terça-feira, 10 de setembro de 2019

Estranha Forma

Escreverei como
o fado lhe sabia.
Cantar como
me perdia
e fui o que ele
ousou por demais
ser.
Sonhei um dia
ser assim,
maior do que o
mundo
maior do que a
mim.
Cantou-me o fado
a minha mãe
embalou-me de fininho
quando rezava
ou cantava
o milagre de ser
seu filho tão vívido.
Seu santinho de
ousar viver com o poema
e o cheiro a alfazema
da roupa lavada.
Senhora minha mãe
que amava
e trabalhava como
declamava a vida.
Declamava
o poesia e a letra
arranjada.
Hoje chorei o eco
do bem que fazia
por um fadista
sem o ser.
Outro que como ela
sobrevive
onde a saudade
o olhar consegue
humedecer.
De tristeza mas de amor.
Seja à mãe
a outro senhor ou senhora
ou só uma flor.
Hoje caíram-me lágrimas
de a ter encontrado em mim
noutro homem.
Maior que a vida
e maior do que a minha canção.
Hoje cantei o fado
sem nunca ter interpretado
a intençâo sequer.
Hoje a minha voz
calou-se desta solidão
que é estar onde não estou
de coração.

Sem comentários:

Enviar um comentário