domingo, 30 de novembro de 2014

Depravados do sono

Lentamente o som
preenche este canto.
Faz companhia
a mais um
que engana o dia.
(passaram-se umas horas entretanto!)

Mantemo-nos despertos.

Uns afligidos,
outros em apertos
e outros ainda
(como eu)

libertinos

que nem nas horas 
se prendem.
Insurrectos do tempo.
Depravados do sono.

Mas doces companheiros,
dos que da companhia
em horas esquecidas,
do descanso, sonham.
De olhos cansados
e almas atormentadas,
alguns de nós
lhes tentamos suavizar a inquietação.

É o que fazemos.
É assim que somos.
Serotonina dos que não dormem.
Companheiros dos que não têm sonhos.
...

Entre tantos,
o som
tendia para o escuro,
ingerindo-se no sussurro
e depois no silêncio.
Para que os aflitos e os
insurrectos
juntos,
seus olhos descansarem,
as almas se apaziguarem
e os corpos
encostados aos sonhos,
quietos permanecerem
e assim até à aurora
ficarem.



Vaz Dias

Inclinadas subidas

Limpo o suor
que agora
da testa 
me escorre.

Do crânio lavado
em água,
o esforço marcado
na quilometragem corrida
em mais uma estrada.
Mais uma etapa
consolidada.

Mais umas desilusões
esquecidas.

Acelero o passo,
porque não posso
mais esperar.
Não me iludo
e peço,
que não se iludam de mim.

Não posso parar!

Porque este
que agora corre,
aponta o caminho
e desafia-se,
sentindo o tempo
a escoar.

Não tenho mais tempo
para me desanimar.

Vou correndo,
que à frente
há mais subidas
para inclinar!

Vaz Dias

Seda Veludo

Guardarei o verbo e a expressão
para quando te possas desnudar
à minha voz.
Desejo ouvir veludo em seda
se suavizando
e caindo em chão de madeira quente
enquanto deslizas para tapete de pecado
que do fogo se faz conivente.

Vaz Dias

O nosso fruto. Senhores!

"Excesso"-me.
Neste silêncio
os gritos sublimes
ecoam 
dos prazeres.
Aqueço-me.
Convenço-me
que assim
murmuramos em 
conjunto.
Que apartados
arrebatamos
o nosso fruto.
Senhores!
Supra-sumos detentores
da seiva comum.
Pomos termo ao jejum
com que saboreamos
as distâncias.
Vimo-nos
afastados.
Mas encontramo-nos
complementados
pelo excesso
do próprio tacto.
Banhados em tão
agitadas substâncias.
Maravilhados de tão profícuo
aparato.
Excedamo-nos!

Vaz Dias

sábado, 29 de novembro de 2014

Três quartos e uma reza

Para um poeta
ser amante,
é ter a eloquência
dos deuses.

Necessita do amor.

Escrevinha
e viaja consoante
a harmonia e a
constância.
É o sentimento
que o impele à dádiva.

Não necessita do amor.

Redige as palavras
que sobraram para o presente.
É um amante 
de três quartos.
É um ladrão que de outras
almas,
de seu amor se criva.

O poeta reza
de um terço.
Por ser o meliante,
que de deus
em outros três quartos,
se sente.

É em três quartos presente
e num terço
de reza escrevinhada.

Vaz Dias





Familiamizade!

A amizade.
Simples resolução
familiar
de quem não nos
nasceu familiar.
Escolheu-se durante
a descoberta do "eu".
Descobriu-se o "ele"
que decidimos
com o tempo,
o sentimento,
o oposto,
o intento,
amigo dele ser.
A família que escolhemos ter.
Afortunados somos,
quando de famílias
somos bafejados.
As das que nascemos
e as de que conquistámos.
Somos,
porque também deles
pertencemos.
E eles de nós.
Amo as minhas.
As que me deram vida
e vida dei.
E as que de vida
inventámos.
Invenção de família.
Inventaram-me novas vidas.
Jamais morrerei.

Vaz Dias

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Volta!

Sabes-me a saudade. 
O beijo que dei no tempo. 
que foi ao futuro visitar-te 
na nossa afirmação.

Voou-me de volta,
tão lentamente!
Arrastada lentidão...
A espera não
me gastou
o trago.
Mas já não era de ti.
Era a ilusão de ti.
O sabor de saudade
era do futuro
do que seríamos.
Era um desejo meu.
Somente meu,
é verdade!
Deveríamos saber
a saudade.
Para ser nosso.
Para ser verdade.
Para saber a saudade.


Vaz Dias

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Reservava-se à surpresa...

