sábado, 22 de junho de 2019

Volúpia

Foi do teu corpo
que o pecado
se fez em mim
mulher.
Perdoai-nos os deuses
da conveniência
púdica
a excitação de nos
intrometermos
uns nos outros.
Somos todos
perdição na multiplicação
e nada sem nos
encontrarmos.
Marcámos hora
e faltámos ao toque.
Fomos a reboque
de exaltação.
Não houve hora
para começar
e ainda não sei
se daí saí.
Ainda te sinto
múltipla em mim
pela tua graça
de lá dentro
seres sol
e universo.
Rezo um terço
do que devia
só por aclamar
o teu deus.
O teu corpo
afinal era espiritual
servindo
a carne.
Dá-me de comer
à boca
e faz-me feliz de novo.
(dá-me!)
Eu espero mais um pouco
para que este mundo
louco nos volte
a reencontrar
mesmo que dentro
de mim habites
húmida.
E daí a dúvida.
Quando vens de novo?

Sem comentários:

Enviar um comentário