sexta-feira, 29 de março de 2019

Olhares que beijam

Se te amar por palavras,
por poemas
e olhares segredados,
deixas os teus olhos
beijarem-me?
Deixas os sorrisos
amarem estar nos
meus lábios
enquanto te declamo
poemas ao ouvido
como nos teus lábios?
É que senti-me tão
beijado
e amei-te tanto
há bocado.
Fiquei sem saber
o que fazer
sem estar a teu lado
e sobrevivi à distância
e ao tempo
e ao mau-olhado.
Eu que nem sou supersticioso
abandonei-me
à razão.
Beijei-te vezes sem conta
sem que a razão
por ali se fizesse
companheira.
Acompanhei a intenção
do teu olhar
beijar e calar-me.
E assim
fiz nestas palavras
todas com que me beijaste.
Calaste-me sem intenção
e só se ouviu
um pulsar.
Um compasso
que fez disto
tudo a nossa canção.

Amar a Poesia

Foges-me com a beleza
de quem foge duma desgraça
desejada.
Uma garça que voa
com a asa forjada
num pesadelo
de quem cai a pique.
Porque haveria de ser
mau,
se tudo o que quero
é ver-te bem?
Não vejo asas
mas desejo.
Não vejo casas
mas descanso o prazer
no azulejo
de ao passado me remeter.
Preciso fazer poesia
de amor.
Se não tenho amor
tenho a poesia.
Se tenho amor
não sabia.
Não sou a melhor pessoa
para partilhar
a presença fria
de quem quer ser
desertor.
De quem afinal ama
mais a poesia
do que ama o
próprio
amor.

domingo, 24 de março de 2019

Borboleta da Manhã

Bela de beleza
Bela de sol.
Nela a graça repousa
de quem passa
e se impele a olhar.
Brilhar para dentro
e alimentar.
Seiva natural
de germinar futuros.
Os seus e os meus
obscuros poemas.
Luz no fundo
a brotar borboletas
com asas luzidias.
Dias transformados
em dias da sua serenidade.
Movimento
para que fui convidado.
Repouso aqui
ao seu cuidado.
Só com o sorriso
e a fertilidade do amanhã.
Voando na barriga
da saudade de um amanhã.
Borboleta da manhã.

sábado, 23 de março de 2019

Uma Mulher

uma mulher.
do tamanho de todas
as terras.
nela cabem todas
as minhas perdas.
cabem as noites
e as cidades.
cabem os meus
anseios e de todos
os perdidos.
ela tem tamanho
e honrada, mantém-se
iluminando uma face
da sua lua
num brilho
que não desvanece.
não bebe
mas oferece a tusa
e a embriaguês
que se busca ao balcão.
no beijo
doutro freguês.
uma confusão.
uma tesão de sentimentos
e nela cabem todos
como o seu perdão.
sem culpa
e sem julgamento.
a mulher mais culta
nesse aspecto.
é preciso mais?
pois eu cabia nela
pois fui todas as suas
qualidades
e as suas esperanças
nela fui
os olhos do sempre
e o suspiro
de cada momento.
fomos dois.
nunca um.
nunca hipócritas
nem sonhadores
desmazelados.
mas não fomos
mais porque a dor
ali não deve caber
nem de mim
em lhe soçobrar.
nela cabe um mundo
inteiro de outros
que somados
fazem o bem
que eu lhe queria.
mas que não chegava
nem cabia.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Quadra da Efervescência Latente

Vou tentar de alguma maneira fazer
uma pequena quadra
nem sei o que fazer
nem sei o que o destino me guarda.

Mas juro que te terei perto
quando tiver de escrever.
O que sinto é certo
mas mais ao teu coração pertencer.

É empresa de todo e qualquer Ser
navegar em mar de paixão
soltar amarras e ao mar se fazer
para tranquilizar a razão.

Mas a metáfora desespera
quando a realidade assim não concorda.
A espera tornou-se longa e já não espera
E as amarras ficaram presas por uma corda.

