sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

APENAS AR

Se o silêncio me tomasse as palavras,
desejaria ser vento.
Rajadas de ar
onde me pudesses tocar
e onde o sopro
seria o que de mim
escutasses.
Cansei de falar.
Cansei o organismo.
Cansei de te cansar
e descansar.
Fecha os olhos
e deixa te levar.
Sou vento.
Mais do que apenas
ar.


VAz Dias

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"GRANGESTO"

Humedeceu.
A casa que há em mim
embaciou-se.
A chama feriu o gelo
mas o gelo ganhou.
Derreto em gotas por dentro
e o que ficou
foi um gesto de amor.
Amar é deixar ir.
É a liberdade de nos preterir.
Na minha casa
o "grangesto"
foi ter-te deixado entrar.
Friamente para te acalentar.
Vai no frio
mas sopra liberdade
e o calor doutro calor
encontrar.
Na minha casa
caem umas gotas
mas para a alma lavar.
Sou o amor
de à liberdade deixar.

VAz Dias

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Invento

Espero por ti.
Espero como se não existisses.
Mas existes.
Na minha esperança.
No sonho que inventei.
Na perfeição que te inventei.
Espero por ti.
Mesmo que não existas.
Mesmo que não chegues.
Mesmo que te queira.
Mesmo que não venhas.
Espero por ti,
invenção minha.
Mesmo que me inventes.
Mesmo que eu não exista.
Espera por mim.
Não me inventes.

VAz Dias

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Felicidade inSatisfeita

Que é isto da felicidade que quando perdidos no tempo e das feridas lambidas e saradas encontramos um estado quase dormente? Onde a euforia deu a um estado neutral distendido pelos dias adiante? Onde o sorriso é comedido e a infelicidade quase se funde para não mais doer tão profundamente?
Que é isto da felicidade satisfeita? Coisa estranha…quase demente ou sensatamente.

VAz Dias


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Luz de Encadear

Estou horrivelmente impressionado com a luz!
Cantamos arautos de beleza e bondade
porque queremos sentir-nos melhor.
É uma trapaça!
Ninguém consegue tocar a luz
e partilhá-la com essa bondade ou generosidade.
Somos pequenos e mesquinhos de mais
para suportarmos a perfeição da luz.
Quem pode se atrever ensinar a quem não (realmente!) a quer?
Os outros que a publicitam não sabem a maldição
que é em tê-la!
A maioria vive na sombra e tantas são as vezes
que quero para lá voltar… seria tão mais fácil, tão mais comunitário.
Maldição de luz, que reproduz o pior de nós.
Se caminhar para a luz é encontrar a morte,
que chegue rápido...
aqui já para nada me serve...

VAz Dias

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Pretérito (Im)Perfeito

Sou duro porque a vida
me empedrou.
Tão duro e agreste
quanto o passado
me ofertou.
Tão pesado quanto
o fardo que o fado
me carregou.
Passamos a dor
e o descontentamento
-de um em outro-
até dizer que o
rancor acabou.
Até que o amor acabou.
Ou então amor
de quem sozinho acabou
é duro e empedrado
das épocas todas
em que o coração
ingenuamente amou.

VAz Dias

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Mata-me amor com toda essa tua vida...

E se não te tiver?
Morro com
as minhas palavras
até te sucumbir.
Mesmo que sejas amor.
Mesmo que passes
de vida em vida.
Em mim és fim
para nova escrita.
Mortes para nova vida.
Não me recordes
o quão pouco
vale a minha.
Sou pobre e perdido
na escrita.
Encontro-me e perco-me
cada vez
que o meu traiçoeiro
coração acredita.
Sou morte antes de vida.
Sou uma pequena via
que escorre como sangue quente.
Mata-me de uma vez!
Só para que seja diferente...
Mata-me amor
com toda essa tua vida...
Mata-me de repente!

VAz Dias

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Desculpa Inocente

Como se pede desculpa
sem ter a culpa?
Como se evita males maiores
sem estar presente?
Como não se sente
quando sentir
é de toda a gente?
Sejamos frontais.
Sejamos diferentes
dos demais.
Façamos das diferenças
as razões pelas quais
nos aproximamos
e nos entendamos.
Peço desculpa
por não mais entender...
por melhor
não saber fazer.

VAz Dias

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Passamos de hoje

São estas pequenas mortes
que em cada dia
nos levam à vida.
E se um dia morrermos
nunca tivemos vivos.
Realmente vivos!
Não te atemorizes,
amanhã a luz virá com mais força
e a morte será uma passagem
de hoje.

VAz Dias

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Somos Beleza de Ti

Comemoramos a beleza.
Comemoramos a certeza de que
os dias à frente são belos.
A sorte dos que passaram atrás. Comemoramos-te porque somos muitos. Porque te queremos.
Porque os dias são belos.
Porque és comemoração e nós
beleza por te contemplar.

VAz Dias

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A curva que mais gosto dela

É latente a curva
que o dia faz.
Perdemo-nos em conversas
banais.
Buscamos o desapego.
Queremo-nos para o momento.
Paramos o tempo
e dançamos os sentidos.
Rimos desvairadamente
como que gozando impensadamente
com o futuro.
A curva que mais gosto nela,
mais do que a dos
dias.

VAz Dias

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Estagnados somos o tempo perdido

Por vezes somos do tamanho
enorme do nada.
De preenchimento inútil do vazio.
Que o toque é tão dormente
e que somos como
a água estagnada.
A beleza é efémera.
A juventude passa.
A morte corre
em nossa direcção.
-A única coisa verdadeiramente
viva-.
Nem o tempo se desfaz
de vazio.
Ele é tão efémero
na lupa do espaço.
Contam-se os ínfimos
micro-segundos como
se para nada contassem.
Estagnados, somos o tempo
perdido
de existência vazia.
Valha o amor que se inventa.
Para que seja louco.
Para que seja tempo.
Para que preencha o pouco
da morte que se avizinha.
Que seja água que brota
no vazio
da eternidade pequena
do que valemos
na universal inexistência.
Que sejamos toque
sentindo um no outro
o que amanhã já não interessa.
Passamos tão depressa!
...passámos tão depressa.

VAz Dias

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A Imutabilidade do Querer

Somos inconstantes.
No meio desta loucura
permanecemos
como dantes...
diferentes.
Conscientes que metamorfose
em nós
é a própria rotação
do mundo.
Que nos dá voltas
à cabeça,
nos deixe loucos
e à lógica obedeça.
Somos loucos
porque por vezes
enquanto o mundo roda,
paramos tudo
à nossa volta
e juntos, abraçados
permitimos que a
imutabilidade das coisas
-só por razoáveis horas-
assim permaneça.
O amor é louco
e não há mundo
que do contrário
me convença.


VAz Dias

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Infinito de luz me queira

É aqui onde me encontro
neste exacto ponto
que resolvo
quedar-me.
Resolvo não resolver
a tempestade que é
brutalmente maior
do que eu.
De não resolver
a que naquele copo
se encheu.
Vou assim parar.
Ser a minha luz
de escuro.
Porque em mim
há tanto de escuridão
que à luminosidade
produz
como luz que à negritude
conduz.
Vou quedar-me por aqui...
a meia-luz
até que o tempo...
sim esse infinito de luz
me queira.


VAz Dias

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A . C U L P A . É . D O . T E M P O

A culpa é sempre do tempo
a que a morte duma relação
instigou.
Repisamos esse fim
até nos deixar de doer
e nos outros se fazer perder.
Magoamos os outros de forma vil
porque o tempo urge a dor
por não se afastar.
As pessoas que virão
julgamo-las inocentes
e fartas de bondade.
Mas não,
o tempo não perdoa
e por muito que perdoemos
quem nos deixou,
por muito que nos perdoemos
por ter odiado
quem um dia nos amou,
o tempo estando,
existindo…perdurando,
trá-la de volta para nos lembrar
que somos fracos.
Somos fracos de amor.
Somos fracos para nos
dividirmos de dor…
A isso chamamos amor.


VAz Dias

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Saudade da futura chegada

Já tinha saudades
antes de chegares.
E se for mentira,
também sou poeta.
E o amor uma invenção
que não perde
nem afecta.
Que seja hoje
o dia da nossa descoberta!
E libertar desta prisão
a saudade que antes de ti
já apertava.
Libertina ou liberta
matemos a saudade
ou a mentira.
Mas que seja entretanto
e depressa.
Porque já longa e eterna
era de ti a espera
e a saudade uma invenção
minha!


VAz Dias

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Lábios de Sonho

E ainda não tínhamos
privado.
Os momentos em que te olhei
olhavas para outro lado.
É de mim
perder-me no movimento alheio.
Nas almas de quem
dança para lá
do meu desejo.
Sim desejo.
Em todo segundo,
em toda a parcela de tempo
deste e do outro mundo
desejo.
Mas passas, desatenta,
ao romantismo que em ti vejo.
Desculpa-me a audácia,
mas não é de mim,
é desses lábios
que há tanto tempo
nos meus sonhos beijo.

