quarta-feira, 16 de abril de 2014

Miúdo da ruga



Sinto-me "cansado"
deste rejuvenescimento constante.
Deveria cansar-me
do amadurecimento resultante,
dessa coisa
"dos anos a passar".
Devia cansar-me naturalmente.

O pelo que não agarra.
O dente que adoece.
A pele que amolece.
A expressão que enruga.
A lembrança também já se esquece,
mas o pensamento
que crescendo,
às vezes também esmorece.
Mas embirro
e não me deixo vergar.
Não sei se é da merda da natureza,
ou da puta da vontade,
mas o espírito envelhecer
e aceitar,
como um condenado à morte
o fatídico fim,
jamais me convirá!

Sorrirei ao fim
com o princípio do cansaço.
Deste que o aceita,
não por embaraço do tempo,
mas sim,
por se cansar de tão novo crescer
para enfim,
uma nova vida nascer.
"Condenado" a uma nova vida.
"Cansado", apenas de tantas vezes
renascer!



E ainda assim,
O tempo me vence.
E o mundo me convence,
Que o caminho é geriátrico,
Que é melhor tornar-me apático
Cada vez mais estático.
E eu feito louco
Encontro-me no meio dos putos.
Estou onde me convém.
Não sei se mal
Se bem…
Talvez por ser maduro
Não me deixem sentir assim.
Talvez por ser jovem
Me atirem para o fim.
Mas é a vida que procuro,
Mais jovem ou mais maduro,
Eu quero-me assim.
Ruga na expressão de miúdo,
Espontaneidade na experiência do mundo.

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