terça-feira, 23 de junho de 2015

Flôr ou um jardim sem chão

Caiu a mão da flôr.
Caiu-me a flôr da mão.
Não há tristeza nem dor.
Nunca deveria haver, senão,
quando uma flôr
nos passou pela mão,
nos amaciou a primavera,
o inverno, o outono
e um outro verão.
Caiu a mão da flôr
que do meu rosto fazia
coração.
Que de coração o rosto
fazia mão.
Nela não havia mão.
A flôr caiu no goto
de outro. Era de outro
o rosto da sua convicção.
Uma flôr caiu da mão
Da mão que caiu em mim
como um jardim
em dia de verão.
Caiu uma flôr da mão
Caiu-me a mão da flôr
num jardim sem chão.


VAz Dias

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