quarta-feira, 25 de março de 2015

No lóbulo da tribo enraizado

Não sei gritar como os demais.
O queixume que eles
Conseguem dos outros
Sua pena recolher.

(Sabe bem!)
Deve ser.

Os outros sabem
O que eu ainda não descortinei.
Vim doutra terra.
Onde se alarga lóbulo
Para à tribo respeitar.

(Sei lá eu...)

Também nunca o fiz.
Escrevo duma tribo diferente.
Dos que lhes falta palavra
Ou lóbulo ou pena
Para pertencer.

Grito nestas linhas.
Anéis que se precipitam
Até ao centro.
Que não se vendo
Precipitam-se para a génese.
Para o invento.

Talvez seja doutro tronco.
De árvore sem tribo.
De ramos abertos
Como braços abertos
Nunca cansados
Das aves que voem por perto.
Da sua planagem.
Do seu interesse momentâneo
De descanso.
Voam e eu cá fico.

Com raízes me fico
Esquecido das raízes
Da outra tribo.
Talvez pobre talvez rico.
Grito às estações
E às asas que delas
Nascem. E das vezes
Que passem e eu aqui fico
Aqui cresço raiz neste chão.
Pelo tempo perdido...

Vaz Dias

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