E ela tomaria
o comando
da surpresa.
Escolheria 
num abrir de olhos
quando lhe aparecer
e num fechar,
desaparecer.
Deixá-lo-ia a sorver
da saudade instigada.
A sofrer da hora
por ela reservada
para de novo aparecer.
Ele, livre,
aceitaria por bem 
reprimir-se.
Jogava ao tempo
e apostava o destino.
Deixava-o rir-se.
(Por enquanto.)
Não passaria tanto tempo
até que ela
lhe devolvesse o seu encanto.
A surpresa de, na espera
ele lhe devolver,
tudo o quanto a
ela assim conviesse.
O que ela quisesse.

Ele tinha um fraco
por esse tipo de mulher.


Vaz Dias



Pele Quente

Já te disse que és linda?
Que a tua pele 
me faz derreter os sentidos?
Quero beijar-te mais ainda.
Escondidos,
debaixo da sombra quente
dos cobertores.
Desejo provar todos
os teus sabores.

Deixa-me beijar-te de calores!

Vaz Dias

domingo, 23 de novembro de 2014

Pretérito Imperfeito

Descia o passado
com outro futuro
em harmonia deslizante
de escada rolante.
Tudo se simplificou
no passado que por ali
seguiu.
O futuro era passado
sem que outros
pretéritos
pudessem ter sido.
Como se nunca tivessem existido.
Existiram como se não!

Eram imperfeitos.

Segue o presente
observando um senão.
Será que o futuro
deslizará
com tão boa apresentação?

A escada rolava
vagarosamente e apenas
em uma direcção.

Serve o presente
doutros tempos,
também seguir um caminho.
Deslizar na ignorância dos sentidos
independentemente
da conclusão.


Vaz Dias

Sejamos ardentes!


(...)
foi do coração?
Da paixão que as pessoas te roubaram?
Que aconteceu ao fogo
que incendiava o olhar
até dos mais gélidos?
Foi amor que se acinzentou?
Que te queimou por dentro
e quase todo o teu fogo
levou?

Soprarei a brasa,
para que de asa desse lume
volte a arranhar os céus
e pintá-los
de cores quentes.
Como dantes!
Antes da chama se inventar.
Chamemos a nova alma.

Sejamos ardentes!

Vaz Dias

Chuvas de Norte

Sei que as palavras
pouco te dizem.
Talvez as que vestem
Os acontecimentos que precipitas

(Como chuvas de norte)

Que caem frias
quase geladas,
Mas que nas ruas
se deixam marcadas.
Mas também as palavras nuas
como dos desejos

(que em água evaporam)

e aos baixos céus
se incorporam
para te deliciarem a pele
e os sentidos,
do que te impele
para de palavras
deixares de te ver
vestida.
És a  nudez que às minhas palavras
tiram sentido.
És os sentidos dos desejos 
que tenho sentido.


Vaz Dias


Eco de Sonho

Sentiste o meu aconchego?
O meu apego ao teu calor?
Fiquei aqui acordado a olhar-te.
A seguir o traço da tua pele
Até ao sonho.
Beijei-te vezes sem fim.
De sopro leve.
De coração,
No teu... ao de leve.
Sentiste a comoção?
O eco do meu sonho?


Vaz Dias

sábado, 22 de novembro de 2014

Distantemente romântico

Sim, porque sou
felinamente romântico.
Livre e distante.
Mas em cada instante
te desejo presente.
Meu presente.
Meu pecado tântrico.
Cúmplice deste crime...
conivente. 
Tanto!

Vaz Dias

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Volto-te amanhã...

Hoje não tive a tua atenção.
Galantemente consideraste
Que me deverias
Libertar.
Para a outros sorrisos
Namorar, talvez,
Porque não?
Livremente já me encontraria,
Antes de tão
Considerada manifestação.

E sim! Busquei
Esses sorrisos
Na tua ausência.
São meus os olhos.
São sorrisos de minha pertença
(se de minha atenção
também se cativem,
porque não?)

E sim! Nesses regozijos
Todos somados
Nem sabes quanto de mim
Colhes.
E sim, bem podes
Deixar-me ir
Que de tais sorrisos
Me transporto de volta a ti,
E à pertença de teus
Olhos!

Porque sim!
Que de um metro
que me folgues,
dois de minha distância
a ti te volte.
Bem mais perto, longe
Do que certamente,
Imaginares-me longe, podes.

Volto-te amanhã doce
Porque longe demais
E tarde ainda mais

Foi o dia de hoje!


Vaz Dias

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Vestidos de Asas

Gosto de fazer amor contigo.
Revestido de nenhum sentido.
Sem direcção e vestido
De nenhuma razão.

Faço-o com paixão.
Nu de amor. Essa é a minha
Posição.
Prerrogativa para a
nossa condição

Mas a alma,
Despida, voa em cada momento,
Para te deleitar.
Sem corpo. Sem nudez.
Sem tacto que nos tocasse.
Como se fosse
Só da primeira vez
E assim perdurasse
Continuamente sem roupagem
E pela imensidão
Dum voo, que nos
Encontrasse de novo.
Vestidos de asas e
Revestidos de comunhão.



