segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Flores de verão

Um beijo na linha
Que se estende
Da maçã do rosto
Ao fim do pescoço.
Do sorriso ao fundo
Da alma. É o teu
Sorriso que
Convoco e ao beijo que nele
Coloco.
-Pouco a pouco-
Como uma flor que se rega.
Se alimenta.
Se assenta em jardim
Das mais belas plantas.
É o sorriso que em mim
Implantas
E a vontade
De no teu jardim
Teus aromas cativar
E teu toque
-Suave de pétala-
No meu sorriso
Se pousar.
És flor de verão
E eu um caminhante
Que me delicio
Com natureza das coisas.
Com o que nasce da terra
E se sente no ar.
És uma flor de verão
-não há que duvidar-.

VAz Dias
Espero que nesse silêncio húmido muitos gritos de prazer se tivessem vindo em ti. Entretanto eu vou ofegando por contigo estar.

VAz Dias

Recebe-me!

Traço-te a linha de vaidade.
Que me faz deslizar de vontade.
Que sorrias enquanto se cria
uma certa humidade.
Uma sensualidade
que no esboço treme.
Que nos sentidos do pintor geme.
Recebe-me!

VAz Dias

A sorte dum morcego se alimentar de luz

Clarão de luz
rasgando a noite.
Passos harmoniosos
fazendo da dança
algo ao comum mortal
tangível.
A sorte dum morcego
se alimentar de luz.
De eternidade em
eternidade.
Dançaram-me os olhos
de novo.
Asas nós pés! Incrível!

VAz Dias

Contínuo sumiço

Volto atrás. 
Por momentos sou capaz
de recordar aquele silêncio.
O que já deixei para trás.
Na tristeza do sopro do vento.
Sou feliz como a canção,
com o acre de lá atrás. Foi.
Mas somou-me às perdas.
Sou mais.
E com estas
religiosas conversas
da carne e do suspiro.
Viro-me para ti.
Beijo na nuca e sigo
suspirando por aqui.
Sopro-te a têmpora.
Vou sumindo.
Em ti...
contigo...
contínuo sumiço.
VAz Dias
A pureza alva com defeito. Perfeito!
De alva se revestia
a bela senhoria
escondendo o defeito
pela qual me fraquejara.
Ela era muito mais clara
do que isso.
O defeito brilhava
por debaixo da clara
manta.
Era pela cor que eu a queria,
o defeito que escondia.
Era ainda mais colorido
do que ao mundo
mostrava de branco.

VAz Dias

Desintegrado passado

Quero o tempo à velocidade de o poder fazer voltar atrás.
Eu sei que lá estarás.
Eu diferente tu igual.
E de novo lentamente.
À velocidade do certo.
Desintegrei-me.
Não há passado…

VAz Dias

Para onde fores eu vou

Leva-me.
Para onde fores eu vou.
Até para a perdição.
Voltamos sempre
juntos ou não.
Já lá estive e adorei.
A viagem de regresso
é penosa,
(mas então?)
Não é tão mais excitante
encontrarmo-nos perdidos
do que nunca
nos termos encontrado sequer.
Leva-me!
Ou vem então.

VAz Dias

Em mar aberto

Sou livre.
Em mar aberto
me livro das amarras
e me faço à linha
tangente entre
o medo e o desconhecido.
Na verdade volto
decidido a essa passagem
de novo.
Não foram os medos
ultrapassados
mas sim aceitar o desconhecido.
Não foi a tangência
é a viagem.
Vou livre até voar.
Mais desconhecidos encontrar.

VAz Dias

Sou futuro

Sou e serei sempre
o futuro.
Nunca este mas aquele.
Não vivo de saudosismo
(chamem-lhe defeito)
Mas de pretérito perfeito
para mim não conjugo.
Não consigo.
Sou futuro
porque a cada hora mudo.
Envelheço,
maturo.
Trago a juventude de amanhã
porque renovação não é passado.
É aprender a nascer de novo.
Aceitar ser o desconhecido
para que o passado
dos que com calma vão
seja um futuro tranquilo.
Sou a poeira que um dia serei
por isso agora vivo
o que ainda não passei.

