domingo, 31 de julho de 2016

Tempo de Antena

As nossas dores são
Fardos que vão pesando
Pela irresolução material
E imaterial do que cabe
E descabe no nosso peito.
Assino esta carta
Com morte de amanhã
Porque hoje não tenho
Coragem.
Tenho ainda vida em mim
Que desaba.
Que engole vidas passadas
E mortes adiadas.
Mas as pessoas matam-me.
A sua vida confundida
Com arrogância de soberba
Sobre a nossa vida,
A dos pequenos segundo elas,
É uma tentativa de assassinato
Com aplauso
Doutras mentes dormentes
Que constroem um senso comum
Pouco comum
À humanidade.
Selváticos racionais
Que me matam.
Grito mas não me ouvem.
Calo-me mas não me vêem,
Enquanto dançam diante
Dos seus espelhos
Luminosos
De mentes embaciadas.
Vivo por minutos
No meio de vidas
Refletidas em tempo de antena.
Morro por uma alma
Que não reflicta
Tanta falta de auto-estima
E própria pena.
Morro.
Não vale a pena.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 30 de julho de 2016

Desabafo desesperando

Não consigo deixar
As maleitas lá dentro
Criarem silêncio envenenado.
Acredito piamente
No seu descalabro.
No seu mais profundo
Movimento redutor.
Não me permito
A esse putrefacto odor
Que o tempo se encarrega
De deixar nos incautos.
Mas é a dor que se soma
Às outras
Que tento aniquilar.
A indiferença do optimismo
Ao meu optimismo
De recuperar.
Desabafo.
Porque não guardo.
Grito mudo
Ou escrevo amarrado.
Não chamo tantos
Ou poucos ao meu agravo.
Luto dentro das mil paredes
Do meu ilimitado imaginário
Para não aborrecer
Os outros.
De não lhes ser demasiado,
Ou cansativo...
Ou exagerado.
Sei lá!
Se calhar sou
E sinto demais.
Falo demais.
Exponho-me demais.
Tentei o outro lado.
Sou histericamente controlado.
Preciso do desabafo
E de ti do outro lado.
Desabafo para aqui calado
Esperando que não saibas.
Que me encontres melhor.
Que te seja confortável.
O mais elegante da palavra
Que sofreu por ti antes
De tanto desabafo
Das palavras
Deste exagerado calado.
Esperando por ti
Do outro lado.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Amar o tempo que amei

Amar o tempo que te amei.
Guardar essa pureza e iniciada aventura. Pioneiros do sentimento que a eternidade guarda.
Como é difícil encontrar alguém que nos
é mais do que nos está.
É assim e foi.
Amo-te num tempo que não existe e na saudade da existência.
Um beijo no silêncio.
No balanço da cadência duma canção
que foi nossa mas ainda não foi cantada. Nossa. É.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Preso no tempo

Disseram-me que viveria para sempre esses deuses de Olimpo. Disseram-me que a aventura da vida seria recheada de ínfimas aventuras dentro até fora dela. Disseram-me que isso era ser poeta. E inscrevi-me.
É um castigo que me liberta para a impossibildade das pessoas e para a viagem no tempo. É como ir ao sol por amor e voltar duas gerações depois.
É ser deus mas preso no tempo.

VAz Dias

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Vou ficar só

"Vou ficar só".
Vou olhar para esta afirmação
E sustentar esse baque
Que para todos nós
Antecipa a morte.
Aquela por dentro
Enquanto apenas ficamos
Brancos por fora.
Qualquer um de nós chora.
Se não por fora
Porque secou,
Então seguramente por dentro.
Não sou tão forte.
Morro hoje
E amanhã talvez volte.

VAz Dias

#palavradejorge

Perdemos o teu nome de novo

Perdemos o teu nome de novo.
Mascaraste-te desta vez
Nos jeitos das outras.
Perdi a conta de novo
Da quilometragem percorrida
E à distância
Perdi o teu traço.
Como faço?
Não quero confundir-te
Com aquelas que me
Atiraste para o caminho.
Elas são delas
E dos outros delas.
Eu era teu.
Teu!
Onde me encontro
Para te fazer cair a máscara
Do passado
E me reencontrares no teu
Caminho?
Onde é a tua terra
E onde se esconde o teu nome?
Perdemos o teu nome de novo
Porque te esqueceste
Do tempo em que te chamava
No meu jeito calado.
Silêncio de pecados
E sussurros de amor
No teu quarto.
Onde é o teu caminho
E a cama onde o teu nome grito
De volta e de prazer?