VAz Dias

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Porta da rua

A meio da porta me deixaste.
A meio caminho de nós
ficaste.
Essa porta que abria
ao sabor da tua conveniência.
Não sou mais
porque já fui mais
da insistência.
Quem mais morava
na tua cabeça?
Para lá dessa porta
que por vezes se travava?
Que me travava.
És apenas uma criança.
Buscando menos respostas
do que eu para além
das tuas portas.
De uma para outra,
da derradeira
à primeira,
fui-me quedando à rua.
A iniciativa materializada
pelo desgaste
a que te acaricio.
A que os que atrás dessas portas
te acariciam.
Desgaste, não porque mais
te queriam,
são portas de mais
que se interpõem,
que colocas entre nós...
muitas mais do que
as que se deviam.
Deixaste-me na rua,
fora de portas,
fora de ti,
fora das divisões nossas.
Sou da rua
e tu não voltas.
Sou da rua
porque me viraste
as costas.
Fecharam-se mais portas
do que
as que se abriram.

VAz Dias

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Foges-me amor

A cada respirar
foges-me amor.
Com essa dor que me deixas
para a troca.
A voz trémula ficou rouca.
Gritei para ficares
quando estava só.
Gritei comigo
por te ter gritado só.
Grito só!
Desisto só!
Voltei e deixaste-me ir,
e de novo só.
Rouco está o coração
de te ter respirado.
Estou cansado e sem voz.
Perdemos a vez
após mais um desentendimento.
Falámos e arrependimento.
Fui quando queria
que me gritasses de volta.
Saí da tua porta
e desta vez com a voz morta.
Arrependimento.
E voz morta.
Desta vez...morta.


VAz Dias

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Era por aqui que vinhas?

Era por aqui que vinhas?
O trilho que te ofereci
em tapete vermelho
revela a porta que te abro.
Abusaste,
abro-te a porta dos fundos
como atalho.
Mas prepara-te!
O caminho agora é sinuoso
e empedrado.
Aproveita a bondade
e aceita a generosa oferta.
Ou o conselho
ou a hospitalidade.


VAz Dias

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Da próxima amarei para a vida

Ser-se uma inconveniência
na vida dos que se ama
é um defeito que se trabalha
em mais do que uma vida.
A sensação de oportunidade
perdida
uma vez e outra
até à exaustão
mata-nos.
Reduz-nos
à singularidade e ao espólio
da nossa intrincada imperfeição.
Tento evitar as desculpas.
Tento resolver a erosão
que crio no seu amor
enquanto morro de novo
e renasço do próprio perdão.
Pelos que amo
já morri mais do que renasci.
Da próxima amarei
para a vida.


VAz Dias

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Poesia ao mar

Sou embarcação lançada em mar.
Como se fora de papel.
O mar.
E a embarcação a poesia.
Escrevo os contornos
da ventania
e absorvo o advento
da maresia.
E o que ela escrevia
não se desalinhava em papel.
Ancorava-me em alto-mar
de travessia.
Ora revolto me colhia
ora brando me fugia.
Que papel a navegar
se ela,
ora vento
ora maresia,
não se interessava
de batel
ou do que descreve em mar
quando sua existência
era soprar,
seguir e se evaporar?
Poesia no ar
nem ao mar se fazia

Subtilezas em quarto nosso

É o sopro morno que leva a dor.
O suave sopro que como ave
passa a asa em costas agudizadas
Deita-te! Não demora nada.
Eu serei asa, sopro e água.
As mãos a asa.
O coração o sopro.
A dor curada, a água que tudo leva e lava.
Remeto os lábios para oportuna demanda.
Os cabelos teus cheiram a lavanda,
natureza que repousa nas costas da mulher
que me comanda.
Vai a mão em repouso passeando o carinho.
Afaga a dor na sua palma devagarinho.
São asas que levarão a dor de caminho.
Até ao outro lado para lá ficar guardada.
Sim esse será o seu destino.
Guardo a líquida morada para o fim.
Banhar o corpo em quente água.
Beijar-te o corpo em todos os poros.
Com tempo.
Com carinho.
Desprovido de outra intenção
que não o teu bem-estar querido.
Querida ama-me as asas,
que num sopro repentino
te levem as dores por troca
de um só pequeno mimo.
Adormece em paz nesta terna conchinha. Comigo.

VAz Dias

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Nesta calçada pisa quem eu quiser

Vou atirar pedras à parede.
Estoirar o silêncio
com palavras mudas.
Tu não mudas
nem as minhas palavras.
São pedras que cravas
em meu descontentamento.
São as mesmas que
escarro na calçada
abraçada ao meu pranto.
Pronto!
Tens aí o meu maior rancor.
Escrever de asa ferida
e palavra afiada.
Manda a pedra e rasga
a calçada doutra alma
por favor!
A minha empedrou
de tanta que sua excelência
me cravou!
Vai à pedra ou como melhor
te aprouver!
Nesta calçada
pisa quem eu quiser!

VAz Dias

Cai-me a pele de ti

A pele dói
enquanto troca para
estação do frio.
Gelei. Foi.
Foi-se o calor
da distância que eu amava.
Amo-te ainda.
"Ama nada".
Amo sim desta distância.
Desta forma desapegada.
Só pode ser assim
em tempo-luz ou nada.
Dei-te tempo e luz.
E tu ficaste por aí.
Silenciada.
Cai a pele que de ti
se revestia.
Fica aí fria
e a minha pele aqui
no passado enregelada.

VAz Dias

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Encontro-te do outro lado

Eu sou amor à distância e tu resides nas costas do sol.
No derradeiro dia antes do ocaso.
Não fomos feitos.
Estamos longe.
Encontro-te do outro lado.


VAz Dias

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Rogo ao céu
uma brecha de me salvar.
Um raio de sol
que me ilumine
e me inspire.
Não entendo.
Não te entendo.
Estou ôco por dentro.
Ecos estilhaçam por dentro.
Por Deus,
por céus,
por um cento de razão
que chegue o alívio
senão rebento!

VAz Dias

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Não tem mal. O meu tipo de amor aguenta qualquer tipo de egoísmo. É por amá-lo tanto que prefiro ficar comigo.
Não és tu...definitivamente. Sou eu...e ainda bem!


VAz Dias

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Corremos atrás de quem nos foge.
Fugimos de quem nos quer.
Amamos mais quem nos foge.
Somos loucos.
Loucos só pode!


VAz Dias

Não há coração para a troca

Para onde corremos todos?
Para quem corremos
tão abnegadamente?
De quem fugimos
tão ferozes?
Proclamamos paz
e distribuímos ódio civilizado
e sorrisos cínicos.
Fodemos por amor.
Fazemo-lo por egoísmo.
Partilhamos o mal.
Alimentamo-nos.
E vomitamos em depressão.
Corramos!
Diz que faz bem ao pulmão.
E o coração que se foda.
Não precisamos.
Não há para a troca!


VAz Dias

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É do tamanho do mundo

Tenho de te dizer isto.
Preciso que entendas
que não posso mais.
Não tenho tempo.
Todo do mundo.
Preciso que entendas
que o amor se guardou
em mim por inteiro
e que seria para o mundo
inteiro.
Preciso que saibas
que ele se entrega assim
e que na verdade
receio dar-te assim.
Ele é inteiro,
cheio,
intenso
e é de mim.
Queria que o pudesses
receber.
Como uma pena.
Um sopro da terra.
Um bater de asa de borboleta.
Se não puderes entendo
e ficarei com o mundo
e amor que lhe tenho.
Mas pensa por um segundo
o tempo que te tenho
é do tamanho do mundo.


VAz Dias

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Amor, tenho mais.

No meio deste ruído adormecemos.
A paz que encontramos
é a do conforto
da partilha das dores.
Mas não trocámos somente
as dores?
Não deveríamos sentir dor
mesmo que a do outro?
Talvez a partilha
me faça perder-te da dor
e tu de mim.
Provavelmente somos
reciclados para o amor
por via dessa partilha.
Deita-te em conchinha
com a paz.
Partilha.
Amor, tenho mais.

VAz Dias

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Choro em terra árida

Lágrima a lágrima
que em terra árida caiu
fez morrer o choro
e do futuro desistiu.
É lá que o pranto líquido
se secou.
Não há terra
para cultivar
nem lágrima para semear.
Soluço e engulo
para em minh'alma produzir
a espécie de terra fértil
que o futuro desistiu.
Choro seco
e um tiro no vazio...

VAz Dias

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Fim

Amar-te até ao fim,
(perdi-me).
Volto ao início,
sem ti,
mas na realidade
para que fim?
Sou o infante,
pequeno aspirante
do amor.
Não percebi.
Não sei nada disto.
Perdi-me...
o fim!


