quinta-feira, 4 de abril de 2019

Morreu o sol um dia

E o fim ficou
lá para trás.
Adensa-se a memória
e o baque
alarga a inflamação.
Olho para o cinza
que pinta o vidro
que eu tinha colorido.
Havia traços teus
e tinta escorrida
pelos teus desejos.
Os nossos.
Mas calo a saudade
com poemas ao mundo.
Humedeço o tempo
lá fora
para que não me rasgue
a pele até ao âmago.
Sinto que é ali entre o peito,
passado
e o futuro que seria.

Morreu um sol
um dia
mas a sua luz
cintilava
anos-luz nesta via.
Já não a via
tanto quanto queria.
Ela foi indo
e eu deixava que
assim fosse.
Que morresse
antes da dor.
Foi para isto
que a vida me trouxe.

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