Mas escrevo-te um poema
e espero que não te apaixones.
É mais real receber de ti um telefonema
do que estabelecermos pontes.

Mas leva-o para dentro de ti.
Fá-lo brotar algo, ser,
leva o que achares melhor de mim
e se voltares, fica se te apetecer.

Atravesso vales e montes
escrevo poemas e anseios
bebo da cultura e outras fontes
mesmo vazio ficam os corações cheios.

Vem se for de teu feitio.
Vem se tem de ser.
Vem se tiveres frio.
Vem mesmo se não tiver de ser.

Vem se fizer calor.
Vem se precisares.
Vem se precisares de amor
ou vem para mudared de ares.

Ou não venhas em absoluto.
Ou não venhas por bem.
que não venhas para o luto
de quem se veste de luto também.

Fica. Fica nessa vida,
nessa alegria só tua.
Vai. Vai inteira e destemida
e talvez passemos na mesma rua.

Eu ansioso e tu lua,
tu caprichosa e eu paciente.
Eu conivente e tu nua.
Nós sem nada com tudo pela frente.

Contudo, a quadra
não apaga, o poema dissolvente,
e a vontade crua
de te ter de repente ou nunca.
Não há quadra que aguente
esta minha verve efervescente
por ti, ou quem possas ser.
Desde que sejamos momento
ou para Sempre...
Se isso acontecer.

terça-feira, 19 de março de 2019

Costas da Terra

um dia faço-te um poema
na nuca a correr as costas.
como maré que beija
as costas da terra.
como tatuagem
que fica e não se vê.
como beijos que te beijam
e aquecem de sol
os teus anseios.
um dia escrevo-te
poemas com beijos silenciados
ao ouvido.
Para que o mundo
desconheça o poeta
e só tu saibas o que é poesia.
Um dia...
um dia.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Lobos

como pode um poeta
descrever o amor
sem o ter vivido?
sem ter amado
até à morte?
mas este amor
sobrevive pelo
pecado
pelo fado
desse pecado.
pelo fardo de carregar
a dor de não fazer
doer.
de desfazer tudo
o que era o equilíbrio.
de deixar de ser poeta
para ser só o centro
do universo de outra pessoa.
mas a natureza mórbida
de escrever
sobrepõe-se ao de ser
o universo.
ser um universo
paralelo de ver os outros
felizes e de se ser
um só. só.

lambe-se as feridas
próprias qual lobo
e esconde-se um bobo
na côrte
enquanto a eloquência
toca nos corações
de todos.

foi um poeta
que amou
que foi encontrado
morto.

e no entanto
conta-se que se encontra
vivo
escondido atrás dos
corações feridos.

domingo, 17 de março de 2019

Assassinos e Poetas

resta a poesia.
a única loucura válida
de entre os solitários.

os outros têm
a totalidade de tudo
o que o poeta desconhece.

uma dislexia de
emoções onde os
outros comungam e partilham.

mas fica uma
equidistância para com
o amor e a incompreensão.

incompreendo a maioria
e o formato de ver o mundo.
talvez os assassinos também.

[onde os extremos
se tocam e onde a vontade
assume a sua lei.]

mas só matamos a saudade.
só matamos o tempo
enquanto o amor vive nos outros.

os assassinos, porém,
já morreram.

sábado, 16 de março de 2019

mar de proximidade

se os meus olhos
falassem
eles cantariam.
se os meus olhos
calassem
amarravam o meu
ser à felicidade contigo.
se eu não tivesse
saudades
os meus olhos
não vertiam o mar
que nos separa.
e tão longe
e tão mais perto do
que nunca
no coração.
ai se tivesses
visto os meus olhos
terias chorado as lágrimas
que desta vez
não foram as tuas.
ai se soubesses
que se eu não fosse
meu
todo o meu mundo
seria mar de tranquilidade
no teu.
ai serás sempre
os meus olhos!