VAz Dias

Dignidade

Dignidade.
A capacidade de falhar
e manter a cabeça erguida.
Tomar decisões em conformidade,
poder cometer o erro,
e avançar. Dignidade.
Tentar não falhar
no mesmo erro duas vezes.
Para não magoar terceiros. Dignidade.
Manter a cabeça erguida
dos que se amam
mesmo após o seu erro. Dignidade.
Desistir do que não nos
faz bem
mas que nos parece reluzir. Dignidade.
Assumir a derrota
da nossa limitação. Dignidade
Amar até ao fim
com a dignidade do amor-próprio.
Dignidade.


VAz Dias

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Jovialidade de espírito

Ser-se jovem de espírito traz várias responsabilidades. Primeiro porque nos
cruzamos com os jovens. E aí temos de compreender o erro com o qual convivemos ciclicamente. Segundo porque podemos sugerir uma solução e aceitar que possa não ser aceite. Terceiro porque perdemos a paciência para o mesmo erro.
Quarto, oferecer maturidade se pedida.
Quinta, sorrir. A maior demonstração de juventude e maturidade.

VAz Dias

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Nada muda!

O lirismo é uma peneira.
O sol arde
e o homem arde.
Não há outra maneira.
Damos sombra
fraca,
e ali ficamos
à estaca morrendo
por dentro e cantando
à volta.
Lirismo de morte
que nada muda.
Nem o sol,
nem o mote,
nem muito menos
o tempo que nos derrete
e nos leva à morte!
Nada muda!

VAz Dias

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A diferença dela ser uma ilha

És uma ilha!
Uma afortunada e gigante ilha
que rodeada por mar
te enches de orgulho.
És única.
Teu traço define o limite da terra
que pelo mar entra.
És mar adentro
sem seres terra.
És mar por te deixares banhar.
Sou um navegante gaivota.
Procurar amarar e em tua terra voar.
Pintar nos teus céus cinzentos
as cores que vi doutras terras.
Mas és bela.
Rara.
Segura da tua diferença.
Até o teu cinzento
é a linha que não termina da terra
nem o limite do mar.
Cinza colorida
faz-me navegante voar.
Nas tuas terras o céu tomar
e tua gaivota das fronteiras cinzentas
dessa tua ilha me tornar!


VAz Dias

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Felina.
Complexo de menina.
Mulher que vaticina
a chegada de leão.
Dente-de-leão soprado sou,
seguraste-me em tua mão.
Agora era leão, algodão e tudo.
E agora não.
Sopra-me de volta a felino
em comunhão com a tranquilidade
com que passas o teu serão.

VAz Dias

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À espera de um milagre

Plantarei no vácuo
Que me deixas
em silêncio
as palavras que amaria
receber de ti.
Não como expectativa.
Mas como alimento.
Sobrevivo em greve de fome
e planto esperanças
em terra sem terra firme.
Dessa impossibilidade
florescerá algum milagre.
Mesmo que já deles não acredite.
Mesmo que o escuro
frio
desconhecido
vácuo seja um tipo de milagre.
Florescerá algo
de ti. Mesmo não sendo tu.
Mesmo não sendo nós.
Mas tem um sabor acre.
O silêncio teu
parte.
Espero o milagre.
Espero de verdade!

VAz Dias

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A insensatez sou eu como teu barco à vela em alto-mar

Dir-te-ei em nome
da insensatez
o quanto te amo.
Em cada dia.
Em cada vez
que também não to diga.
Em nome da insensatez
se mata
como tu me matas
todos os dias
com esse tão assertivo
silêncio sensato.
Dir-te-ei que te amo
ao passo que me mato
no teu imaginário.
Onde o romantismo
é um hiato.
Um barco à vela
em alto-mar
liberto e prestes
a naufragar.
Só sei amar assim.
Insensato
mato-me até ao fundo
do mar
que por amor
deixo passar o tempo
e as marés
e insensatez.
Para nascer da água
Vida
E reaprender a amar.
Insensatamente
Sou de novo
Teu barco à vela
Em alto-mar.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Chorar a separação das cores (mortes após atentado no Bataclan)

Acordamos do pesadelo
em lençóis brancos.
Com eles nos destapamos
para a negritude dos dias.
De olhos lavados,
neles secamos
o amor que temos pelo mundo.
Pelo mundo um do outro.
Pelo mundo dos outros.
Se tivéssemos religião
seria o amor
e nos enrolaríamos
em lençóis brancos,
e a única dor
seria "la petit mort".
Como se pode
tratar tão mal o amor?
Como pode o mundo
ser tão podre
e tão deslavado de brancura.
Não há cura.
Apenas amor.
Abracemo-nos
debaixo dos lençóis brancos,
onde somos das mesmas cores.
Onde as dores
são mortes de segundos
e em que morremos de amores.
Mas hoje choramos.
Pelos mundos.
Pelo mundo.
Pela separação das "cores".

VAz Dias

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Amor, desculpa mas não vai dar!

Não te quero ver.
Quero fechar os olhos
e sonhar-te antes.
Imperfeitamente.
Porque te quis
e em tantas oportunidades
te cansaste de mim.
Acordei e reagi.
Mas quero não ter-te
e ser-me metade de feliz.
O inteiro é um sonho
a que deixei de me privilegiar
e a metade
-a outra-
sou eu.
Amor, desculpa mas não vai dar!

VAz Dias

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Sem lamento. A contento.

Tu és o meu muro
de lamentações.
Porque te calaste.
Porque aí permaneceste
dura e quieta.
Estóica por defeito.
Impávida e eu pouco sereno.
Lamento!
Lamento seres isto.
Rígida e de xisto.
Lamento não te ser fiel
e continuar a chorar
a minha fé,
o meu desejo puro,
no teu tão duro e escuro
muro de lamentações.
Lamento não ter coração
para a tua pesada
armação de blocos
postos uns sobre outros
como falta de memória
ou saudade
ou humanidade.
Quando caíres,
partires ou já não resistires
à intempérie do tempo
lamenta essa verticalidade.
Lamento a tua verdade
e eu cá gritarei ao vento
e ao tempo
e de volta pelo menos
ar terei e não lamento.
Respirarei a contento
e tu mais não serás
a barreira que passei
a tempo. Sem lamento.
A contento.

VAz Dias

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Anúncio Preservativo

Protege-te!
Anúncio preservativo
do controlo emocional.
Onde andam os audazes
que de tanto arriscarem
bateram com o coração
as vezes necessárias
e o inflamaram à grandeza
da coragem?
Protejam-se os que querem
sentir menos!
Eu vou bater com o coração
em pessoas
porque sei que desta
também não morro.
Só inflamo como um balão
e subo ao céu da constatação.

VAz Dias

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Chama-se dignidade coração!

Exclamo a incerteza.
Exclamo o receio alheio.
Reclamo o bom senso
que ofereci em tempo.
E tudo deixa de ser límpido
porque somos humanos.
Se não nos encontramos
numa das extremidades
estamos na outra.
Ou somos os pobres abandonados
ou somos os pobres de culpa abonados.
Amor é ficção dos desastrados
do coração
e os senhores da razão
são realizadores do controlo
e emocional castração.
Vou explodir felicidade
para cantos onde o mundo
não é redondo
e estar de pé
é erguer-se à altura do coração.
Chama-se dignidade coração!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Sopra-me luz e beija-me em silêncio!

A luz que se esconde conforta-se no silêncio do beijo.
A luz que lá guardo é tua.
Agora vejo.
Guardo-a até ao nosso regresso.
Seja aqui ou no futuro.
Joguemos às cores e viajemos no tempo!
Sopra-me luz
E beija-me em silêncio!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Sonha um sonho por mim se não for pedir demais.

É no segredo das horas
Que me proponho
A ti.
Ao teu sonho.
Neste segundo.
Assim escondido.
Foi pelo teu sonho
Que vim.
Sonha.
Mesmo que não seja
por mim.
Sonha.
Porque tu mo fazes.
Porque esse descanso
me trazes.
Sopro-te de volta
Uns quantos sonhos
em bater de asa
De garças reais.
Vim em segredo
bater a pestana
para te sonhar mais.
Sonha um sonho
por mim
se não for pedir demais.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Serena

Serena.
Façamos amor com o tempo.
Façamo-lo apaixonar-se
por nós.
E assim juntos
pelo menos a eternidade
é nossa.
O espaço pode ser mais largo
e voltar será o sempre.
O tempo amar-nos-á!
Serena.
Fica contente

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Cair é lançar-se!

Precipita-se a chamada.
Sabes que ela vai cair.
Lanças-te e sabes
que vais cair.
Fazes a chamada
não obstante.
Sabes que vai cair
e lanças-te
para voltar a cair.
Arguto é o triste
que audaz é feliz
e cair...
pois cair é lançar-se!


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Fecho os olhos e lá estás.
Quando os abro
sinto-te sempre aqui.
Como adoro sonhar-te
de olhos despertos!