VAz Dias

Vou inventar-te um poema

Vou inventar-te um poema.
Que seja de letra pequena.
De pequeno momento.
Mas de encontro.
Profundo.
O jeito como te demonstro interesse.
Aquecimento.
Estes últimos, largos!
Como alargo o beijo e me introduzo em ti.
É apenas um poema.
Fazer amor assim.
Ou sexo.
Sem que tudo tenha um fim.
Só inícios,
com indícios que queiras calores de mim.
Foi um poema de palavra pequena,
mas que te escrevi assim.

VAz Dias

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Tudo mudou minha desamada...

Tudo mudou.
Aprendi que rótulas
no chão eram a fiel
demonstração de fé.
O pedido humilde
de graças.
Tudo mudou
e a fé deu lugar a cair.
A levantar e também desistir.
Sim porque um homem
também aprende a desistir
e a seguir outros caminhos.
Tudo mudou.
O amor de joelhos
não é humildade. É humilhação.
É nunca ter sido
mas ter também sido
o alto dum crente.
Morreu um coração.
Renasceu diferente.
Cair e levantar são exercícios
atléticos.
Manifestações estéticas
dos amores dos nossos tempos.
Tudo mudou.
E o amor e a fé
são distracções da fraqueza humana.
Crescem da sua impossibilidade
de se acompanharem
do nada.
Da solidão convidada.
De crer em si e em si
como pessoa amada.
Tudo mudou
ou talvez nada.
Seria porventura sempre assim,
uma natureza já de si
para este trajecto encaminhada.
Tudo mudou
minha desamada...


VAz Dias

Arte é a minha fé

E arte? Que transforma os locais familiares em sonhos. Que transforma dores em andorinhas que voam. Que faz dos homens imortais para além da carne morta. Que fazem as suas diversas manifestações deus se não se conhecia fé.
Arte é a minha fé.

VAz Dias
Há momentos em que a ignorância que deixei crescer se faz pesada. Por outro lado, em certos momentos senti-me abençoado, mesmo não sabendo que era ignorância. Agora sei.

VAz Dias

Em casa grande me compartimentava

Em casa grande ecoava
Mais ruidosamente o silêncio.
Compartimentei-me.
Gritei.
A companhia não amedrontava.
O silêncio não amedrontava.
Contava ao escuro
O tempo.
Ele não o via
E eu tão pouco.
Fazíamos companhia
Uns e a outros.
Estávamos mais juntos
Eu, a escuridão e o silêncio.
Sem o tempo.
Esse sim
O maior receio
Em casas amplas.
Compartimentei-me
Até fazer desaparecer
Essas imensas paredes brancas.

VAz Dias
Não é pelo tonto se mentir mil vezes até se tornar o que ele deseja ser verdade que o princípio deixa de ser mentira. E ele tonto!

VAz Dias

O amor é de quem acredita em voar

Por mais que se dilua
o amor não é nosso.
Ele voa para quem
quer ter asas.
Eu não tenho asas.
Quando tentei planar, caí.
Diluo a perda caminhando.
Desejo-te vôos suaves
em finais de tarde.
Segue a luz laranja
na franja dos dias.
Leva o tempo.
E dilui o passado.
Lá está o amor. O teu.
Que sorrias.
Com as asas que me pedias.
Eram já tuas,
quando desceste na curva
que descrevias.
O amor é de quem acredita
em voar.

VAz Dias

Origamis

Origamis de montra
-a preta e branca-.
Que desenham o traço escarpado
de terra húmida
em espelhado céu cinzento
de densidade tamanha.
Pintam a côr
que nós daltónicos
acreditamos existir.
Pintamos com os olhos
uma montra de origamis.
Desvendámos e desdobrámos
essa figura estranha
à terra cinzenta,
preta e branca.

VAz Dias

Em passo de caracol

Languidamente desço ao fundo de ti.
Em passo de caracol.
Lento.
Lânguido.
Sem tempo.

VAz Dias
O louco e a sua tentativa de caber em padrões.
Esses loucos que criaram prisões nas mentes e corações de tanta querida gente.
De repente ele fez frente.
Riu-se. Vergou a regra qual indigente.
O louco era ele por se rir, por não saber se definir. E os outros, os legisladores, definidores do correcto e do conveniente.
Mandou todos à merda e lá se manteve rindo e balbuciando como um diabrete passagens do livro de leis de tão boa gente.
Sabia tais passagens de cor. Como cantilena que se detesta e que dança à volta na cabeça dos saudáveis.
A inteligência canta. O rancor dança. E o louco, esse desvairado, sabe-as de cor. Rindo alucinado. Um padrão.


