segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Manobras de inversão

Sabes que não te quero.

Só sabes o quanto te desejo.

Digo-te que não espero,

como forma de cortejo.


Porque quem nada espera

di-lo de boca cheia.

Secretamente desespera,

recupera, mas de novo receia.


Receia-se a desatenção.

Perde-se o tempo certo

para a pequena declaração.

Não estás por perto.


Espera-se de novo

a melhor ocasião.

Mas porventura já houve!

Como lido contigo coração?


E contigo com quem

nada e reafirmo, quero!

Como lido com o teu desdém?

A tua frieza abaixo de zero.


Mas sou eu que não te ligo.

Pois apenas escrevo disto

porque sou o meu melhor amigo.

E de ti finjo que desisto.


Estou feliz de mim.

Sim, porque não preciso

de quem me trate assim.

Ficas melhor com tudo isto?


Desistamos juntos!

Façamos algo que admita

que afinal estamos prontos

e tu de mim convicta.


Seja porque neste cruzamento

nos apartemos,

ou por tanto distanciamento,

afinal nos acerquemos.


VAz Dias




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