VAz Dias

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Princípios a Concurso

Viver com impulso
é espicaçar o erro
e falhar a vulso
deixando ao pedido
de desculpa o corajoso uso.
Mas é também
o mais covarde gesto
quando foi mais do que além.
Foi um abuso.
A razão? O meio termo? O sensato?
O que o outro sente.
O que a gente sente.
Peço desculpa...
se isso faz alterar algo.
Se faz algo diferente.


VAz Dias

O sempre do teu olhar

Encosto-me em almofadas
De couro baixas.
O incenso paira no ar
E de fundo uma bossa nova
Que me balança
Para perto de ti.
É o imaginário de ti.
É o entusiasmo
Sereno dos sentidos.
Sentado encosto-me
À lembrança
De como sorris com os olhos.
De como olhas.
Palpitas prazer.
Brando e agradável
Incenso a arder.
Trago o chocolate
Que como eu
Quente
Se adoça neste íntimo momento.
Nata almofadada
Que engulo
Contigo em mente.
Quem não mente
Merece pelo menos
Na esperança esconder-te.
Mesmo que não presente.
Mas o que é o tempo
Se o teu olhar
Sugere o sempre?

VAz Dias

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Beleza arde de dentro

Na terra das espécies
A sorte é a predominância
do que à natureza
Pareça bela.
E que bela!
E que fogo chegou
Do olhar dela!
Essa é a beleza que
Leva um modesto homem
O reconhecer nela.
-Atónito!
De pernas trémulas
Fiquei pregado...-
"Como um olhar brilha
E arde o olhar do outro?!
Como pode a beleza
Não ser um fogo
Que chega e nos incendeia logo?!
Como posso eu ser tão belo
Aos olhos que inventam
Beleza?!"
A donzela que o modesto homem
Faz poeta e que versa.
E que faz a promessa
De lhe devolver
Toda essa sua
Ardente
Insinuante
E serena
Beleza!
Bela é a natureza.
Natural é a interna,
Eterna beleza
que dela arde.
Pode a beleza
Ser a dela
E a que mais arde?
Não há nada que agora
Ou depois do contrário
Me convença.
Essa é a beleza.
A que arde.
A que pode!


VAz Dias
Se eu envelhecer guardas-me as rugas nos teus sorrisos?

VAz Dias

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...fotografei-te. nessas imagens a beleza e amor não tinham tempo nem desvaneciam. Apenas o papel em que foram reveladas. Revelaste-te!

VAz Dias

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U M . I N F I N I T O . S E G U N D O

Podemos amar no infinito do segundo
e nessa pequenez ver
retribuído o sentimento. Ainda que de tão pequeno,
tão ínfimo.
Podemos sempre lá voltar por um segundo.
...um infinito segundo...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Deserto de desejos

Não só o deserto se estende de ar e de terra.
É também da caminhada, que a dor se deixa para trás
e do amor que me leva a ti.
Mesmo que por fim lá não estejas.
Mesmo que no fim não me queiras.
Porque as pisadas que deixei para lá
já não as veja,
pelo vento que as desvaneceu
e pelo tempo que corre para diante
e o meu que assim deseja.
Para ti.
Para mim, a ti.
Como seja.
O ar engulo-o
e até ti cubro a terra.
E que me desejes.
Mesmo que não.
Mesmo que não estejas.
Levo a terra adiante
e sejas ar com que me beijes.
Mesmo que lá não estejas.
Mesmo que não me queiras.


VAz Dias

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Porque não tentaria eu a primavera nos outonos que precedem os invernos passados?
Ela passará. E a buscarei nas cores dos dias frios.

VAz Dias

Quando os nossos olhos repousarem

O que tem a vida senão o prazer de a desfrutar após os fins que também nela se encerram?
E quando por fim fecharmos os olhos definitivamente, não a fomos conhecendo ao ponto de tranquilamente a aceitar? Bem como à vida?
E se nessa viagem me acompanhaste saberás que não nos separaremos pela morte. Deus queira que na metamorfose nos encontremos como flores do mesmo jardim.
E se não?
Que sejamos o húmus que à flora dê vida. Que sejamos generosos ao ponto de não sermos isto e sermos o que a vida deseje de nós. Que sejamos Deus, ou Universo, ou Eternidade apenas por completarmos na nossa humilde pequenez, a grandeza do amor que um dia nos fez cruzar, e termos filhos ou só assim, com a serenidade disso tudo, um dia estes olhos nossos, repousar.


VAz Dias

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Amo-te Inacabado

Para ti não se acabam as palavras.
Existem para lá delas próprias.
Têm alma própria
e tu
apropriaste-te da minha.
Que maldade de tão grande vontade
que para além das coisas vai.
Vai o meu amor para lá dos tempos.
Arde.
Arde mais para lá
do inferno gelado
da palavra acabada
do amor acabado.
Há palavras por começar
e poemas por inventar.
Nunca me deverias
ter o fogo despoletado.
Não morre.
Nem para lá do inferno gelado
nem do poema acabado.
Amo-te inacabado.


VAz Dias

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Afinal foi tudo desabafo.
Diário partilhado de dor e reencontro de si.
Poesia de desabafo.
Poesia...?
Erro crasso!


VAz Dias

Amor Inconsciente

Sou fraco por ti.
Baixo as defesas.
Não me importo.
Porque nunca me perco de ti.
Nunca me encontrei
livre com alguém assim.
Amo-te sim.
Fico aqui como ar
extra quantidade
para lá da vida respirar
e do hino
para lá das canções
cantar.
Não preciso de todas as tuas palavras
só esse teu amor.
Só essa minha ilusão.
Esse meu sonho
que ninguém pode tirar.
Nem eu.
Amo-te mais do que a minha consciência!


VAz Dias

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Fingimentos do coração

O amor pode ser uma invenção.
Um fingimento.
Ou apenas uma esperança.
O amor é fingimento
porque agora existe e amanhã não.
O amor é viajante que passa de terra em terra e em cada um deixa parte do coração.
Deixa de ser amor? Não.
Amo o que finjo
mesmo não sabendo amar e pior,
não sabendo melhor fingir.
Fingimentos do coração.


VAz Dias

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Natureza e Cor convoca

Pequena princesa
de terras onde as cores
se confundem com a tua beleza,
porque vieste ao mundo
das cores transformar
a minha natureza?
É minha a terra
que pinto a passadeira vermelha.
É minha a verdejante copa
que te faz sombra
E o sol que se faz porta
pela luz que de ti chega
e nos encontra.
Bem-vinda pequena bela princesa
que a natureza e a cor
em mim convoca.

VAz Dias

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Percamos tempo sem noção

Por interposta eternidade
vi-me perdido em tua.
Por disposta realidade
encontrei-me ainda mais perdido
por mais que a razão me conduza.
No esquecimento do tempo
luz a razão e também
a contrariedade.
Tão certa por teu condão.
Por interposta eternidade
chegas agora tu
para dares mais tempo ao meu coração
e fazê-lo perder-se
em eterna mas esperada
convulsão!
Percamos tempo sem noção.

VAz Dias

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SOU-TE! ÉS-ME!

Eu sou o lúcido por te amar. Não por concluir que não te posso ter. Ninguém tem ninguém. Sou-te! És-me!
Sou lúcido porque amor para mim é sermos mais do que a pele, os tempos ou a posse. Também os outros que amamos.
Por sermos amor, transcendemos os limites de cada universo a quem amamos.
Somos quem amamos e não quem nos ama. Isso é algo que poderemos vir a ter. E isso é tão efémero.
Também sou por te amar à infinidade de universos!


VAz Dias

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Ama como se fosses água!

Há dias em que acredito na chuva.
Acredito em sair, livre, correr e de bicicleta rasgar o cinza dos dias. Destemido, deixar a água beijar-me a pele.
Há dias em que acredito suprerar todos os medos.
Mas hoje, voei com a chuva.
Beijo quem quer dançar connosco.
Ama como se fosses água!

VAz Dias

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AUDÁCIA AUTISTA

Posso ser um admirador secreto
que no eufemismo dos beijos
te faz elogios
e secretamente te oferece pecados?
Que incauto, te oferece esse manjar de prazeres não se assegurando de outros secretos
e mesmo de algum especial
e de igual forma em audácia autista?
Posso ser secreto e este ser segredo de partilha e tu seres segredo,
partilha ou só objecto de fantasia?
Moves a fantasia do homem.
Esse olhar esconde mundos.
O prazer é eufemismo dos mundos!

VAz Dias

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Somos a estática do movimento

Eu sou o dia que levanta a brisa.
Que de solarengo
planta electricidade na terra,
prenuncia voláteis encontros imediatos
e espera a tremenda tempestade.
Eu sou esse dia
quando a calma és tu que me abraças
e no teu olhar a electricidade
armadilha a terra que me suporta
os pés.
Eu sou o dia que tu prestas
à intempérie dos sentidos,
connosco nas ruas nuas
e dos preconceitos despidos.
Somos os dias,
com terra nas mãos,
os corpos armadilhados de tempestade
e prazer na descarga.
Nós somos o dia que pela noite
e os restantes se alastra.