Vaz Dias

Confessa-me ao ouvido

Confessa-me ao ouvido,
mas baixinho!
Que te lembras de mim.
Só assim. Tão somente
em ti.
Tão languidamente
me guardes
no calor
do sopro
que da tua alma
exaltes!
Não me faltes
em saudade,
para que no meu calor
eu também te guarde.
Sopra-me ao ouvido,
de mansinho.
Não te atrases!

Vaz Dias

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Volta do mundo

Sem nunca te ter tocado,
a tua pele faz-me falta.
Sem nunca nos olhos me teres olhado,
um sentimento de mim se solta!

Mas volta!

Sem nunca de nós teres chegado.
E fica para nunca mais te travares.
Vamos ao mundo dar uma volta.
Para de novo de mim te apaixonares.


Vaz Dias

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Aveludo-me no teu sonho

Aveludo-me no teu sonho.
Faço o turno
de olhar por ti.
Fico ali,
apenas te observando.
E vejo-te,
saltitando de espelho
em espelho.
Sorris-me pelo reflexo
anexo
do sonho anterior.
Tapo-te a pele
enquanto viajas nua
em cachoeiras
que resplandecem
cristais.
Riquezas por demais,
de aventuras
onde reinas
e abdicas,
para voar por uma
e outra luz,
que ao dia
te traga o mais tarde.
Traga-me um beijo
de tão aveludado
a que este dia te deseje.
Beija-me de desejo
antes que do
fim do sonho,
seja tarde demais.

Vaz Dias


Nortexótica

Ainda lhe inventava um som.
Da corda vocal
nem um timbre
lhe ouvira tocar.
Imaginava pelo rosto,
um tom.
Os acordes que com
o olhar dum castanho
tão profundo,
só podiam saber
a um chocolate mentolado.
Aguerrido e fresco.
Bebia-lhe também
o sabor de pronúncia
maracujá molhado.
Húmida voz que de norte
se revela.
Nortexótica, portanto!
Sim.
Assim me parece
a voz dela. 
Nortexótica.

Vaz Dias

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Felina menta

A mulher desnorteia-me.
Ora agora me cativa
como a seguir
me refreia.
Vertical e altiva
para de seguida
em mim
felinamente buscar
aconchego.
Confesso que me cativa
essa altitude.
Essa longitude que defende
a sensibilidade
felina.
Mas a doçura de chocolate
menta
faz de um poeta
derreter-se
do sabor que nos seus
sentidos ela lhe
inventa.

Vaz Dias

domingo, 16 de novembro de 2014

"Desespertares"

Vinha caminhando.
De onde, não sabia.
Nem tão pouco
desejava saber.
Em noite de breu,
de conta se deu,
que em sua posse 
se fazia
de um telefone
acompanhar.

"-Telefono-te desta vez
por já nem de senso
a última chamada
me lembrar.
Estaria eu inebriado?
Ou pelo contrário,
tão esclarecido,
para te ter chamado?
O que faltou?
Quanto tempo passou?
...
Amo-te!"

(e do silêncio que pautava
o hábito desta circunstância,
a única,
e que estranhamente
desenhava uma recorrência...
Surpresa de Fénix!
Irrompia
aquela voz
do outro lado)

"-Também te amo!"

Amar(gava-se) a boca.
Humedecia-se a alma.
De tanto silêncio
e de palavra tão pouca.
Ele agora, chorava-lhe 
as suas palavras presas
na intemporalidade.
Explicava-lhe
a necessidade
de tudo-nada 
ser desvendado.

(o silêncio voltara.
Como se nunca
ela ali tivesse
estado.
Não esteve.
Como talvez também
nunca o tivesse amado)

Envergonhado,
desacompanhado,
vencido...
acordado!

...despertou de novo
de um sono
mal sonhado...


Vaz Dias







sábado, 15 de novembro de 2014

VAI


Na rotação, nada!

E a rotação
acelera
na devida proporção
do que será,
como já era.
O início tem
o fim no início do
fim.
E vai assim,
rodando, enquanto
a vida se vai criando
e destroçando.
Que morte no sorriso
tem fundamento
se o fim começa
vida?
E que sorriso deve
existir na génese
do nada?

Sofrer porque o fim
pode ser nada.
Sofrer porque o início
pode não dar em nada.

Sorriamos pois se não!
Sorriamos pois se sim!

O que interessa sofrer
por nada até ao fim, 
se podemos só sorrir
por tudo e por nada?

Vaz Dias

Desata-te!

Das-me tão pouco.
Talvez insuficiente
para aquilo que eu gosto.
Demasiado intermitente.
Não fico
plenamente contente.
E até aposto
que é do amor que lhe tens.
Então porque de mim
te convéns?
Leva-lhe toda essa entrega
que da maior parte de mim
sonegas.
Não chegas a vir.
Nem de perto
nem de longe
de mim te deténs.

