este lado.
A dos iludidos
De verão em inverno
Mas nele apaixonados.
Mesmo que venha a chuva.
Ainda que se abatesse
Um tornado.
A erosão delineou
No que o coração
Se tinha tornado.
Quando frio, amado.
Quando de calor bafejado,
Também amado.
Felizes vão os dias
De inverno,
De verão mascarado.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Só não sei do futuro

Só não sei do futuro.
Só não sei
Como lá vamos durar.
Nunca durei
E tantas foram as vezes
Que realmente sonhei.
Realmente quero
Apenas amanhã acordar
A teu lado e sonhar contigo.
Só não sei depois.
Só não sei prometer mais
A dois.
Neste futuro quase impossível
Apenas sei sonhar a dois.
A realidade maior
Antes e depois, depois.
Vou sonhar sozinho
Porque ainda não sei
Fazê-lo a dois.
Só não sei...
Apenas não sei.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Não é o tempo em que não te terei,
nem a distância em que não te terei.
Não será o desejo que se esbaterá.
Não será a tua imagem
que ao meu esquecimento se acomodará.
Será, tu não me quereres.
Tu não me poderes ter.
Tu não me amares.
Nunca será nada disto,
porque és tu que me amas.
Mais do que tudo.
Muito mais do que futuro.
É lá que sempre te espero.
É lá que me acompanhas?

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Quero escrever
O que ainda não sei.
Quero saber
Se tenho algo para
Fazer.
Sei de onde vim.
Mas desconfio
Para onde vou.
Não sei onde irei.
Apenas sei
Que se fôr de coração
Passarei pelos lados
Até para lá da morte.
Se o castigo fôr eternidade
Ao menos que seja
Contigo.
Eternidade é longa.
Que seja passada contigo.
Que seja descansada contigo.
Que seja!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

quarta-feira, 2 de março de 2016

Corre o tempo.
Tudo se acelera.
Tudo descamba
Em futuro.
Imediatamente!
Com o passado
Presente
Conjuro
Para que estagne.
Ai que morro de futuro!
Ai que eu não me aguento,
Juro!
Congele-se o agora
De memórias calorosas.
De presentes.
De ti comigo.
Não me fujas
Tempo
Nem me a leves.
Sei que tens mais
Uns tempinhos.
É o certo. É o que me deves.
Não me a leves,
Rogo-te!
Peço-te!
Para-te!
É o que me deves!

VAz Dias

#‎palavradejorge‬
Há gritos em mim
Que estremecem
As paredes da alma.
Pedra sobre pedra,
Inconformado resisto.
Desacompanhado persisto.
Nas paredes duma alma
Apenas a resistência
É fronteira
E a casa...
Pois a casa é ave
Que desaparece
De estação em estação.
Ela estará onde o calor
A quiser.
E eu?
Pois eu só sei
Voar assim.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Façamos o agora acontecer.
Percamos tempo
Com o pouco que resta.
E o resto
deixemos
Que ele decida por nós.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
As lágrimas que vertes
Para o futuro
São as minhas de tantos
Passados.
De choros lavados
Da impossibildade de
Outros tantos futuros.
Secaram a terra em mim.
Mas caem em mim
Teus choros de céu assim.
Fazem o fruto
Que brota em terra
De fim.
Seja o futuro belo para ti.
Com a terra,
O céu
E futuro teus.
Os futuros teus.
Com ou sem mim.
O amor é uma eternidade
De dias
(uns atrás dos outros)
Para que possamos acreditar
Para além do fim.
Ame-se a terra que brota fruto.
Ame-se o céu
Que chora mares.
Ame-se o futuro como eternidades
Para nos lembrar
Que há mais vida
Para além de mim...

