quarta-feira, 2 de março de 2016

Filho da rua, Órfão de amor.

Não sei amar como os outros.
Não sei porventura o que é o amor.
Outros terão uma resposta.
Eu pergunto.
Talvez perca uma vida a perguntar
a muitas pessoas.
Talvez na soma de uma vida
chegue a alguma conclusão.
Ou não!
Simplesmente acreditar
na pureza das gentes.
Nos instantes em que se sentem
bons, puros e virgens
de maldade adulta e temor.
Sou arquitecto e desenho
habitações.
Descritivo de amor.
Vejo outros a habitarem o amor.
Vejo-os também a desabitá-lo.
Sou desalojado.
Desemparedado.
Paredes confortam-nos
mas não nos libertam.
Não nos despertam.
Fecham-nos uns nos outros.
Mantêm-nos cativos.
Reféns comprometidos.
A cada parede erguida
desenho uma porta.
Desenho outra janela.
E se desenhar uma casa
rasgo o papel
das paredes em mim erguidas.
As relações assim são-me proibidas.
Lanço-me,
rasgando as linhas e projectos,
em abertas,
reais
e movimentadas avenidas.
Sou filho da rua.
Arquitecto de sonhos
e de casas implodidas.
Sou desamor de tantas vidas...


VAz Dias

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