VAz Dias

Mente quem mais sente

Eu sou os contrários e o excedente.
Revela-me o que ainda não sei
do futuro que ainda não saiba
no presente.
Traz-me sapiência que ainda
não tenha como urgente
e um coração,
um coração diferente.
Que pulse
e responda à morte
e ao amor
como toda a gente.
Mente quem mais sente.
Convenientemente.


VAz Dias

Cafeína nervosa

Preciso escrever
do nervo do café.
Dos nervos dos quilos.
Das toneladas de pensamentos.
"Chato duma merda!"
Que da atenção espera.
Produto actual
da rede social.
Escrevinho em tecla.
Faço a mescla
da caneta em papel
À letra de pixel.
Romântico bacoco
com pozinhos de pós-moderno
da escrita encetada.
Quero gritar.
Mais nada!
Venham os gostos
da minha oferta desmedida.
Sou a letra bela
da bela prostituída.
Vinde que a oração
está possuída!
Mais nada amigo!
Mais nada amiga!


VAz Dias
Em cada piscar de olhos, tuas pálpebras as minhas asas de vôo ao alto da tua profundidade.
Planei por lá e não mais quis fechar os meus olhos.

VAz Dias

Colorido cinzento

Não há arte
onde tu não te manifestas.
Não há um cinzento conveniente.
Um preto garrido.
Apenas as cores esbatidas
da tua passagem.
Quero-te aguaceiros em dia
quente.
A exponenciação das cores
através do teu colorido cinzento.

VAz Dias

Para além do ar

Excedes-me as medidas.
Alargas-me as capacidades.
Emoções sem carne nem toque.
Mas profundos e além tempo.
Além contentamento.
Além de mim.
Ter-te além de mim.
Querer-te assim.
Ganhas-me por não me teres.
Até desapareceres. E voltares.
Eu voltar.
Eu desaparecer além de mim
para me transformar em algo maior
para te encontrar.
Dou-te ar.
E tu? Tiras-me o ar.
Não respiro.
Sou cosmos.
Vivo e sem ar.
Para além de mim.
Para além do ar.


VAz Dias
Não te resisto.
Mais do que isto
só com o imprevisto
de aqui te pintares.
De à minha loucura resgatares.
Vem que eu resisto,
só até chegares.


VAz Dias

Os olhos tristes

Há choro na rua.
Revoltam-se os olhos tristes.
Já não se coíbem
de ficar fechados no escuro.
Na luz do dia vê-se o pranto.
É meu, tamanho espanto
dos que como eu choram.
Mas na luz do dia
para que os felizes os olhem.
Por muito que chorem,
quem os acode?
Quem segura a intempérie
que daqueles corações
explode?

VAz Dias

Gozo e viagem

A tua cara de prazer
na inocência
do que de menos decente
se deseje
é a excitação dos que o amor
repelem.
Repetem no desejo
expressões que elas
no amor deram.
E depois foram.
E depois vieram as outras.
As novas.
As que a excitação provocam
sem de conta se darem
Do quanto com desejo
as memórias de amor
se apaguem.
Tu és tão ingenuamente
essa viagem.
Do passado do amor
à expressão do sexo animal
e selvagem.
Só podes ser o amor
antes da tua própria viagem.
Mas insinua-te
para o gozo e orgasmo
de quem ao amor
ficou à margem.

VAz Dias

Lábios de chuva

Os lábios são os caminhantes
De sussuro na cascata
que é teu pescoço.
Lentamente descaio
em alvoroço.
Sinto-me húmido
de teu tão fértil símbolo
de frescura.
Molho-me.
Banho-me.
Enquanto lábio a lábio
te desaperto a infinita
nascente.
Nascemos de prazer.
Transformamo-nos em água.
Voltando em chuva
para alimentar
a queda que temos
para esse pescoço
de meus lábios beber.

VAz Dias
Existes-me do outro lado
do espelho.
Reflexo e meio de me encontrar
em ti.
Toco-te e não me sentes.
Toco-te e não estás presente.
Mas tão perto.
Tão distantemente cerca.
Reflete-me.
Vem da luz negra.
Vem daí!
Desligo as luzes
e és minha,
mas do outro lado
do que o meu olhar
alcança.
Reflexo-luz minha.

VAz Dias


Os sonhos são belos.
Quase ingenuamente reais. Mas sabes que mais? Ser ingénuo é o ser belo por ainda sonhar.

