quarta-feira, 19 de junho de 2019

Sem sombra

Não vejo
a minha sombra
no buraco vazio
da tua luz
que para trás
ficou.
A tua luz que lá
se mantém.
E embrenho-me
neste contínuo,
porém
convicto
que a sorte mudará.
Muda sempre
mas a brilho
esmoreceu.
Já não sou eu
nem na penumbra
me reconheço.
Ando avesso com
tudo.
Com sono.
Continuo sem saber
nada e esqueço-me
de tudo que parecia
ser meu.
Mãos vazias
mães desaparecidas
e eu sou a minha
própria mulher.
Valha-me isso
que nem na sombra me
avisto.
Visto-me de negro
e do desapego
à vida.
Ando morto.
Desaparecido
de mim.
Ando morto
para a vida que vem aí.
Se vier.
Se não
desaperto
sem desespero
as amarras
que me prendem
a esta meia
vida de nada.
Esta cilada
de ritmo cardíaco
perpetrada.

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