segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Miúdos graúdos de meia-idade

Sentei-me na beira dele.
Juntos encostados na portada
De tantos anos
De luta
E erros.
E vivências.
E desmazelos.
Mas havia bons corações
Apesar da conduta.
Ele crescera.
Eu também.
Revia-me na grandeza dele.
Tornara-se um sábio
Das coisas simples.
Das sérias.
E das experiências.
Como eu, aprendera com os erros.
Cansara-se de ser miúdo,
Mas nunca de amar o mundo
Com a curiosidade
De quem há pouco chegou.
E ali à minha beira também se sentou.
Mais velhos mas ainda vigorosos.
Falávamos
E eu aprendera a escutar.
A escutá-lo pela falta
Que sentia dele.
Como quem perde os seus
E com o tempo
Urge a saudade.
Urgente era tarde
Mas homens de meia-idade
Ali se sentavam
Como miúdos que ficavam
Brincando até ao fim
Da tarde.
Cresceramos
Para miúdos graúdos
De meia-idade.

VAz Dias

#palavradejorge

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