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Permanentemente

Não posso mudar
O que os outros querem.
Ou que não sabem
O que querer.
Posso mudar o que quero
E o que não quero receber.
Mereço o mesmo respeito
Que envio incondicionalmente.
Amar livremente
Enquanto outros
Busquem ou não
O que lhes preencha a contento.
Eu é que não mais
Lhes serei conivente.
Cortar para trás
Para construir à frente.
Em frente
E em paz
E com amor de quem
Nos apraz.
Permanentemente.

VAz Dias

#palavradejorge

Pedra e Calem-se!

Pedra e cal
Calam-se-me as vontades.
Cal branca suja de água.
Lava-me a alma
E a terceira pessoa intruja.
Fuja gente infâme
Da minha palavra
Cuja a direcção vai
Em todos os sentidos.
De força de pedra
Em frágeis vidros.
De mandar pessoas à merda
E dos seus ideais perdidos.
Em pedra e cal
Ficam verticais
Os homens correctos
Até ao sol constituídos.

VAz Dias

domingo, 24 de julho de 2016

Mata Mata

Matar matar matar.
Ratata de arma a disparar
E loucos que se explodem
Para ganhar eterna
Redenção.
Louco, insano e profano.
Por trás do pano
Sopra o mal ao ouvido
Do incauto e ingénuo
Miúdo homem feito
feito arma de destruição.
Pára-me o coração.
Vez e outra
A cada explosão.
Tiro que tira a vida
De mais um, dez
Milhar de milhão.
Matar matar matar
É a solução de encher
Quem se esvaziou
De amor no coração.
Matou sem aparente razão.
Matou.
Pim pam pummm!
Sem perdão!

VAz Dias

#palavradejorge

Louco pé de vento

A loucura pega-se.
A minha era saudável.
Foi envenenada de loucura alheia.
E por muito que deseje
Que a insanidade seja
Um atributo por bem
Não chega para quem
Paixão não tem.
Tem de ter.
E por bem.
Loucura de semear
Um pé no vento
E uma asa
Na viagem para o amanhã.
Mas tem de ser agora.
Tem de ser por bem.
Louco como convém.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Bate asa

Transbordo de perdição.
Remeto-me à pequenez
Da minha condição.
Lavagem rápida
Da alma
Com moedas...
Trocos que tenha à mão.
São de semear.
Faço serão
De alvorada encostar.
Hão-de render...
Germinar.
Amanhã ou logo
Ou de manhã
Tenho um plantão
De em mim sustentar.
Pé de caule.
Pedra e cal.
Cala-me palavra do mal.
Quinhentos e tais cafés
Asas de em terra ficar.
Perder tempo
E minguar.
No leito da cama
Fechar a vista
Que despista
O que esperava desbastar.
Jardim é sonho
De ave poisar
E ave é rara de levantar vôo
Se é de gaiola piar.
Pio fininho.
Pequenino
De tempo passar.
Devagar.
Bate asa
E pálpebra
E a retina desligar.

VAz Dias

Estranho ser de estranhar

Não me calo
E abalo-me.
Boca larga,
Banda-larga em
"Esquisitar".
Sou tão livre
Quanto de louco.
Fico rouco de estragar,
Emendar a mão
E esperar.
São os tempos
Que não contenho.
Não me contenho
Em complicar.
Estranho.
Sim. Mas também
Assim me estranho.
Sou bom de "esquisitar"
Se é que há algo
De bom nisso.
Tenho de parar...
Descansar...
Esperar.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