VAz Dias
Se me posso apelidar de poeta,
se posso remotamente que seja
ser aceite por alguém como tal,
diria que sou um poeta de proximidade.
Com o advento destas redes sociais
aproximamo-nos nem que seja pelo imediatismo da "obra" e do sentimento.
O mesmo que toca instantaneamente
algumas pessoas que sentem aquelas palavras
como suas. Que se revêm num misto de visão do autor e a sua própria.
Percebo que o receio/auto-preservação de algumas pessoas em expôr os seus sentimentos resulte no conforto do que para mim como emissor seja natural e catártico.
Encontro com grande alegria todos os que de alguma forma se encontram nas palavras que articulo em poemas. Penso em adornar assertivamente os sentimentos. Trazer à arte e com ela a depuração das nossas maleitas e cantar hinos à esperança e ao amor.
Sermos livres como maior qualidade humana.
Um amigo ofereceu-me essas mesmas palavras a meu respeito, e que melhor forma de amor senão a partilha?
Obrigado por vos ter e as palavras nos fazer conhecer.

VAz Dias

A linha de silhueta

A linha de vida
que tão formosa te traça a silhueta
descobre em mim os sentidos.
O teu corpo é mais do que beleza.
É a minha vontade e tua exaltação.
Amor façamos mas com a audácia de quem nunca morrerá
e orgasmos múltiplos como quem nos mata de cada vez!
Prazer donzela?

VAz Dias

Passei

Não posso dar-te
aquilo que não sabes receber.
Não posso dar aquilo
que não sei o que queres ter.
Não saber é me demover
do tempo perdido.
Só tu podes ganhá-lo para ti.
Egoísta fico-me por aqui.
Busca esse caminho
que ainda para ti se afigura.
Passei à tua procura...
não estavas.
Passei.
Fui noutra aventura
não venhas à minha procura!

VAz Dias

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Solidão Acompanhada

As vezes em que ficamos sós
são as vezes a que à solidão
aprendemos a amar.
Nunca ninguém nos poderá deixar
de novo a sós
e por consequência
amar o próximo
será sempre de forma livre.
Amar é solidão acompanhada!

VAz Dias

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Levamos um pouco mais de cansaços para descansar

Volto a casa. Mais uma noite.
No corpo trago o cansaço.
No espírito mais umas horas.
Olho para pessoas.
Neste local somos todos iguais.
Mas vidas diferentes.
Cansaços diferentes.
Desconfio na luta de cada um.
Miudezas da gentileza. Pura.
Genuína.
Porque aqui estamos todos
de passagem.
-falta uma música folk, do género north by northwest, para acomodar estas palavras com contexto-.
Estamos de passagem para as nossas vidas.
Paramos aqui para um intervalo enquanto nos encontramos nas diferenças.
E seguimos.
Levando um pouco de quem não conhecemos
para outras paragens.
Levamos um pouco mais de cansaços
para descansar.


VAz Dias
Mudar de vida é ver as coisas pela primeira vez.
Tornar o passado tangível.
Hoje toquei o futuro.

VAz Dias

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S Ó . A S S I M

Não sei como está o dia lá fora.
Nem me interessa!
Interessa-me sim
se vens cá para dentro
-para dentro de mim-.
Tenho um dia inteiro,
um dia inteiro para ti.
Amanhã veremos
se queres mais dos dias.
Se estar lá fora
é estarmos dentro dos dias,
do outro,
um do outro e assim.
Por hoje
não quero saber do dia lá fora.
Quero dar-te
um dia inteiro.
Cheio até ao fim.
Talvez tão cheio
que nem fim tenha.
Por hoje amor...
Só assim...

VAz Dias

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Mandei o amor esconder-se.
Porque raio em ti?!

VAz Dias

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S A B O R . A . S E M P R E

Mesmo que não saibas as palavras,
saboreias o fundo delas, porque lá no fundo,
ambos nos ouvimos.
Ambos nos encontramos. Ambos falamos o dialecto
do afecto
e da intemporalidade.
Se fores embora
já ficaste.
Se voltares
nunca de cá terás partido.
Sabor a sempre.

VAz Dias

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Mudo, se a não queres escutar.

A voz ia-se calando.
Como rouquidão crónica
forçada à canção do teu silêncio.
Canto soluçal em chuva fria
que definha.
Que grita quando se perde.
Que grita quando te perdes
dos dias de aguaceiro quente.
Não me serve a voz para nada
-nem ninguém-
se a não queres escutar.
Serve para gritar que te amo.
Mesmo mudo.
Mesmo se mudar.
Gritarei mudo que te amo
mesmo se o mundo
me quiser a voz escutar.


VAz Dias

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É do sensato agradecer os dias maus, sobretudo nos dias bons.
Porque dias bons somos nós que os fazemos,
sobretudo em dias maus.

VAz Dias

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Aprendi com dores a crescer asas. Depois eram elas que me doíam de tanto querer voar. Doíam também por crescer.
Mas caí. Algumas vezes caí para voltar a aprender como se anda. Caminhava e batia asas.
Vôo mas sinto agrilhoado naquilo que me parece a alma pequena - o peito, os pulmões e claro, o coração - o aperto de ser feliz. Como descer a pique e sentir um medo retumbante. Faz parte do vôo.
Às vezes sonho que não tenho medo.
Às vezes tenho medo de ser feliz. Mais do que descer a pique para a infelicidade.
Incomoda-me este peito preso quando tento voar.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Não posso! Entendes?

Sou uma constante de desmerecimento.
De tentativa falhada.
Sou o máximo de mim
e para além.
Não chega!
Quem entende, quem?
Nem eu.
Canso-me das pessoas
menos do que elas de mim.
Não ser de ninguém
para ser de todos é um mundo
de desencontros
e afáveis esperanças.
Ou então, não!
Tudo está bem
e eu busco o além de mim.
Essa busca inquieta...
essa revolta que sempre
amanhã espreita
para debruçar-me no desconhecido das gentes.
Que cansaço!
Que agrura!
Que alegria da aventura.
Porque me levam os diferentes?
Porque me deixo eu levar
ainda como dantes?
Não me posso perder de novo.
Não posso!
Entendes?

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Se ao menos me sorrisses

Vou ficar por aqui.
Ela sorri.
Facilmente se sorri.
Não anseio.
Não espero.

Não te vejo.
Ficamos assim,
julgando o tempo
e a probabilidade.
Bastava termo-nos
sorrido com a seriedade
que o amor nos cobrisse.
Vou ficar por aqui...
(se ao menos me sorrisses)

VAz Dias
É da intensidade que me emprestas que te arrebato para o silêncio?

É o silêncio a cama onde fazes amor com as palavras e deixas o homem em rua fria de luz escura?

Porque me acendes velas e sopras se sabes que derreto na mesma?

Apaga-me e tira-me daquela rua!


Somos menos do que os dias
que nos trespassam
com distância.
Gritante predominância
de nadas.
Era suposto partilharmos
esses nadas.
Era suposto termos sido.
Não uma história
para o esquecimento
no futuro arrumada.
Fomos tão mais do que isso.
Mais do que tempo perdido.
Mais do que em ti
me ter perdido.

VAz Dias

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A alma que suave arda

A tez de ti é a razão porque escorrego suave.
Em ti e depois em nós.
Depois caio em mim
e sei que é à pele de nós
que te sinto mais por dentro.
À pele de nós
que à calma guarde.
Que à alma arda,
mesmo que suave.

VAz Dias
Um orgasmo pode ser a preto e branco.
Um suspiro pode evaporar.
E não estar é estar em ti.
Todas estas palavras vieram de ti.
Foste tu que assim as fotografaste.
Fazes-me estar aí.

VAz Dias

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Podia dar-te tempo.
Mas onde ficaria a eternidade?

VAz Dias
A confiança é uma moeda de troca que perde valor com o tempo. Rapidamente as pessoas que a pedem deixam de lhe dar uso. Endividam-se a juro de liberdade preterida.
Há quem lhe chame fidelidade de forma seguradora.
Eu chamo-lhe empréstimo obrigacionista.
O amor é complicado.
Eu sou livre.

VAz Dias

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"Amor, se estiveste com outra pessoa porque não me convidaste?"
Foi o amor que não acreditou em mim.
A nossa relação depauperou-se mas eu aceitei que seguisse o seu caminho. 

Faz de Conta

Faz de conta que aqui não estou.
Faz de conta que nunca estivemos juntos.
Faz de conta que estivemos.
Faz de conta que me ames.
Faz de conta que eu também.
Faz de conta que eu aqui não estou.
Faz de conta que só temos uma vida.
Faço de conta com as palavras,
que faço conta em te ter.
Façamos de conta que jamais nos iremos ver.
Façamos de conta que isto foi de conto.
Nunca te amei nem vou!
Nunca sentirei um aperto no coração.
Nunca farei de conta.