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Estou em queda livre,
E voar
É ser por ti
Viajado pela intemporalidade.
Paira-me antes
Da grande viagem.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

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Nunca posso sonhar
Com o amanhã.
Sempre que o fiz
O futuro mudava.
Talvez porque lá não
Estivesses,
No passado,
Bem entendido.
Talvez porque planos
Não sejam bem comigo.
Mas a aventura
Trouxe-me a ti de novo
Amor.
Mas sem planos,
Por favor.
(A mim, bem entendido).
Porque de ti veio já o futuro
Que tanto se atrasava.
O outro
(Outro futuro,
Bem entendido)
Não me diz nada.
É teu.
E nele também poderei
Estar.
Ou não.
O que interessa
É que és o meu futuro
Agora.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Intermitente.
Seguia seu passo.
Ora mais lento
Ora mais apressado.
Por vezes
Parado
Arrastava-se
Para um dia descobrir
Que ir
Teria sido
O passo mais acertado.
Agora avança.
Avanço.
Eu sou o amor.
Invento o futuro
E tu és vida.
És ar que faz
Respirar amor.
És o tempo
Que leva ao futuro.
És vida que de amor
Só assim subsiste.
O amor de vida
E a vida de amor.
Respiro-te!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Desisti de não amar.
Na verdade,
Foste tu que por ali
Entraste.
Como uma rajada
De luz.
Como tempestade
Em alto-mar
Reviraste a minha aparente
Calmaria.
Na verdade foste tu
Sem que nada o fizesse
Esperar.
Nem esperava
Nem andava por aí
A procurar.
Não havia nem razão
Nem coração
Para alguém.
E tu, na verdade
Chegaste
Para deixar
De deixar amar.
Deixei-me ir.
Deixei-me por ti levar.
Deixei-me de não amar
Para talvez
Deixar-te ir ou talvez
Nem nunca mais te
Encontrar...
Talvez.
Mas o que sei
-na verdade-
Nunca deixarei de te
Amar,
Mesmo que antes de ti
Deixara de o tentar.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Deixo para trás
Esse isolamento.
Esse entretanto
De tempo que os
Afortunados de coração
Desafortunados
Por vezes enfrentam.
Talvez a lá volte.
Talvez não.
Reconhecer o caminho adiante
E o destemor
Que o chão,
A terra crua
E o cheiro a enxofre
Que nos dias se
A mim apresentem.
Se fomos morte
Nos dias maus
Seremos vida
Nos demais.
Hajam caminhos
Esgravatados.
Hajam dias iluminados
Para nos outros
Serenar.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Dois são os tempos

Dois são os tempos.
Caminham paralelos
A velocidades diferentes.
Contudo não se separam
Mas igualmente
Se desconhecem.
Dois são os tempos
Que colidem
De tempos em
Tempos.
Cada um desaprende
Do que o outro
Ensinou.
Em rapidez
E lentidão diferentes.
Mas ali vão
Lado a lado
De tempos a tempos
Até de novo colidirem.
Nunca dois tempos
Serão o mesmo.
Sejam os diferentes tempos
Paralelos
-no mínimo-
E colidirem no máximo
As vezes que lado a lado
Puderem!
Que o desejo do tempo
Seja o desprezo da diferença.
Só até colidirem.
Se houver tempo...
Se houverem dois.
Mesmo que diferentes.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Rezo-te, Razão

Rezo-te, Razão.
Confesso-te os pecados.
Uma vez mais
Me deixei aos prazeres
Da emoção.
Uma vez mais peço
Perdão.
Fui soberbo achando
Que não te necessitava.
Que apenas me
Suportaria do coração.
Ensandeci.
Penitencio-me
E revelo-te a minha
Fidelidade.
Sou frieza de coração
E audácia de razão.
Não se soprem calores
Ao gelo intrépido.
Não se sorria
Ao arguto matemático.
Agora as contas
São redondas e lógicas.
Sou a realidade.
Fria e lúcida da Razão!

VAz Dias

A criação

A criação.
Força invisível do futuro.
Do que está para
Ser feito.
O que existe
Mas mesmo assim
Pede às vísceras,
À vontade
E ao que se leva no peito,
Para dar forma
Ao amanhã.
Pensei ontem.
Preparei ontem.
Fiz sempre.
E faço agora.
E sempre.
E está na hora de criar.
Vemo-nos no futuro
Que é já!
Está na hora de voltar
A dar.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Imortal

Há imortais
Nas nossas vidas.
Há desses heróis
Que desafiaram a morte
Vivendo vidas infinitas
Em cada obra.
Em cada reinvenção.
Há imortais
Para nos fazerem crer
Que se pode morrer
Sem medo.
Se criarmos.
Se formos profícuos.
Se formos ambundantes.
Há heróis
Que arrebataram a nossa coragem
E fizeram-nos viver
Para além da nossa própria
Existência.
Vivem assim para além
Da vida.
Quando morrermos
Desaparecemos
Mas também fomos heróis
Por neles nos termos
Revisto na imortalidade
Do nosso fim.