sexta-feira, 15 de março de 2019

sou só sol

sou só sol
mesmo quando a
solidão se faz
sombra.
nem na penumbra
eu deixo de o ser.
de pertencer
aos que da sua própria
companhia
se estendam em
melanina.
e passa a menina
"num doce balanço"
e com a bossa-nova
alcanço um estado
de verão dos dias
e das aspirações íntimas.
serei o calor
dos dias frios
e o companheiro
dos dias quentes.
mesmo que as
companhias sejam
ausentes.
mesmo que o sol
seja só este
mas que se deita a
oeste
a poente
dos amantes
e dos desejosos
do amor lá mais
à frente.
sou só sol
felizmente.

quinta-feira, 14 de março de 2019

amor e musicalidade cósmica

és um elogio
às palavras que vertem
de alegria dos olhos.
há uma canção
que amo
que no fundo decide
pactuar com o som
que fazes na poesia.
rebate a tentação
e as horas tornam-se
em anos e o teu
amor envelheceu-me.
nunca foi a espera.
porque nunca tive de esperar
por ti.
viveste sempre em mim
e no teu tempo.
sempre cantaste
em uníssono
com o sonho que é
imaginar a mais bela história
de amor.
és a paz na terra
e sou poeira
soprada por ti.
fizeste-me céu
e poeira cósmica
e agora que já não vivo
como terra
sou amor
no ar que se respira.
e que bela maneira
de viver para sempre.
nesse teu amor
que é o meu
quando tudo se fizer
de novo.

quarta-feira, 13 de março de 2019

uma reza... Além!

não sei se isto será
um poema.
se não será um desabafo
de um descrente...
de um quase descrente.
de um ser
que ausente se colocou
na frente da solidão.
se será algum equilíbrio
dos astros.
se Deus existe
e está farto
da minha ausência.
se levo a chapada
que a vida quer
dar
ou estou a exagerar.
uma vez mais.
uma vez mais
um pouco disto
e um pouco daquilo.
divorciei o amor de mim
por não sabê-lo
assim como a maioria
conhece.
ou obedece.
ou se esclarece.
eu sou um eterno
descobridor
e com isso a dor
vem com o prazer.
e nem sempre juntos.
e nem sempre separados.
estou cansado.
hoje estou cansado de ser
eu.
cansa-me a ideia
de alguém se cansar
tambem de mim.
separei-me de mim
para ver se a merda toda
cai do lado que sente.
deste lado que fique este
fado
ou esta reza demente.
estou doente
deste mundo tão coerente.
tão ausente
daquilo que vejo
e no entanto
festejo
com o cinismo
de quem é crente
para não me acabar já.
é porque há mais alguma
coisa no amanhã.
um amor.
um amor diferente.
uma paixão.

[há ela de mim
que sempre está
para além de qualquer
gente].

essa gente que começa
em mim.
que termine mais tarde
se é para sempre.
que fique para lá
de sempre...
Além!

Além!

terça-feira, 12 de março de 2019

NU_vem

só posso ter
este pequeno amontoado
de saudades.
de viver com pouco
como se fosse um luxo.
preciso tanto da música
e da poesia
como água
ar
   amor

esse é o meu tudo.
e há ela.
[ ela é tudo antes do tudo ]
[ e para além do tudo ]
[ ela é a razão de ser do que não sou].

mas anda a saudade
na boca do pouco.
escovilhão de ir
à raíz desenvencilhar
a verdade amarrada
nos dentes cerrados.

terra morena.
mandíbulas alva.
olhos índios.
e a saudade não sabe
o que é ser pouco.

e correm as vozes
no meio de dígitos entoando
a religião do futuro.
e eu deixei de acreditar.

só posso ter
este pequeno amontoado
de saudades.
de viver com pouco
como se fosse um luxo.
preciso tanto da música
e da poesia
como água
ar
   amor

domingo, 10 de março de 2019

Amar o Beijo

sem nunca
te beijar até à alma
senti o beijo
do teu olhar.
és feminina
de me deixar
ser homem.
de sermos diferentes
mas amar
todos os dias
como se começasse
ontem.
fazes-me mulher
por ser parte
da minha mãe.
fazes-me mulher
por te sentir também.
quero amar-te o corpo
e fogo
e a vontade de arder.
quero ser tão homem,
tão amante,
tão teu
como tu para mim
és Mulher.