No lado "errado" da noite

E na ruína dos dias recordava-me das vezes que umas e outras seguiram o seu caminho. Eu tinha aterrado do lado errado da noite. Na da "de passagem", de fugacho ou apenas na do "one night stand". Não sabia das rotinas delas. Não percebia que em certos jogos de adultos quem não tem os mesmos brinquedos não joga os mesmos jogos. Não sabia. Pensava que à noite se iluminavam os olhos e se eliminavam os medos. Ela disse-me "não gostamos das mesmas coisas...isto nunca resultaria". E segui-a de carro como se de um cometa fosse. E ela num raio de velocidade fugia mas não tão rápida como a minha vontade de aprender. Aprendi que a polidez de discurso se usa para afastar mais do que nos encontrarmos. Nunca cheirei ou estive com Lucy in the Sky with Diamonds ou outras aventuras dessas. E isso tornou-me o tipo do lado contrário da noite. O que se apaixonava por gentes. De tão diferentes gentezas e pertences. Da cultura, ou arte, ou conversas. Sei lá, como eu mas diferentes. E de mim. E agora sei que menos fortes, todos nós, fomos por caminhos diferentes. E eu ainda aqui. Em loop, variando as caras e vendo as mesmas diferenças de sempre. Diferentes? Bebo da diferença e do renascimento. Mas o tempo passa e lembro-me que de cada uma me perdi. Não porque se perdiam por aí pela idade mas porque como eu eram diferentes e eu nunca soube lidar com isso.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 19 de julho de 2016

A cama ou a alma. Acalma!

Chega um corpo
De cansaço
À íntima morada.
Já não há mais espaço
De alma
Dessas ruas vazias.
Dessas almas vazias
Que lá se perdem
De madrugadas.
A minha foge
Para se esvaziar.
Reganhar algo do sonho
Ou da congeminação
Dos astros.
É amanhã que tudo muda.
De manhã faço uma muda
Como de roupa
Mas na alma.
Amanha descubro a calma.
Amanhã ou nada.

VAz Dias

#palavradejorge

Cinza e última dança

Desembaraçaste-te de mim.
Agradeço o nó
Que desfiaste da minha garganta.
Prendia-se o pranto
Pela distância
A que nos devotou
A nossa mudança.
Acabou e não tenho mais esperança.
Transformou-se em pó,
Cinza
E desvanecida dança.
Somos lembrança.
Mas acabou... paciência.
De novo.
De velho.
Despojou-se o amor
Da nossa semelhança.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Olha-me pelo espelho teu

Adormeci aconchegado pelo
Regresso da maré.
Acordei dentro do teu sonho.
- sei que ainda não me viste -
mas sei que sou eu
porque vi-me lá ao espelho
e tu de costas,
nua,
buscas acordar no sonho
de alguém.
Adormece neste lento regresso
de mim ao sonho.
Sonho.
Olha-me pelo espelho teu.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 17 de julho de 2016

Tu. Tudo. Tu.

Deixei aqui
O espaço que traçaste
Com a tua transpiração.
O leito formou-se
De paixão e entrega.
Molhada
Como se escorrega
Nesse teu fundo
Leito do meu leito
Que rodas um mundo
Inteiro
De mim duro.
Concluo que auguras
Um futuro.
Espero.
Mudo.
O teu sussurro.
Sexo.
Bastante.
Nosso.
Tudo.
Tu.
Tu.
Tu.
Tu.
Tudo...

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 16 de julho de 2016

Insana cidade

Insano sou eu
Pelo que a cidade
Me faz.
Me cobra.
Me desfaz e ainda assim
Lá calcorreio
As ruas nuas
De gente como tu.
E até tu lá não estás.
Despidas e de luzes
Intermitentes.
Apenas eu estou presente.
Insano e dormente.
E também intermitente.
Mais vivo do que muita gente.
Sou o único louco
Das ruas
Por teu castigo.
Por por lá, tantas vezes,
Perder-te.
Presente envenenado
De tanto de ti
Sem lá estares presente.
Insano sou eu.
Sem ti.
Repetente.
Repelente de gente da minha laia.
Cobaia da perdição.
Repetente.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 15 de julho de 2016

E então?

Amámos.
E mais que o tempo.
E errámos juntos.
Errantes fomos
Nos perdendo.
Até à distância
De um firmamento.
De um amor infinito.
E dói.
E foi.
E então?
Morremos e renascemos.
Mais tristes e mais fortes.
Também me ensinaram a mesma
Lição.
Os precedentes e a vida.
E então?
Perdemo-nos.
Encontremo-nos noutra vida.
Senão um ao outro,
O outro no amor.
Outro amor.
Ou não.
Mas vivos então.

VAz Dias

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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Despedaçando-me.

Onde estás que não
Me serenas?
Que me deixas
Deixar de ser forte
E me sustentas?
Estou rasgado,
Despedaçado,
Sem sonhos de monta...
Que valham a pena.
Estou com pena de mim.
Sim!
Sempre fui forte
Mas estou num fim.
Vem sem que saibas
Que estou assim.
Vem que eu tomo conta
De ti.
Faz isso.
Faz isso por mim.