VAz Dias

Beleza Interior

Séria. Beleza inexpugnável.
Face de escultura persa.
Pouco sizo
e pouca conversa.
Invento-lhe cor
no interior.
Talvez a meu contento.
Talvez a seu favor.
Talvez a mim me faça o favor
de com um sorriso velado me conceder
esse louvor.
Beleza interior.

VAz Dias

Ar Livre

Sou o excesso
para quem não saiu
da terra.
Sou ar para quem não respirou.
Respirai e invadi novas terras.
Busquem a audácia e também assim
serem felizes.
Vou inspirar o ar livre!


VAz Dias

Para lá do que se vê

Como o ar também podemos ser
rajada e brisa que em cada um passa.
O sol nosso comparsa enquanto existimos
na inexistência dos incrédulos.
Acredito que respiras de mim mais do que se vê
e eu da linha do firmamento
para lá do que se crê.
Sejas o ar de quem respiras e eu o fogo que se vê. 
Sopra-me um universo. 
Não peço. Nem meço. 
Porque também é mais palavra do que se lê.

VAz Dias

Jovem Fruto

Se o tempo
acentua a linha
e envelhece a pele,
veste galante quem o aceite
enquanto estique, suave,
a pele,
e quem melhor lhe sorri.
Despes bem os anos
com a leveza de quem traga a vida
como um fruto.
O sorriso é disso testemunho.
Agradece o tempo
quem melhor cuida
de si.
Um luxo!


VAz Dias

Acordei num sonho de ti

Deitei-me nos teus olhos. Puxei as pálpebras como lençóis
e deixei-me sonhar por ti. Adormeci por anos,
tantos que morri,
de saudades,
e dos teus sonhos que perdi.
Acordei dentro dum sonho de ti.
Acordei dentro dum sonho assim.

VAz Dias

Escadinha azul

Como em conto de criança
A escada azul se ergue
À imaginação do infante.
Que se espante e brinque
Salte e pinte
E o tempo por si espere.


VAz Dias

Flor felina

Ela era felina.
Em suave, flor.
Descompunha-me os sentidos.
Era aguaceiro em ardor,
ardia e oferecia-me
um novo sabor.
Chocolate menta.
Fresca e quente.
Mas tudo tem um
"de repente"
Após um "de rompante".
Traga-se cacau
que se entranha e desaparece
de vista.
Mas "ecoa" como frescura menta
pelo céu da boca, à hormona,
ao desejo e à mente.
Ela ficou sem estar presente.

VAz Dias

Faltas-me na realidade

Tenho saudades
Das tardes que ainda
Não passámos juntos.
Sinto falta dos beijos
Que me sopras
Na imaginação do fim
De tarde no areal.
Falta-me o olhar teu
Quando eu não estou
A olhar
Aquele que me traz
O sorriso na pele de hoje.
Perdi-te na contagem dos
Dias.
Não me lembro se era da tua falta de sentir falta
Ou se então não podias.
Vou beijar-te contra o vento
Até ao fim de tarde.
Até que à minha pele
O sol arda.
Até que à saudade no peito
Te bata.
Até que em meu escaldado
Coração
Meu pulsar te faça falta.
Faltas-me na realidade
E na imaginação, tanta!


VAz Dias
Um dia ver-te-ás ao espelho de forma diferente. 
E se gostares verás que és poesia.

VAz Dias

Se é bela elogia. Sorri.

Se é bela elogia.
Se é tímida olha.
Se sorrir sorri.
Como que de dádiva se colhe
a beleza duma vida num só dia.
Era aquele sorriso
que queria...
Sorri.


VAz Dias

DISCÓFILO

Lembras-te dos fins de tardes
onde o azul do firmamento
engolia o laranja quente
do sol velho do dia?
Lembras-te do que tocava
no gira-disco
enquanto eu saboreava teus lábios
laranja quente?
Enquanto o azul sereneva
o nosso fogo?
Fica no segredo que guardo
como discófilo frenético
enquanto os discos
se vão gastando em agulha
cansada de tempo tocado.
Preferia ensurdecer
em tempo trocado
de canção voada
em firmamento azul.
De laranja prateada
a nossa melodia.


VAz Dias

Vou indo...

