quarta-feira, 20 de julho de 2016

No lado "errado" da noite

E na ruína dos dias recordava-me das vezes que umas e outras seguiram o seu caminho. Eu tinha aterrado do lado errado da noite. Na da "de passagem", de fugacho ou apenas na do "one night stand". Não sabia das rotinas delas. Não percebia que em certos jogos de adultos quem não tem os mesmos brinquedos não joga os mesmos jogos. Não sabia. Pensava que à noite se iluminavam os olhos e se eliminavam os medos. Ela disse-me "não gostamos das mesmas coisas...isto nunca resultaria". E segui-a de carro como se de um cometa fosse. E ela num raio de velocidade fugia mas não tão rápida como a minha vontade de aprender. Aprendi que a polidez de discurso se usa para afastar mais do que nos encontrarmos. Nunca cheirei ou estive com Lucy in the Sky with Diamonds ou outras aventuras dessas. E isso tornou-me o tipo do lado contrário da noite. O que se apaixonava por gentes. De tão diferentes gentezas e pertences. Da cultura, ou arte, ou conversas. Sei lá, como eu mas diferentes. E de mim. E agora sei que menos fortes, todos nós, fomos por caminhos diferentes. E eu ainda aqui. Em loop, variando as caras e vendo as mesmas diferenças de sempre. Diferentes? Bebo da diferença e do renascimento. Mas o tempo passa e lembro-me que de cada uma me perdi. Não porque se perdiam por aí pela idade mas porque como eu eram diferentes e eu nunca soube lidar com isso.

VAz Dias

#palavradejorge

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