sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Fim. De Tarde.

Aceitar
fechando um capítulo.
Capitular e deixar
o tempo correr
até estagnar
sem que nós
estejamos presentes.
Sem que possamos
ser os pretendentes
de mais.
Lutar é um gesto
nobre se sobrevivermos.
Não podemos.
Não posso
e tu és imensa.
E eu tão pouco
de ti
e demasiado
para mim.
Tenho de me dividir
multiplicando-me
em vidas
e noutros tantos
em que me desconheço.
Não peço.
Não espero.
Não quero.
Só desaguo.
Corro lento
por dentro
para o mar de um
mundo de lamento
e no entanto
também em contentamento.
Bipolar ao quadrado
infinitamente
fora do quadrado
libertado no espaço.
Estou livre
mas agarrado
à impossibilidade.
É tarde
e sempre serei
sol de fim de tarde
que aquece mais
a esperança
do que o dia
seguinte.
Pedinte
de finais
felizes
e de locais para
definhar.
Acordar caindo
como orvalho
que seca
de repente.
A maior felicidade
é conseguir
chorar
e no entanto
sou foz
e voz
dos contrários.
Estreito os ovários
e dou à luz
de novo
a esses fins de tarde.

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