terça-feira, 23 de junho de 2015

"Descafeinada"

Faltava-me pousar a mão
p'la escrita.
Centrifugar o café,
perdão,
o descafeinado de fim
de dia.
Não me apetecia
mas o dever chama-me.
Nestas coisas sou muito
descafeinado.
Meio-termo.
Amaciador.
Mas quando a arte
de tocar os sentidos,
o relaxe e os espreguiçados
ouvintes se apodera,
tudo em mim se alvitra.
Café sou. Estimulante
e menos amaciador.
Vem o rubro antes
da restante côr.
Desequilibro o que antes
era amaciado pelo fim
de tarde,
do descafeinado
e o humor da mais
fina flôr.
Deixo o dia da mais
operária formiga
para dar início ao meu.
À noite.
Há noite como meu dia.
Cigarra labora comprometida
de arte descomprometida.
Da noite se faça dia
e o dia à noite se produza tal arte,
afoita. Reprodutiva.
Carnal. Rubra.
Tudo menos descafeinado dia.
Sejam os sentidos café
e a arte excesso.
O regresso abundante
à escura luminosidade.
Ou tudo ou nada.
Sem meios-termos
sem a neutra "descafeinada".

VAz Dias

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