sábado, 6 de agosto de 2016

Condenado de palavra livre

Fui condenado a ser poeta. Na vida anterior e ainda nesta desaproveitei tudo o que os amores me tinham para dar. A simplicidade do estar. O segredo de ficar. Vidas que me ofereceram por amor.
Fui condenado a ficar preso às palavras livres. As únicas que me levam a cruzar os céus mesmo que encarcerado em amores inexistentes. Vejo e roubo desejos e juras de amor tentando redução de pena. Redução duma sentença promovida por esses amores agora felizes. Não sei se pelo meu castigo se pelo amor que lhes é entregue de igual modo. Fui condenado e aguardo, livre aprisionado, de aprender a amar. Escrever e rasurar até o quadro ficar gasto. Até aprender a amar à sua maneira.
Tenho pena, porque vi que as pessoas ficavam aprisionadas umas nas outras, como se não existissem como pessoas. Eram propriedade. Fatiguei-me de as julgar minhas. De as possuir. Quanto mais o fazia mais me prendia...mais as prendia e para mim, mais as perdia.
Sou condenado por ser livre e nas palavras livres, viajante. Se não há corpo há tempo e céu para viajar.

VAz Dias

#palavradejorge

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