VAz Dias

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Morro por instantes

Gritas-me os silêncios que chorei.
Em cada lágrima um soluço, um segundo que passou.
Esperei.
O silêncio chegou.
Voltei a calar-me de soluço.
No vazio molhado
que secou a minha terra.
Morro por instantes.

VAz Dias
Tento de novo,
como sou
-louco-,
cantando em surdina.
Como cotovia em dias de outono.
Vejo o verão de um ano,
do sol do meu contentamento,
esfriando.
Sou poeta. Vou ficando.
Só os que sós ficam
sabem aquecer-se de frio.
Tanto!
Amo-te enquanto te vejo em sol para inverno gelando.
Onde me aqueço de ti, quando de sol me perdi?
De calor me perdi?
De amor gelei?
Se fosse um comum mortal, morria de amor.
Sou poeta.
Morro ao sol de inverno gelando...
é pior!

VAz Dias

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É ao mundo que desejo.
A cada universo que comigo
se intercepte.
À infinidade de possibilidades,
físicas ou imateriais,
sem tempo e para além de espaço.
Nunca a saudade será pequena
por inexistência destas minúcias.
A cada uma que amei, amo.
A quem tiver de percorrer depois também.
Sejam corpóreas ou da minha imaginação,
que amam
e as que agora não.
Quero-vos!
Ame-se ao infinito!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Amar é pecado e eu acertei ao lado.

Nem para pecador sirvo.

Que Deus me perdoe...


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Perdemo-nos.
E depois um do outro.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Deito-me aqui neste leito teu, onde somos donos de um céu.
Duma paz.
Da cumplicidade.
Deito-me neste leito que é a escolha do teu corpo. Mesmo que aqui não estejas.
Mesmo que aí não me queiras.
Para já.
Para lá da espera.
Deito-me neste leito do teu olhar e que sonho.
Vou-te sonhar.
Amor vou sonhar.

A beleza é uma pintura que se esbate com o tempo. Só a que foi pintada com alma, com cores de criança e tons dos sábios antigos, perdura no olhar dos que perderam noção de luz.
És um traço com cores vivas da inocência e firmeza da tinta madura. Não sou um pintor. Sou o que da luz pouca crença ainda se toca, mas que sente cor do reflexo das águas puras. Tenho sede de arte!

VAz Dias


‪#‎palavradejorge‬

M A T A - M A!

E a saudade é insana.
Atingindo-nos como se privássemos.
Como se fisicamente estivemos próximos.
A saudade momentânea.
A perdida pelo tempo.
A saudade que o tempo moderno estranha.
Sou dessa saudade.
Sou louco!
Mata-ma!

A beleza está nos olhos de quem vê

E se os olhos se cansarem
de ver tudo?
E se as imagens construídas
cansarem de tão igualmente
belas?
Cerraremos as pálpebras
para não ver mais?
Descobriremos beleza na escuridão?
A beleza, parece-me,
estar nos olhos de quem vê.
A escuridão como o silêncio,
ou mesmo a solidão,
depuram a beleza.
A que nos pareça.
A que nos pertença.


VAz Dias

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Há maldição
na mão.
No juízo ou razão,
no jeito ou sentimento
que lavra no coração
de um poeta.
Ou artista. Ou aldrabão.
Ou se engana
ou se calhar eles têm razão.
Escreve e perde a mão.
Não escreve, ajeita.
Ajeita frases que com sorte prometa.
Lugares comuns
com que se comprometa
e facilmente confirme
a falta do tal jeito
a que se ajeita.
Maldição por escrever.
Maldição.
Que falta de jeito!
Pfff... poeta...


VAz Dias
A criação só vale pela metamorfose a que o tempo se permite. E mesmo por ela, pelo seu ocaso, deve a si recriação.
Invento-te de novo!
VAz Dias

APARECE!

Os dias passam.
O jeito perde-se.
A palavra esmorece.
Aparece!
Com o mesmo condão
com que te entranhaste.
Aparece!
Porque na minha criação
a neblina é a constante
e a saudade evapora.
Peço-te,
Aparece!

VAz Dias

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De que vale conhecer as palavras se não lhes reconhecemos alma?
Se não as amamos a todas e na mesma quando elas nos fogem?
Amar é a palavra mais difícil.
De madrugada quando o dia ainda se esquece de ser dia
e os homens dormem,
há palavras que despertam
e que obrigam alguns deles a acordar.
Nesse momento é à alma das coisas
a que recorrem.
Não nasço para o dia.
Néscio sou do pesadelo
que dança despido
e de esquizofrénico riso.
E no asfalto quente e molhado
salto de palavra em palavra
e na alma delas
e na alma das coisas, repiso.
Debito palavras. Acordado debato
se de facto a razão lhes
assiste.
Não conto os passos do seu bailado.
Da métrica e da imagem
não lhes assisto.
Canto a alma das palavras
enquanto embalo o ardor dos olhos
ou que no leito da alma
a deixa triste.
É na madrugada que as palavras
ganham alma enquanto o homem, descansado,
delas desiste.
VAz Dias

Adocicou-se a boca

Adocicou-se a boca.
O verão atrasado em alguns dias,
serviu a simplicidade
dos fins de tarde
do outono quente.
Como a crença em dias melhores,
como a sapiência dos arautos dos amores.
Como um homem contente.
Como se tivera sempre.
Adocicou-se a boca na semente
dos fins de tarde
deste outono quente.


VAz Dias

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Porque nos move esta obsessão pela beleza? Porque no final de tudo ela era a escolha primeira? A beleza que tudo desculpa. A beleza que sugere bondade. A beleza do parecer antes do ser. Somos movidos por ditâmes genéticos que nos "enfraquecem" a escolha e maioritariamente decidirmos o belo sobre o bom. E o quando é bom, maioritariamente é, por ser belo.
Como o novo para o mais velho é sempre belo. O homem alto e robusto é sempre mais belo. O poder para quem o tem é sempre belo aos olhos de quem o segue. Os homens feios não ganham eleições. Os altos levam vantagem na entrevista de emprego.
É a selva e o mais forte é belo. Nesta nova selva urbana onde a imagem prevalece ser forte é ser belo. Ser belo é ser forte.
Ser bom é ser belo.
Ser culto é ser belo.
Ser sensato é ser belo.
Tudo o resto é natureza e dádiva e é belo pois que seja. À vista e aos sentidos.
Sei que ser belo um dia, seja ser mais do que parecer, e nos olhos se ver, a beleza seja vista para além das cores primárias.


VAz Dias

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Sinto sussurros teus.
As palavras que não ousas
conceder-me
tenho-as aqui.
Eles são teus
e elas minhas cativas.
Não te entrego mais minhas
porque não as podes ter.
Não por eu tas oferecer
livremente,
mas porque te prendem.
Não sou eu que te prendo.
Nunca foi pretensão.
Mas se não te sentes livre
desprende-te das palavras
e de mim então.
Segue esse que é o teu amor.
Ficaste no meu coração.

VAz Dias

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Quantas horas tenho
para voltar a morrer de amor?
Quantos minutos tem que doer
para me recompôr?
Não sei o que é esse vosso amor.
Não sou conformista
nem plenamente feliz.
Mas sei que se tiver
de acabar
experimentamos uma nova vida.
E se um dia morrermos
dessas vidas todas,
morremos menos sós
ou menos felizes?


VAz Dias

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Quero tanto que se silencie
o amor na minha cabeça.
Trocar por palavras
e que se dispersem por
quem as lê.
Não quero que saibas
que me enfraqueces.
Não quero que estejas
na minha cabeça.
- que sejas amor -.
Se me foste boa
deves estar nas melhores
palavras que pelo mundo
se presenteia.
Como preces.
Quero que te apresses
a sair daqui.
E no coração esquece!
(nunca de lá saíste)
- mas não quero que se
saiba por aí -.
Mesmo que não me
saias da cabeça.


VAz Dias

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Irrompe este grito

Irrompe este grito,
molhado e mudo,
pela noite.
Quanto mais rápido vamos
mais ele corta.
Mais de nós confronta.
Paremos.
Molhemo-nos no meio da estrada.
Sejamos via para a palavra
e deixemo-la entrar
e em nós ser morada.

VAz Dias

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És em tudo igual menos a personagem daquela película. E a lágrima que deixei verter no árido de mim, é tudo menos amor de quem perdi. E tu... (não posso fazer fé pela minha história)
és demasiado real para eu inventar amor.
Quero que sejas a personagem até o filme acabar...

VAz Dias

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É o traço da face.
O olhar escuro
compenetrado
e penetrante
que em terras de tez alva
provoca os opostos.
És a beleza dos opostos.
O segredo dos sentidos
a postos.
A rigidez do maxilar
que traça a linha
demarcadamente forte
contrasta com a pureza duma pele de brisa
em terra desse erguido forte,
a face do olhar fechado
que o viajante se destine a tal sorte.
O que vai em terra
que aos céus suplique
o que um homem quer
e que na realidade pode?
Mas é a terra que se busque
sem destino e sem medo
da morte.