Descansa Em Paz David!

VAz Dias
Amo-te agreste de terra árida.
De gota que luta
Em deserto
Para estar contigo.
No gelo
Não se amarrar
Contigo.
Sou duro
Como a rocha
Que lentamente sofre
A erosão
Mas que se amacia
À tua passagem.
És-me água.
Derretes-me ao tempo.
Amo-te!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Esperando

Passamos parte das nossas vidas
Esperando.
Com a secreta esperança
Do perfeito.
E chega...
Para depois
Se ir definhando.
Não foi a esperança secreta.
Nem a perfeição.
Foi esperando.
Demasiado sem acção.
Foi esperando
Por essa inexistência.
A da perfeição.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
É com pouca vergonha
que digo que sou louco.
Alérgico a drogas mas louco.
Enlouqueci quando
larguei a bebida
e o cigarro.
Tenho mais aventura
e menos catarro.
É com muita vergonha
que digo que à loucura
cheguei tarde.
Mas às boas horas.
Em boa hora.
É como lucidamente
me encontro agora.
É com pouca vergonha
que me entrego
e me reafirmo à loucura.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

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Perde-te comigo!

Encontra-te em mim.
E caso te percas
Corremos juntos
Até nos perdermos algures.
Encontra-te ou perde-te.
Em mim e algures.
Comigo e para sempre!

VAz Dias

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Só não volta quem nunca partiu

Se ainda não te disse,
Quero-te!
Quero que fiques tanto
Antes que partas.
Quero que não vás
Para não voltares.
Só não volta
Quem nunca partiu
Ainda que tenhas ido.
Que vás.
Depois de teres
O teu futuro
A mim trazido.
Aquele que sonhei
E sonho
De ficares comigo.
Se fores
Leva-me contigo.
Ainda que nunca tenha ido.
Ainda que nunca te tenha
Conhecido.
Ainda que só há pouco
A ti me tenha rendido.
Quero-te!
Caso ainda não te
Tenha dito!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

A ver!

Eles balançavam-se
de contentamento
e por acordes de
Buena Vista.
Notara-lhes o sotaque
castelhano.
Precipitei-me em lhes
adocicar (ainda mais)
as bocas com um dos ábuns que ali tinha.
Teriam sido os primeiros a chegar
e os primeiros a partir.
Mas na boca um sorriso
(doce)
e uma vontade de saírem dali
e se encontrararem
nos sabores um do outro.
Levavam mais alguns
para a viagem
e as viagens.
Os momentos curtos
podem ser os mais saborosos.
A ver!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Beijo-te vida
Enquanto me sopras
Amor.
O ar que agora nos
Sustenta
É o futuro.
O além.
É vida carregada
De vida e para além.
És vida!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Chilreio de Verão

Quando se despregavam
Da copa das árvores
As folhas no outono
Pousavas tu
em meu quintal.
Uma ave de chilreio
Fácil.
De cores de verão
Acordaste a fauna
em mim.
A fauna em meu redor.
Cantaste-me amor
Como quem respira
A cor. A oferece
E desaparece
E volta
Para novas canções
Compôr.
Descompuseste-me do ameno
Verão
E pintaste-me canções.
Oh avezinha de chilreio fácil
Que tocas melodias
No coração.
Agora voa e traz-me
A cor,
A melodia
E o verão.
Canta-me isso tudo
Em mais uma nova
Canção.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Amanhã sopra-me nova vida

E se nos apaixonarmos
Todos os dias?
E se só tivermos
Um coração
Para tantos destinos?
Viajo em ti universo.
Morro antes de amar
E nasço para colher
Esses sorrisos.
Toca-me!
Traz-me de volta
E beijemos sorrisos.
Sopra-me vida
Antes de morrer.
Amanhã sopra-me vida.
Sejamos o início
E tu o universo.
E eu a morte.
Amanhã sopra-me
Nova vida.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Borboletas Tuas

