quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Descontínuo

estou perdido
neste nosso Sempre.
sabendo de início
que tudo seria
possível
e que tudo
é efemero.
e lançámo-nos.
fomos corajosos
em nos juntarmos
das extremidades
em que nos conhecemos.

e nunca fomos estranhos.
e nunca desdenhámos
a possibilidade
de o fazermos em
conjunto.

mas ganhámos
ao tempo,
à velhice
e quiçá,
à intemporalidade.

protelámos.
protelámos com o dever
de fazer o outro
melhor
e assim foi.
foste melhor
nesse aspecto
e eu seria tão bom
no sempre
e mais além.
no além-sofrimento
de que te resguardei.

sei que ninguém
morre por amor.
sobrevivemos
e alcançamo-nos
sempre mais lá
adiante.
mesmo nos olhos
dos outros
que te façam
melhor.
que te façam
como desejas.
como mereces.

e depois desapareço
para dar lugar
a nós mais
do que nós
num suspiro
(tão superlativo
quanto infindável).
como aquele
primeiro beijo...
aquele nosso
primeiro
beijo.

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