domingo, 6 de janeiro de 2019

Paridos

Perdeste tudo.
Com as mãos abertas
em ferida
e palma de sal
querias correntes
e tiveste-as todas.
Rei e senhor neptuniano
de todos
os
mares
mas com mãos
de mortal.
Não é o cosmos
nem deus
nem o fim do mundo
no horizonte
de si plano
que te garantirão
as audácias.
Não tem de haver um
plano
nem tem de descer
o pano perante
tanta apatia.
Tem é de haver
nervo
e fantasia.
Tem de haver dor
para que o mundo
seja redondo
para voltarem a si
como o futuro
prometia.
Intenso é pouco
quando o fogo
deflagra.
É boca amarga
e ferida aberta
nas mãos
de quem tem os mares
cativos.
E os vossos gemidos.
Salitra aos litros
na vossa boca devolvidos.
E as filhas
pelas correntes
paridas
devem ao mundo
os gritos
de quem gosta
de sofrer
(um pouco
ou tanto)
para ser "daquela"
felicidade.
Há tanta falta
de audácia
e tanta falácia.
Tanto
que as bocas sedentas
- esfomeadas -
amordaça.

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