Lábios Libidinosos

esse sorriso
que parece que
preciso
disfarça a palavra
que tanto prezo.
faço o exercício
da mão que escreve
do peito
que deita
o que a alma quer.
é por esse sorriso
que dito
o que lá dentro
tinha ficado
retido
e agora nos teus
lábios fazem morada
e estar como
prefere.
Refere isto
com todo o teu
brilho no espelho
onde o meu sorriso
também
por lá estar, desespera.
Despede-te
da minha memória
como a estória
que ficou triste.
Não ficou.
Ficou nos teus lábios
ainda que não beijados
mas onde o sorriso
faz o elogio
do amor
que o batimento
cardíaco desfere.
Beijo.
Sorriso.
Lábios.
O que a memória
reteve.

sábado, 9 de março de 2019

acabados

chega aquele
momento de dizer
adeus.
de dar ao espaço
lugar para a pessoa
seguir.
ser como sempre
sua.
não sei ser de ninguém
e compreendo
esse não-ser
ser de outra pessoa também.
estamos todos
aprendendo a ser
solitários.
independentes
saídos de novos
armários.
armei o amor
como amei
propor a possibilidade.
a minha verdade
é a minha natureza
ou a minha certeza
será aquilo
que nada se sabe.
morrerei ignorante
mesmo depois de ter
aprendido tudo
para morrer em paz.

mas aqui não morremos
amor.
aprendemos a amar-nos
um pouco mais,
para mal dos nossos
pecados
ou dos bocados
bem passados.
tenho saudades.
terei sempre.
beijo
até sempre.
acabados...

quinta-feira, 7 de março de 2019

os Demais

esta é a história
de tanta gente
por tantas
gerações idas
e desavindas.
tantas almas
nascidas néscias
e indesejadas.
do amor e depois
do desamor.
do desamor
apenas.
da infedilidade
ou da fiel esperança
em ter outros
na vida.
de quem queria ter sido
amor
aos olhos
do amor
e foi apenas parceiro.
amantes que deixaram
o amor
no segredo.
o medo.
a angústia
e as leis de Deus.
somos os plebeus
do amor
em menor quantidade.
em menor
cidade
ou em metrópole
das pessoas
esquecidas no meio
das "suas" gentes.
fazer amor
com a farinha
que sobra.
dar à vida
outras vida e
a sombra de ser
menos carcaça.
ou outra emoção
que por esta Terra
graça.
e amor menor.
amor diferente.
um amor de dor
e resistente.
independente
e dependente de nada.
lavar a cara
com lágrimas
e fazer amor
com as caras
que nos sorriem.
com as de amor
ou as gémeas.
as outras como
nós,
com voz trémula
e gritos guturais.
a ambiguidade
de sermos mais
e melhores
ou só sermos
a humanidade
em geral.
os sobreviventes.
os sobreviventes
doutro amor.
depois dos do Amor,
os demais.

terça-feira, 5 de março de 2019

a poesia é sempre uma via

que se acalme a alma.
que se escreva
o que vem de impulso
e o que vier primeiro à mente.
que se entenda os outros
primeiramente.
o que lhes calca a alma,
o que lhes tira a calma.
depois vimos nós
se não tivermos de salvar o mundo,
o nosso,
e as nossas
(não tão grandes dores).
quando fores,
sabes que na volta estou
aqui,
sabendo que te levas,
sendo tu a solução
de ti e eu aqui
um sopro no coração.
não precisas duma intempérie.
uma brisa que te quer e voa.
e volta se tu voltas.
se quiseres vir a este ar.
e senão vieres?
estarás no teu bem.
e eu bem me fico por ti.
aqui onde nada te perturba ou
foge.
Apenas voa.