A intempérie é a lavagem
Da alma. Chuva afiada
Que rasga
E devolve a memória
Passada.
Fica clara.
Mas treme-se.
O frio vem do estômago.
O que eram borboletas
As estações,
As pessoas...
Eu,
Gelámo-nos por dentro
Despedindo-as para
Outras paragens.
Agora tremo.
Não de temor
Mas de não saber acalentar
Mais os dias.
Abro os braços à chuva,
Abraço-te
E vou em busca
De borboletas.
Não para mim
Mas para que te
Convertas no calor
Que me tem fugido
E que me aqueças
Como o sol
Dos dias em que
Me encontrava perdido.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Voos de Papel

Viver palavras que atiramos
como se fossem aviões
de papel
é vê-las desaparecer nas linhas
que neles voaram.
Mas voaram.
E o que eu mais quis
veio do teu silêncio.
Talvez também gostasses
de aviões.
Do papel que embrulha
palavras,
como no teu silêncio
tão pronunciado,
(talvez me tivesses
sobrevoado tantas vezes
com sopros
-eu não vi-
e apenas sorri).
Silencio-me agora
com um sorriso
e tantos vôos
para apanhar.


VAz Dias

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E a nossa história.

Morno vem o inverno
De temperado dia
Após dia
Do último ano.
Não foram as lágrimas
Que os esfriaram.
Não foi a solidão
Que me resguardou.
Foi a esperança
Que depois dos dias
Frios
Sempre viriam
Os calores.
Vieram mornos por um
Ano inteiro.
Não morri de amores.
Vivi de calores.
Do afago do morno
Quando o frio
Se precipitava na minha
Memória.
O calor esteve sempre
Em mim
Quando na esperança
Vinhas tu.
E vieste.
E o calor.
E a nossa história.


VAz Dias
Serenou a rajada.
Baixei a guarda.
O vento passou
E deixou tudo
No seu devido lugar.
Diferente dantes
Mas a felicidade salvaguardada.
Sou vento soprado
Em rajada
E a paz na terra desejada.
Este é o tempo.
Este é o lugar.

VAz Dias

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Risco Fora

Risco fora
As palavras que me rasgam.
São lixa e lima
Que engulo amargamente
Enquanto me sangram
O papel.
Não há linha
Nem limite para a esgrima
De argumentos
Que fazem os meus olhos
Arder.
Quantos livros de palavras
Amarguradas
Tenho de queimar
Para que deixem de arder?
Queima-me até mais
Nada haja para dizer!

VAz Dias
Toda a gente sabe amar
Menos eu.
Todos acertam melhor
Do que eu.
Todos são tão mais felizes
Do que eu.
E no entanto nenhum
Sabe estar só.
Nenhum admira a sua
Própria companhia.
Eu não sei nada de amor.
Só sei estar a sós
Com o desdobrar dos dias.
Alguém que me dê amor
Para a troca com solidão.
E se não,
Fiquem com o vosso amor
Que eu cá me aguento
No meu canto
A perder de vista os dias.


VAz Dias

Carta Aberta ao DesAmor

Amar a tua partida
É como sempre ter-te amado.
Porque nem como a ferida
Em pele se ter cravado,
Um dia a pele aos dias
Às feridas futuras
Já terá sarado.
Já na alma a dor
Se prepara com as
Feridas do passado,
E amar é sempre
uma partida
Ainda antes de ter entrado.

VAz Dias

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Um dia nasceu um menino

Um dia nasceu um menino.
Na marca da terra
A estrela mais brilhante
Fez-nos ricos e reais
De reis
A buscá-lo no seu destino.
Descobri-lo é a riqueza.
Não vê-lo é destino na mesma.
Por um menino
Se fizermos o caminho
Essa será já a grandeza.
É em cada dia.
Nos dias em que
nos despojamos.
Em que levamos aos inocentes
E por eles
A riqueza dos gestos
E a humildade da dádiva.
Todos os dias são dias
Para darmos de nós
Às gentes,
Aos nossos diferentes.
Lembremo-nos da criança
Que em todos nós
Nasceu
E que em todos os dias
Devemos para os outros
Ter presente
E que aquela criança nos devolveu.