VAz Dias

#palavradejorge

Lobo mau

Preciso de enraivecidamente
Atirar-me ao mal.
Cheiro-o à distância.
Vejo escondido
Por entre argumentos
Da inteligência.
É mal que se apodera das pessoas.
Das suas fraquezas
E pequenas coisas.
Que as faz se agarrarem
A essas pequenas
Tomadas como enormes coisas.
Defendem-se em grupo
Esses lobos.
Alcateia de bobos
Arranjados em pele
De sorrisos.
Esgares imprecisos
Que desmentem
O simpático siso.
Atiro-me a eles
Com a ingenuidade de miúdo
Mas com a raiva de cão.
Hei-de matar o mal.
A morte.
Antes ainda que ele,
Lobo mau,
Se apodere do meu coração.

VAz Dias
#palavradejorge

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Oportunistas do tempo

Só nos encontramos
Nos corredores da oportunidade.
Morre o tempo ali
Enquanto nasce a vontade
De mais.
Dali a pouco.
Cada vez menos tempo
E mais desculpa
Para nos voltarmos a encontrar.
E não é culpa
É a oportunidade
Que é tão curta.
Demasiadamente...
VAz Dias
#palavradejorge

Chama calada

A timidez esconde o fogo.
O olhar que devolve a chama
que ao seu olhar chama
o que o envolve.
Envolve-se a bela miúda
em lençol de love.
Ao de leve.
De sol que se escapa
por tracejados de persiana
para sublinhar a linha
que cala o que se pensa.
Falar não pode.
Pode o olhar.
Como pode!
Distendida sobre o leito
Da minha chama.

VAz Dias

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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Desaparecido foi dado

Estou cansado de chorar
Palavras.
De aguaceiro de sentimentos
Que se emancipam na terra
E germinam em pó
De larvas.
Houve algo que fiz bem.
Fui líquido.
Liquidado.
Libidinoso
E amado.
Fui céu
E agora seco
-no manto-
Enterrado.
Ficam as palavras do passado
Que como cinza
Se perpetuam
Ao vento por todo lado.
Menos na terra.
Esse é o meu lugar...
Ali desaparecido e calado!

Voaram as palavras
E o homem calou-se.
Desaparecido foi dado.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Um dia saberás

Sei que nunca saberás o quanto de mim foste. O quanto de nós eu seria. Mas fomos afastados pelo espaçamento do tempo. És todas elas. Mesmo que não saibas. Ou saibas de mim. Ou saibas, sim. Mas não o soubeste de mim...por mim. Tive tão pouco tempo para te dizê-lo. Ou escrever-te com beijos que resvalaram tantas vezes pelos teus ouvidos.
Tatuei-te uma pequena cicatriz.
O que ela diz?
Um dia quando eu já estiver longe.
Em ti, saberás.

VAz Dias

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Olhei-te de passado

Olhei-te de passado.
Do desnudado olhar
De pecado.
Ficou só compreensão.
Ficámos amigos...
Daqueles que se vêem
De longe.
Que apertam a mão
Ou acenam.
Haveria um abraço
Escondido por detrás
Do coração.
Há amizades que não podem
(Jamais merecem!)
Essa íntima ocasião.
Ficámos amigos
Que se olham de passado
E do que poderia ter sido.
Mas não!
Vidas diferentes.
Visões diferentes.
Depois de partido...
(Da partida)
Desse coração
Começou uma nova vida.
Uma outra pessoa.
Uma nova premissa.
Uma convicção.
Olhei-te de passado
E o que eram as nossas pessoas,
As nossas esperanças
E o futuro,
Essas duas
Lá ficaram.

VAz Dias

#palavradejorge

Ganhámos de tudo o que perdemos

Entre ganhos e perdas
Despojámo-nos do que
Nos pesava na viagem.
Mantivemos alguma dignidade.
Alguma fome de futuro.
Éramos parecidos
Mas os caminhos eventualmente
Separavam-se.
Eu não era de impor o meu caminho.
Também tinha aprendido
A seguir o meu.
(Nunca senti que ia no meu caminho
Mesmo sendo com quem
Me tinha destinado).
A liberdade de amar
Vem com a responsabilidade
De vermos livres
Quem connosco partilhe
Uma viagem.
Pelo tempo que fôr.
Para onde fôr.
Se foi para irmos.
Despojámo-nos
Apenas para restar
Cada um.
Na sua desnudada
E leve existência.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 5 de julho de 2016