Não foi.
Não fui.
Não ficou.
Não veio mas foi.
Não vou mas vou ficar
aqui no que não foi
antes do que serei.
Foi o que tinha de ser
mesmo se não foi
o que queria que fosse.
Foi sem vir
e partiu sem ficar.
Foi mais um sonho
de brincar ao tempo
e de mesmo assim falhar.
Vou indo para ficar.
Vou indo...

VAz Dias

Traço Osculado

Escrever-te-ia na linha do corpo
As verdades que em ti são belas.
No traço até os defeitos
Em beleza cambiadas
ficariam aquém delas.
Mas tatuava-te o peito por dentro com esperanças e suspiros
Em noites de carinho e luz de velas.
Osculados lábios
Que calados
Sopram nessas curvas
Tão desejadas palavras
De minha intenção.

VAz Dias
É o sorriso
que de tímido
esconde o que os olhos,
grandes como lua,
escondem na sua escuridão.
Não é malícia. É a simples propensão
que orbita
em volta da minha atenção.
Seu olhar é lua
seu sorriso magnético
de minha perdição.

VAz Dias
Desta vez sento-me.
Desta vez sinto-me
Da batalha perdida
Em paz.
Há que deixar-nos
Sucumbir da perda
E fazer dela ganho.
Sento-me.
Encosto-me.
Vejo recostado o tempo.
O ano.
E o minuto em que por alguém
Tenho amor. Amo.
Mas não daquela maneira
Vivaz e em salto
E assalto da atenção dela.
Estranho. Nunca pensei me
Desapegar tanto,
E no entanto perder.
Ganho-me.
Ganho-me sempre adiante.
Batalha constante
De quem quer descansar.
Paro por um instante.
Enquanto me recosto
E sento
Para entretanto ganhar.
Volto a sentar-me
Para da perda
Me familiarizar.


VAz Dias
A beleza vive no olhar mas transborda no abraço. 
A amizade vive de ambas. 
Bela.

VAz Dias

PROCRASTINAÇÃO

Adiemos a tua partida.
Deixemos para segundas núpcias
esse teu amor.
Não te vás que tenho tanto para te dizer…
para te mostrar
e que é do tamanho duma vida.
Adia. Amanhã também é dia.
Fica!
Prometo que amanhã
se quiseres ficar
novamente se adia."

VAz Dias

Cotovia do meu Parapeito

Foi assim que se foi.
Uma cotovia
Que cantava no meu parapeito
E me acordava daquele jeito.
Foi. Voou de volta
Para outro lugar,
Para outro parapeito.
Deixara de cantar a preceito
No meu ouvido.
Mas fiquei mais perdido
Porque em certo sentido
Deixara de morar e cantar
(Oh linda cotovia!)
Junto do meu encantado peito.
Voou e foi
Cantar mais feliz para outro
Parapeito.
VAz Dias

O encanto com que olhava para as coisas era apenas comparável com a beleza com que uma criança se detém com as cores pela primeira vez.

Ela irradiava essa beleza quando, nos olhos, o carrossel por mais voltas que desse no mesmo lugar lhe dessem ainda mais cores novas.
Ela andava às voltas na minha cabeça e a inocência essa, apenas resgatava a beleza aos meus olhos cansados, porque dos seus, enormes e cristalinos, me oferecera as cores que já não distinguia. Eu para ela, tinha ainda luz.

VAz Dias

Sede e obliteração

Fazer o sonho desaparecer
como últimas gotas
antes da seca.
Deixaste-me sedento
e num fim lento
deixaste-me ali obliterado.
De salga na boca,
seco e aguado.
Eras afinal a miragem
da minha caminhada
do deserto.
Acabado.
Seco.
Obliterado.


VAz Dias

Tenho saudades de te ter. De me entrelaçar nas tuas palavras e fazê-las minhas. E em quente respiração agarrar-te o corpo. E estremecer de orgasmos múltiplos porque os danças tão bem. E em cada final um sorriso de quem pega numa bicicleta e voa como dente-de -leão.
Sopraste-me para um tempo de senão...

VAz Dias
A sério? Achavas mesmo
que a minha sorte acabou
por te teres como meu filactério?

O que passou passou
e da caminhada do deserto
percorri o meu ser.
Sou o meu amuleto
e não mais outra o virá a ser.

A sorte que agora me acompanha
é a ilusão mas com critério.
Perdi mais do que fortuna contigo.
Perdi a magia de miúdo
e do teu ser o mistério.

VAz Dias