VAz Dias

Uma morte de vidas tão gastas

A vida que ela
Transbordava,
À morte dele
Alguma vida reclamava.
Mas de pouca dura.
Era tanta a vida
Que emanava
Que pelo mundo espalhou
E a ele, o que restou,
Foi rastejar para a morte
Que de volta
O reclamou.
Era ali que pertencia.
Era ali que a esperava.
Quando a vida toda
Em todas as outras vidas
Gastara.

VAz Dias

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Palavras revoltadas atiradas ao vento

Cansado.
Desgastado.
Acabado.
Caminhar no erro humano
e mesmo assim
buscar um crítério
no comportamento.
Lamento.
Descontentamento.
Leve-me os males o vento.
Com as palavras.
Só até entretanto.
Até me penitenciar
e aceitar o erro.
O meu.
O seu.
Ao céu,
ao vento
e com intento.
Que se atire o justo
e injustificado lamento.
Com nervo.
Converso.
Conservo esse ensinamento
das palavras revoltadas
atiradas ao vento!

VAz Dias

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Fragilidade Segura

O batel
frágil segura-se
pela corda que se prende
à terra.
Mas ele sabia
que era de mar.
De ter de se desamarrar
e seguir o seu destino.
Era de mar.
Não de ficar em terra.
A corda como que
o sufocava.
Aquele era o local que
escolhera.
Como o mar beija a terra
também era do batel
querer se deixar ficar.
Corda aperta mais.
É doloroso demais.
Desamarre-se o que magoa!
Faça-se ao mar
o que em terra se perdoa.
A maré que o traga
quando o tempo,
o chão e o amor
menos doa...

VAz Dias

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Desisti de fazer o correcto.
Passei a viver e isso justifica os erros.
Mesmo tendo consciência.

VAz Dias


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O dia amanhece
para o que mais
possa acontecer.
Desconhece o que
da franja matinal
possa devolver.
É manhã do ontem
amanhã.
O que deste dia fazer?
O que sem ti fazer?
O que de mim fazer?

VAz Dias

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Horizonto-me no caminho.
Desenho a linha
a que me destino.
E por ali vou.
E por ali sigo.
Descobrindo.

VAz Dias

Sabor a ausência salgada

Salgou-se-me a língua
quando doçura
era tudo o que eu queria.
Morreram lágrimas
na praia
quando o barco
ao mar ainda se fazia.
Mas que corrente
me levou os sabores?
Que ventos nos
afastaram de amores?
Este é o mar
onde me inundo
de vagas.
Venham salgas
ou venham adocicadas...
ainda me banho
nas marés do amor
que me tragas.

VAz Dias

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Desapegada liberdade do outro

Somos mais de nós quando apenas contamos connosco. Quando nos libertam.
O maior acto de amor é fazermos o mesmo apenas esperando que os outros sejam mais felizes do que connosco.
A maior acto de covardia é deixarmos ir quem nos faria o mesmo.

VAz Dias

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Sou vento... mais do que ar!

Se o silêncio me tomasse as palavras,
desejaria ser vento.
Rajadas de ar
onde me pudesses tocar
e onde o sopro
seria o que de mim
escutasses.
Cansei de falar.
Cansei o organismo.
Cansei de te cansar
e descansar.
Fecha os olhos
e deixa te levar.
Sou vento.
Mais do que apenas
ar.


VAz Dias

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Reinvidica-te!

Reinicia sempre que puderes. Mesmo que te sintas acabado.
Reinicia.
Reinventa-te.
Reinvidica-te!


VAz Dias

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Liberdade é Amor

Não será libertar quem se ama para o seu caminho um dos maiores actos de amor?
Mesmo que acredites que aquele não seria o melhor para ele?
Mesmo que o queiras?
Mesmo que liberdade fosse já sua antes de o conheceres?
Livre é quem deixa de manter cativo quem ama.


VAz Dias

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Paz Natal!