Não te entregas.

Então segue,
dedica-te a vós.
Vai. Nunca fomos.
Nunca houve nós.
Desata-te! Foge!

Vaz Dias

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Memória fotográfica

Como fotografia
antiga, 
fui desvanecendo
do teu olhar.
O preto e o branco
quase se tocavam,
enquanto tu me deixavas
ir.
Do cinzento, lentamente
fechavas os olhos.
E eu persistia
em existir.
Na palidez
das estações
me libertaste. Eu 
era luz que não
chegaste a tomar.
Sacudiste-me ao vento
para outros verões.
Fui a tua memória
fotográfica
a preto e branco
porque côr 
nunca seríamos
sejamos francos.
Nem podíamos.

Vaz Dias

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Como te agrado mulher?

Como te agrado mulher?

(…) como das vezes todas 
que te canto?
como todas as vezes 
que me encanto de ti 
e escrevo como escravo 
desse meu saudoso pranto?

como nos segundos 
que se multiplicam 
em infinitas eternidades 
em que te demoras? 
e o coração dum homem 
que em de criança se transforma?

de que precisas mulher? 
o meu tempo? toma-o! 
da minha atenção? tua já era! 
a minha paixão, como não? 
se os meus sentidos em assembleia magna 
ditam tal conclusão.

toma-me então!

Traço de dedo

(…) palpitando em cada segundo
 por uma voz que me aqueça. 
a tua se assim mereça. 

quero sentir 
esse calor em mim, 
enquanto passo a ponta dos dedos 
no teu traço. 
silhueta que abraço 
e peço para se deixar 
no meu regaço, sem fim.

enlouqueço. 
como faço? 
para te ter aqui? 
para de novo te desenhar o enlace 
e os hinos 
que um homem cantasse. 
por ti. felina mulher 
por quem eu pecasse!
por quem me perdi?

Vaz Dias

D'ouro suspiro.

Em chuvosa tarde
o cinzento claro
cambiava com o cinza
escuro.
Mas a imagem que guardo
é dum dourado
suspiro.
Ar travado
pela imagem do
seu sorriso.
O azul que irrompia
era dos tons do seu jeito,
tímido mas radioso.
D'ouro suspiro.

Vaz Dias

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Hoje olhei e vi.

Na mesma esquina
do resguardo do desafortunado
lá me cruzaria
com o homem de novo.
Olhar perdido
num passado,
provavelmente melhor,
que o presente, 
talvez pior. Quem sabe?
Talvez diferente.

Uma vez mais passaria
sem lhe abonar
o barrete,
estendido em riste.
(Para quê gastar
dinheiro em mais um triste?)
Enfiar o barrete
com mais um artista.
Já viste?

Lentamente me aproximava
duma repetitiva estória.
Mais um momento
sem glória.
Nem dele, nem minha
para guardar memória.

-E a esperança eclodiu!-

Dois putos que antes
de mim
por ele se cruzariam,
estendiam o braço.
Apenas um deixaria
um afago no regaço
do velho dobrado
duma vida de cansaço.

A esperança de acreditar
na miséria do alheio
poder ser confortada
e a crença restituída
por premeio.
Porque afastamos os
azarados, perdidos
ou condenados?
Receio da nossa história
ser o nosso pecado,
para num futuro essa esquina
ser o nosso infortúnio? Receio.
Por isso talvez nem olhe
e de fuga para a sorte
escolha.

Mas desta vez
não podia.
Não tinha escolha.
O que a esperança 
por vezes nos atraiçoa?
Sim a tentativa de ser
melhor pessoa com
a hipocrisia que se lhe opõe.
Um Tomé como convém!

No entanto,
absorto fiquei, quando tão
bondosa bonificação
da juventude sem
maliciosa intenção,
ser pretexto
de tão vil instrumentalização
como cobarde humilhação
da chacota ao miserável
contexto!

Uma chapada 
irrompeu dos tempos!
Dor que nem o velho
se apercebeu
de tão fatigado torpor.
Acertou-me em cheio
no desamor.
Um baque no meu orgulho
se deu.
Cedeu!
"Que raiva!" me assaltava
perante tão aflitiva
situação.
"Que vergonha de geração!"
conduzia eu interiormente
a minha opinião.

Mas não!
A culpa não é da desgraça.
Nem dos velhos
nem desta nova geração.
É das vezes que tipos,
que como eu,
olham e
não querem ver.
Não pagam os infortúnios
e o melindre,
de um velho,
um novo ou qualquer
um naquela condição.

A moeda dada,
não foi a paga
como ajuda.
Foi a justa culpa
de quem olha e não vê
que é tempo de inverter
esta indigna participação.

Hoje olhei e vi.

v.d.