Princesas e Vagabundos

Princesas.
Muitas princesas tem esta terra.
A viverem contos de fadas
Das historinhas
Dos papás antes dos sonhos.
Tretas
Que a realidade dos nossos dias
Se encarregou provar
Terem sido mal contadas.
Acabou.
E elas penduradas
Ficam à espera do resultado
Se resolver a seu favor.
Pavor de sonhar sozinha.
Coitada da princesa perdida.
E agora?
Haverá dois cavaleiros andantes
Para o mesmo cavalo?
Ou a solidão é melhor
Do que os outros solitários?
A realidade é que nos faz nobres
Mesmo andando pelo nosso pé.
Não os sonhos.
Princesas morrem
Desvanecem
E sucumbem ao brilho
Do que são diamantes
Doutras realidades.
Nobres são os vagabundos
Que aceitam o que têm.
Mesmo "princesas" caídas em desgraça.
Mesmo a sua falta
De nobreza de platina,
Mesmo sendo só mais um
Dessa imensa praça.
Disponíveis para fazer feliz
A menina.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Uni Verso

Universo.
Caixa de jogo perverso
Ou de minha eterna
Ignorância.
Em última instância
O absurdo de nós
Na sua omnipotente vigência.
Tenho de me encontrar
Quedo.
Aqui apertado
Enrolado em mim
Cheio de medo?
Porquê?
Não havera eu
Me comprometido
Com as suas leis?
Que bandido me quer
Fazer passar por mais?
Estou aqui,
Banido,
E a sentir-me destituído
Dos outros comuns mortais.
Que tenho de especial
Para prender a atenção
Dele em relação
Aos demais?
Estou cansado.
Deixe-me estar no meu canto,
No meu lado,
Enquanto canto,
A inconformada canção
Dos que por cá
Se sentem a mais!

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 3 de julho de 2016

Tempestade do Deserto

Este é o som.
Deserto que faz os corpos
Lânguidamente
Retorcerem-se.
Era por esta falta
Que o corpo se busca
No árido complexo
Que é o corpo dela.
A sede que ele me dá.
Oásis é a boca seca
E água é o seu corpo.
Vento que explode
Em grãos de areia
Como picos na maçã do rosto.
Este é o som.
Dança do ventre que ela
Impregnou com praga
De borboletas
Neste deserto que eu sou.
Sou a morte
E a dor
E o fogo
Que faz a sua água arder.
Somos inconvenientes
E ela também é o som.
Da chuva de deserto.
Que mata com vida.
Este é o som!

VAz Dias

#palavradejorge

Disseminada foi a palavra

Disseminada foi a palavra
Por entre todos.
Os bons,
Os menos bons
E os maus.
Eu fui um pouco
De todos
Neles. Nelas.
Dei amor que lhes ficou
E em mim as sequelas.
Onde encontrei a cura?
Nos que como eu,
A páginas tantas,
Tinham a mais
Para dispensá-lo.
O mal ficou nos que
Não o partilharam.
Secaram
Como a terra que agora piso.
Passaram.

VAz Dias

#palavradejorge

Amor Perdido

Eu sou amor
E o mundo está perdido.
Sinto-me perdido dele
Ainda mais do que do amor.
Esse sei o que é
Mas deixei-o ir.
Foi procurar o mundo
Que se encontrava
De si perdido.
Bandido era o amor
Que o roubou
A metade ou pouco mais
Dele.
Esse era eu.
Esse amor.
Mas deixei-o ir.
Por generosidade
Ou mera incapacidade
De o ser só em mim.
Deixei-o ir
Para se redimir.
Buscar o mundo
Que perdido dele
Esperava
A outra metade
Para voltar a acreditar.
Meio mundo
De amor inteiro
Para voltar a ser.
Um amor inteiro
De um mundo completo
Encontrar.

VAz Dias

#palavradejorge

Obrigado mas não.

Obrigado mas não.
São os princípios que dobro
Mas não quebro.
Esse jogo não quero.
Limito-me ao meu
Credo.
Ao meu íntimo recreio.
Era só isso, receio.
Recreio de momentos
E de horas.
Não dias.
Não digas que não sabias?
Era assim que querias.
Não era querida?
Mas foi isso só.
As horas perdidas.

VAz Dias

#palavradejorge