VAz Dias

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A bem do dia seguinte!

É a noite do desejo.
O conselho é deixar ir.
Agarrar o momento
e deixá-la nos guiar.
Até para lá da escuridão,
para o limiar
do dia novo.
Façamos arder
na queimada desta noite
o que de mal
deve morrer.
Façamos a noite
nossa
para sermos do dia seguinte.
A bem do dia seguinte!

VAz Dias

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São os ligeiros momentos de serenidade que nos deviam ser reais para que a restante existência passasse a ser suportável.

VAz Dias

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A Z U L E R A A M O R T E

Azul
era
a morte.

De serenidade apenas
o silêncio com que desvanecia de si.
Sangue que escorria
em amor pisado.
Dor de agrado
e nos momentos de si,
de silêncio,
deliciada com a morte azulada.
A paz era afinal encarnada...viva
e molhada.

No silêncio seu,
viva,
vulva...
vingada.

VAz Dias

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Desdobravas-te em tarefas,
eu flutuando nas minhas buscas,
inspirei sabores de vidas passadas
(por momentos parecia
que vivera algures partilhando uma época contigo).
Seguia nos meus preenchidos nadas.
Algo se vislumbrava nos espaços por onde caminhava.
Havia luz.
(Seduz-se a alma passada.
Recorda-se.
Voltava-se).
Não era eu,
era essa alma recordada.
Talvez a face.
O sorriso.
A pose.
A simpatia filtrada
destes teus todos.
Todo eu também sorri.
Havia familiaridade.
Sorri-te.
Davas-me o condão da tua atenção.
O sorriso que pelo tempo passou.
Passado ao futuro embarcava.
Livre foi o sorriso
que pelo tempo se emancipou.
Demais não foi nada.
Foi um pequeno tudo.
mais nada!


VAz Dias

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D E S A P A R I Ç Ã O

Longe vão as horas
distendidas pelos
dias eternos da tua
desaparição.
Nunca me tinha apercebido
que o tempo eterno
em ausência
é nada concretizado
em ar despedido.
Despedimento do universo
por outro.
Eternidade seca.
Escura.
Arrastada à morte. Morto.
Desapareceste na escuridão.
Desaparição.

VAz Dias

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Sedução.
Seja a noite.
A estrada nua.
O esconderijo dum olhar. Sedução. Escondes subtilmente toda ela na mão. Dedilhas fotogramas na noite. Sedução. Nuas são as estradas da tua inspiração. O olhar e as palavras guardam-se. Suave são as mãos da tua sedução.


VAz Dias

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Há um frio que se abate na alma.

Há um frio que se abate
na alma.
Um tremor invisível
da calma.
Tudo fiz e faço pela serenidade.
Acordo e o mundo discute
a possibilidade
de eu poder desvendá-lo.
É em estado inquieto
que sinto um abalo...
um qualquer prenúncio
de um desfecho trágico
nos meus sentidos.
Há dias que não
deveriam ser sentidos.
Treme-me a mão.
Treme-me a terra
sem chão.
Todo o meu céu
será um dilúvio
de comoção.
Tenho de fugir.
Hoje tenho de encontrar abrigo
num qualquer coração.

VAz Dias
Desde pequeno
que perco palavras.
As certas nos momentos
certos.
Só quando estava sereno
elas me pertenciam
e se harmonizavam
com o discurso.
Fui dando uso
e descobri outras.
Quando escrevo vou
encontrando facilidade
em as encontrar.
Encontro alguma paz.
Algumas palavras necessárias
para a verve aquilatar.
Mas ainda me faltam
as outras todas.
As que ainda não falei,
muito menos escrevi...
para as almas inquietas
e a minha serenar.
As palavras estão guardadas
e eu busco-as mesmo
quando as perco.
Mesmo quando as encontro
e nelas me perco.


VAz Dias
Vês este silêncio todo
com que te respondo?
Vês tudo isto que te dou
e que queres?
Vês todo o amor?
Eu sei que são só palavras.
Cantadas dos teus
silenciosos nadas.
De tudo o que me fazes sentir
ficam os nadas.
Somos menos. Um sem o outro...
Somos menos mesmo
que tenhas tudo
e eu seja o restante.
O rastejante nada.


VAz Dias

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Insano sou eu

Insano sou eu.
O único!
O que se apaixona
com a facilidade de um suspiro.
Que vê num sorriso
a porta duma alma
e nela já ter vivido.
Louco!
Mil corações pequenos
que se inflamam
a cada olhar.
A cada olhar para me perder.
Perder para no próximo coração
reencontrar diferente.
Reencontrar-me diferente.
Minto. (sou louco)
As minhas verdades
são inverdades dos outros.
Mas é assim que amo
e desamo.
Sou eu.
Louco.
O único insano!


VAz Dias

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Somos todos loucos

Somos todos loucos.
Seguimos quem nos
maltrata.
Amamos quem não nos
quer.
E somos mais do que uns
poucos.
Mais de metade.
E faz-se tarde
porque parece que assim
ninguém quer.
Somos loucos.
Sem razão.
Com coração
de sequestrado.
Agrilhoados livres
de esperanças pequenas.
De promessas pequenas.
Somos todos loucos
por aceitar pouco.
Os bons são poucos.
E os restantes vos digo
Pequenos e loucos!
Pequenos e loucos!


VAz Dias

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Aconteces!

O que te tenho
é novo.
É carinho e compaixão.
É docura e ardor.
É fogo amigo.
É amizade desapegada.
É por tudo e por nada.
É querer estar contigo
e deixar-te ir
de abalada.
É voltares e querer
dar-te tudo o que sei
e beber o que
nesse olhar
seduz as espécies.
As fêmeas.
Os machos.
Tudo o que mexe.
Como me mexes!
Quero isso mesmo.
Nada e tudo.
Não te apresses!
É novo! Acontece.
Aconteces!


VAz Dias

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O que é alguma coisa de nada?
O que é alguma coisa real de virtual?
Foste tu.
Produção imaginada.
E eu fui?
Não fui só irreal.
Mas ficámos em suspenso...
como protecção de ecrã.
E segues.
E eu sigo.
E no entanto algo está mal.
Algo verdadeiro se inventou.
Fico em suspenso como um botão.
A um clique de anulação.
Não não foi!
Não não fui um crédito
para gastares em remissão.
Sim sou louco.
Por te ter criado no meu
discurso
um produto do meu emocional.
Fiquei em suspenso.
Deixaste-me realmentente suspenso
da tua vida real.
Clica nesse botão e anula
facilmente esse teu sentimento virtual.
É melhor do que estar em silêncio.
Em suspenso de estado terminal
duma parte de nada.
Parte! Não há nada!
Não houve nada!
Foi tudo virtual.


VAz Dias

Sou mágico. Desapareço de mim.

Sou mágico.
Desapareço de mim.
Não há quem me substitua
na função de me ser.
Tenho de retornar a mim
quando já me desprendia.
O meu corpo traz a solidão
e eu de volta ao corpo
como castigo.
Onde está o seu corpo
onde me posso desaparecer?
Quem me fica
para eu me anular?
Quero descansar de mim
para ser outro
noutro corpo.
Quero não ser por um pouco.

VAz Dias

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Perdemo-nos por meio da multidão

Um dia quando estivermos sós no meio da multidão,
fitar-nos-emos,
e o amor estará nas costas de cada um.
E a multidão será nossa,
tão nossa de desamor.
E de solidão.
E de perdição sem o outro
no meio da multidão!
Juntos estaremos no alheamento...
no desprezo e insignificância
da imensa multidão.
E ainda mais
da nossa partilhada indiferença
perdida pelo meio da multidão.

VAz Dias

Vou sair fora e levo o coração

Não calamos a voz
da preocupação.
Acordamos do sonho cansados.
Deitamo-nos com o espírito
descansado. Sem culpa.
E no entanto o mundo,
os nossos,
a vida do dia-a-dia...
tudo preocupa.
Todas e quaisquer palavras
pesam.
Todos e quaisquer ruídos
rugem.
Assustamo-nos
da nossa frágil condição.
Hoje tremo de medo.
Não por culpa!
Mas por não ter paz
nem muito menos convicção.
Talvez seja só hoje.
Talvez fuja por momentos
para as palavras.
Venho para aqui.
Para a beira dos assustados
e que nas palavras
buscam acomodação.
Mas tenho de sair entretanto.
Tenho de mexer.
Provocar na minha alma
o aparato.
Antes que fique sem terra.
Sem chão.
Parto.
Deixo as palavras de parte
enquanto salto.
Tenho de lutar
contra o que me retira paz
ao desbarato.
Vou inventar.
Improvisar.
Sou capaz.
Sou capaz de sonhar acordado
e inventar um novo quadrado
e deste sair fora.
Contínua função!
Vou sair fora
e levo o coração.
Sem medo.
Com convicção!


