sábado, 29 de setembro de 2018

Hoje!

Hoje não é o dia!
Nem todos aqueles
Em que há contrariedades.
Nem que seja
Um erro de perspectiva.
Ou até o ego
Ou a puta que pariu
Esta merda toda.
A vida é injusta
E essa santa aceitação
É história para a paz
Quando temos dias
Melhores.
Assim é fácil
E hoje não é o dia!
A compreensão para com
O próximo
Ou a sensatez
É coisa de acomodado
Ao pouco.
Aos preguiçosos
Da aventura.
Aos que arriscaram
Apenas a sair de casa
Para trabalhar
E voltar com um salário mísero
E vão até onde dá.
Viajam até ali.
Preenchem os dias
Com banalidades.
Mas hoje não é o dia!
Aqueles que desconfiam
De tudo e de todos
E que me fazem quase
Cair na mesma armadilha.
Só quem caiu e saiu
E caiu
E saiu à exaustão
Teve mão e pulso
Para esgravatar as entranhas
Do impossível.
E onde andam os diferentes
Iguais desta luta?
São poucos
E assusta.
Temos de andar aqui
A navegar neste mar
De tranquilidade
E um copo cheio
De tempestades.
Mas hoje não é o dia!
Esse dia do desprazer,
Do argumento para inglês ver,
Da falta de nervo,
Dos amansados no sofá.
Hoje é o dia
Para ir cometer o erro.
De voltar ao miúdo espontâneo.
À genuidade de tragar
O mundo numa só dentada.
De amar o corpo
A cara
E a alma toda.
Do desconhecido.
Da noite que vai para
O dia.
Da perda
E da conquista.
Da música alta e um pé de dança.
De fazer da doença
Uma risada
E morrer de seguida.
Porque a vida não é
Um emaranhado de coincidências.
É uma passagem
Onde nasces,
Vives o máximo
E desapareces.
Desapareces entendes!
Por isso
Hoje não é o dia
Para morrer
Nem ir morrendo.
Amanhã talvez,
Mas só sabes disso
Depois de fazer
A merda toda hoje.
Hoje é o dia!

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