Colisões e Perda

gritos
histeria
os nervos
sem filas de burocracia.
as palavras
que ficam
na diplomacia.
o amor
e o desengano.
personalidade
do ano
e no entanto
ninguém.
és sempre um ninguém!
tens tudo
para reconquistar.
tens tudo para
encontrar.
e voltas a repetir.
e vês quem gastou
a vida e chega à mesma
conclusão.
és sempre um ninguém!
ah nós os artistas
que nos excedemos
e vivemos
tudo!
hoje sou mais arrogante.
mais pedante
com vitamina c
de cabrão.
mas no entanto
mais humano
e compreensivo
de perdão.
de empatia.
de extremos
que me afligem
e dos outros
e outras
que andam a correr
uns contra os outros.
mas ninguém.
chocamos ôcos.
torpes da mesma
ilusão.
uma pessoa
para a minha situação.
e se somos várias?
e se na assembleia
somos o PAN
que o diabo amassou?
acho que vou.
um dia destes vou.
e não vai ser para
ir ter com
o criador.
não há propósito.
há nascer
reproduzirmo-nos
e chocarmos
com as pessoas certas.
o resto são fantasias.
pornografias da fé
e fãs da monotonia.
quero ser aquela
música na telefonia
que tocou
e a terra roeu
o osso.
um troço para o fim
com um traço de personalidade.
electricidade estática
até à morte
e até lá
a mais enfática
das filosofias:
"és sempre um ninguém!"

segunda-feira, 4 de março de 2019

N'hola

Há poemas
que devem ficar no
segredo do desejo.
A mulher e as suas
belezas.
A do universo interior
que é semente
constante
que alimenta e germina
na terra.
Para os nossos olhos
verem
Para os nossos corpos
verterem
os próprios universos
como água
de beber.
És a mulher!
És o desejo!
És a beleza a perder
de vista
e a visita a perder-se
de saudade!
Chegaste e o teu universo
banhou as minhas terras.
Sou agora cultura
e bosque da tua água.
Germino e alimento
o desejo.
Mesmo não sendo a
mesma terra.
Mesmo apenas bebendo
da água dos corpos
celestiais
Acredito que o amanhã
trará mais.
Senão tu,
a terra minha que deixaste
nas planícies
com os teus vendavais.

domingo, 3 de março de 2019

Mal por mal, do meu fruto.

Não penso em ti.
Não penso em nós.
Não penso no mal
que este mundo
quer de nós.
Não quero tanto
o teu mal
quanto o mal
que em mim
cresceu.
Somos adultos
e o mal faz parte
de crescer.
Mas mal por mal
ficamos sós
e acompanhamo-nos
de bem.

Aos bocados.
Nos bocados
que não quisermos
os outros.
Que os outros não
nos queiram.
Que o amor seja
um mal que vem
por bem
e que se alimente
connosco à mesa.

Refastela-te e digere-me.
Corre e queima-me
caloria.
Eu também correria
se soubesse
que seria a tua fome.
Come-me
se é para voltares para
ti.

Fico aqui
a dar frutos
do mal e do bem
do mundo.
Um amor de Adão
que mais morde
em ti do que no seu fruto.
Usa-me como o
usufruto que faço
de ti.
Assobia-me e leva-me
o luto do fruto
no chão caído
sem eira nem beira
nem mão
nem maneira
de te engolir.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Menos por Mais

evito com todas
as minhas forças
pensar em ti.
pensar como o resto
do mundo,
de como se é
para se ser feliz.
evito toda a felicidade
que me podias ter dado
pela dor toda
de como eu sou
-do que represento-
para te dar em troca.
ninguém tem culpa.
da verdade
ninguém é o arauto.
mas faltas-me.
faltarás sempre!
e no entanto, fardo
de te ser menos
faz-me se eu mesmo,
um pouco menos
para que sejas um pouco
mais
feliz.
faltam-me
as palavras.
do que tinha
a fazer, fiz.
mas faltas-me.