A paz é uma busca. E porque é procurada mais vezes, mais vezes nos encontramos com ela.
Dói-me cada vez mais ver o sofrimento alheio e esse sofrimento cada vez menos me tira a paz quando direccionado por motivos epidérmicos como a inveja, o egoísmo ou a incompreensão.
Sei que é do sofrimento e falta de paz que cada um apresenta nestes "desencontros" que reside o cerne da questão.
Hoje foi um dia de paz apesar de muito sofrimento alheio. Doeu-me menos todo ele porque também soube perdoar. Começou tudo por me perdoar e aceitar.


VAz Dias

Bom Natal a todos, sem excepção!
O perdão é um acto de amor nunca menor que o próprio amor. Também se pode viver de perdão. Já só de amor...

VAz Dias

As solidões de amor-próprio

As pessoas deixaram de saber estar a sós. Conformaram-se com o medo.
Conformaram-se com as relações substitutas do medo de solidão.
Deixaram de amar o outro pelo outro, porque de si ocuparam o amor-próprio com medo de solidão.
Ninguém gosta de se sentir só. Mas quem está nas relações não está só? A falência das relações não tem nada a ver com solidão assistida?
Caminhar só sabendo fazer-se acompanhar de amor-próprio elimina a cobrança no outro preencher o vazio. Faz dele um companheiro. Duas solidões carregadas de amor-próprio para tentarem fazer um percurso. E o mais largo possível.


VAz Dias

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Acentuado arrefecimento quente

Nestes amores de ocasião
que povoam a terra,
que nos preenchem
as necessidades imediatas,
passamos a pessoas cordatas
com pouco sangue fervente.
Com a emoção quente
que arrefece
na primeira esquina
onde encontramos mais gente.
De repente,
tudo é fresco novamente.
Toda a paixão flui
para mais um amor.
Mais forte do que último
porque este é o último,
como o dos nossos velhos…
ou dos velhos dos nossos velhos.
A cada amor ficamos
mais velhos,
mas frescos com o amor ardente
que virá brevemente.
Acentuado arrefecimento quente.


VAz Dias

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Filho da rua, Órfão de amor.

Não sei amar como os outros.
Não sei porventura o que é o amor.
Outros terão uma resposta.
Eu pergunto.
Talvez perca uma vida a perguntar
a muitas pessoas.
Talvez na soma de uma vida
chegue a alguma conclusão.
Ou não!
Simplesmente acreditar
na pureza das gentes.
Nos instantes em que se sentem
bons, puros e virgens
de maldade adulta e temor.
Sou arquitecto e desenho
habitações.
Descritivo de amor.
Vejo outros a habitarem o amor.
Vejo-os também a desabitá-lo.
Sou desalojado.
Desemparedado.
Paredes confortam-nos
mas não nos libertam.
Não nos despertam.
Fecham-nos uns nos outros.
Mantêm-nos cativos.
Reféns comprometidos.
A cada parede erguida
desenho uma porta.
Desenho outra janela.
E se desenhar uma casa
rasgo o papel
das paredes em mim erguidas.
As relações assim são-me proibidas.
Lanço-me,
rasgando as linhas e projectos,
em abertas,
reais
e movimentadas avenidas.
Sou filho da rua.
Arquitecto de sonhos
e de casas implodidas.
Sou desamor de tantas vidas...


VAz Dias

Corrente do futuro

Sentiste aquela porta
que atrás se fechou?
Uma corrente de ar
por ali passou.
Veio do futuro
para te abraçar e passar.
E para o passado
se deslocar.
Fechou a porta que atrás ficou.
E tu.
E o futuro.
E o céu aberto
que é respirares esse futuro.
Feliz.
Lá atrás da corrente.
No futuro.

VAz Dias

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Pequeninos

É mau olhado
o que os pequenos
te lançam.
Um grande montão
de ar
cheio de nada
e com rancor mesquinho.
Do meu lado escrevinho.
Deixo para lá,
de lado,
o que menos acredito.
Mau olhado
deve ser de quem
menos bem vê,
porque deste lado,
o dia é novo,
e não há onde,
quando e porquê.
Há viver de tábua
rasurada e rasa,
para um dia novo
e melhor do que se
prevê.


VAz Dias

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