VAz Dias

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Fazes-me falta!
Repito-me à exaustão
e repito-me para calar
a boca...
menos do que o coração.
Menos do que a vontade.
Menos do que as vezes
em que me lembro de ti.
Fazes-me falta
por eu nem saber
o que é amor.
Por não saber
o que é sentir
a falta de quem se ama.
Mas faltas-me!
Quando na penumbra
não te consigo imaginar.
Quando na luz
não te consigo ver.
Quando no fogo
não consigo arder.
Fazes-me falta
para eu me perder.
Para tu me perderes.
Para te fazer falta.
Para tu não me morreres.
Fazes-me falta...
Tanta falta de morrer...


VAz Dias

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Devo acreditar que Deus
me acompanha.
Por muita razão que a realidade
demonstre
(há dias duríssimos proporcionados por ela)
E passo a acreditar.
Principalmente nos dias
da dilacerante realidade.
E a fé traz-me
pequenos milagres
do dia-a-dia.
Hoje estou feliz.
Vi bondade pela minha.
Vi vontade como a minha.
Soprei ao mar
duma brisa que já de lá vinha.
Foi Deus que inventou o ar
e as palavras que por mim
escrevinha.


VAz Dias

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Revolto-me com a inaptidão.
cada vez que assim me sinto.
O meu corpo salta do marasmo
e arrasta a alma.
Às vezes é a alma, que calma,
convida o corpo a voar.
Mas são mais as vezes do inconformismo.
Deste absoluto contraste
com a serenidade
com que outros abordam a vida.
Ferve o corpo.
Aquece o copo
que meio cheio
se agita e dá corpo
à verve.
Vou voar breve,
mas com o fogo
que o meu destino pede!


VAz Dias

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VOU EMBORA DE MIM

Vou embora de mim.
Ficaremos todos melhor assim.
Sou do mundo.
E ele chama. Incendeia.
Queima se páro!
Vou dar uma volta
ao meu mundo
e chegar ao meu fim.
Provocar uma cadeia
de acontecimentos
e parto!
Farto. Cheio de voltas
do realizado passado.
Audaz e capaz
de cumprir o meu destino.
Vou dar uma volta
ao meu mundo.
Vou fazê-lo assim mesmo,
sozinho!

Todos querem amor

Todos querem amor.
Eu também quero coisas
que todos os outros querem.
Como ir à lua
ou ganhar asas.
Mas não sei o que é
cada uma delas.
Porque perdemos tempo
com coisas que desconhecemos?
Dá-me de ti o que desconheço
e eu dar-te-ei tudo o que sei.
Se isso for parecido com amor
inventaremos um novo sentimento.

VAz Dias
Caminhamos estóicos e altivos.
Seguramos as dores dos aflitos
e guardamos no coração
o pranto que ecoa
nos becos da escuridão.
Somos menos sós
de tantos que ajudamos
como nós.
Solitários de sorriso,
intrépidos.
Aventureiros da exclusão.
Choramos p'ró mar
esses prantos
e regressamos com as estrelas
que guiam por cada noite...
por cada manto
que abraçaremos os nossos
deseperançados irmãos.
Sou menos um
que só não deixa outro perdido.
Sou menos um
que a um mais convido
para esta oração.
"Seja eu criança e filho
do céu,
e sejamos os que da luz
do dia à noite conveceu,
voltar a iluminar os sonhos,
os nossos sonhos perdidos e
que se tornaram breu.
Somos todos filhos
do mesmo céu!"

VAz Dias

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L U Z * N E G R A

Descobri tempo como quem inventa um novo jogo.
Descobri que passo o tempo sozinho
para que existas.
O erro é meu pela imaginação te ter feito
tão impossível.
Mas a vida e o tempo assim são mais alargados.
Vivo e imagino.
E corro atrás de ti.
Lentamente.
Mas em velocidade de luz negra.
Brilhas e eu rapidamente
chego a ti.
Mais do que alguém.
Serei o único
e tu
a luz negra que me brilha duplamente
a brancura.
A inocência que se esconde
lá dentro,
na parte mais escura,
e tu em mim
porquanto no infinito perdura.
Mesmo que não existas.
Mesmo que seja apenas fantasia.
Mesmo que sejas luz-negra.

VAz Dias

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A T I R A S T E - M E . P E L O . T E M P O . F O R A .

O tempo desvanece-te.
Os meus olhos
perdem-te em água
como cataratas de enfermidade.
Cansaste-me de terceira idade.
Fizeste-me miúdo
e atiraste-me
pelo tempo fora.
Os olhos seguiram a corrente.
Não choram.
Apenas seguem liquidamente
de quem envelhece de vista
antes que a memória morra.
Atiraste-me pelo tempo fora.

VAz Dias

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Se não escrevesse matava a solidão e tudo o que dela me acompanha. Levava desta para pior, por não saber se o dia seguinte também ele seria, o que alguém deve saber.
São feridas abertas em sal grosso as verdades que sustento. Dispenso uma ou duas, mas as gentes sabem mais do que eu deixando-se na ignorância. E agora não há volta a dar. O sal arde a solidão como ferida que volta a cicatrizar.
Porque quis eu saber disso?

VAz Dias

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E no teu olhar repousavam fantasias
que buscaras das películas em retrocesso.
Querias que os fins felizes voltassem ao início
porque aí me encontravas
e aí nascia a verdadeira aventura.
O início de tudo!

VAz Dias

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Escrivão do Coração

De que me vales
se não te valho?
Como sou eu tão sem sentido
para ti
se a outros sopras
e só ecos de surdez
de lá te balançam?
Se o meu jeito
não te ajeita
e não te agita
porque me usas como teu
escrivão.
Como um escravo do coração?

VAz Dias
Entre o querer e o ter, um dia o poder definirá o desfecho. Ter não é poder, é o querer. Ter é redutor. Querer é constantemente sedutor.
Quero-te!
VAz Dias

Corre o tempo para trás

Corre o tempo para trás.
Calamo-nos e arrepiamos
caminho para trás.
Uma e outra vez mais.
Desconfio que me convidas
a conhecer-te de novo.
As vezes necessárias.
A fazer recontagem.
Mas canso-me.
Não quero mais.
Sou de voar
e seguir viagem.
Estou confiante que a aventura
seja de cada um se conhecer
num novo ambiente,
num novo nós.
E com a brisa do futuro
ganharmos asas e voarmos
a contento.
A aventura de nos descobrirmos
a sós e de seguirmos.
Voando, inventando
e descobrindo juntos
ou fazendo-o a sós.
Desde que para trás
não se faça o tempo
com ou sem "nós".

VAz Dias

Vício

Vício.
Confundes-me.
Na ausência continuada
minha ressaca assumes.
Surges de sorrisos
e deslumbramentos.
Nas tuas mãos
sou instrumento
dos teus intentos.
Vício, corresponde aos meus
lamentos.
Senão larga-me!
Porque eu só
não consigo.

VAz Dias

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Abdico

Abdico.
Abdico do jogo como sempre o fiz.
Nunca julguei que fosse bom para ninguém.
De que vale a pena, se fica a sensação que nesse jogo de sedução, a ganhar, apenas um dos lados leva de vencido um outro?
Abdico.
Deixo de ir a jogo mal sinto que o outro assim o deseja. Sabe-se lá porque raio o faz! Por conforto? Por excitação? Por poder?
Sim. Julgo que mais vezes pelo poder. A supremacia sobre o "próximo". Apenas julgo despropositado. Tanto jeito maquievélico. Tanto trejeito e truque. Quem mais procura ter esse poder mais me parece por dele necessitar.
Será pelas "perdas" passadas? Será que a dor seja a regra do jogo para o próximo?
Abdico.
Sim abdico. Todos temos uma história. Um passado. E dores. Mas ninguém morreu de amores e ganhar-me é bem mais confortável um dia, excitante todos os dias e um poder partilhado para sempre. Ganhar-me é tão mais diferente do que ganhar um jogo por isso...
Abdico.
Perco? Talvez. O tempo.
Ganho sempre. A paz.
E a oportunidade de fazer alguém feliz.
Ganharmos os dois e perdermo-nos um no outro. Tão imperfeitamente quanto possível!

VAz Dias

Companheira Diferença

Ha dias em que estamos a mais.
Em que sentimos que ser diferente
é luxo em relação aos demais.
Quebro paulatinamente e sinto
que tenho de exclamar.
Gritar para ficar preso à vida.
Há dias em que voar é só queda-livre.
Há dias em que a auto-consciência
do defeito se sobrepõe à humilde bondade.
Bandido de fraque.
Bem vendido ao fraco.
Fraqueza.
Franquesa.
Traz-me dia de amanhã
alguma esperança que de hoje
me falte!
Cansaço que me mate
e me leve,
se este diferente alguma coisa
à vida deve!
"Mas confirma. Tem certeza!"
Mas hoje rendo-me apenas à tristeza
de adormecer com
a minha companheira diferença
até tarde.

VAz Dias