segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Acabrunhado Sorriso

Acabrunhado
Por vezes sorrio.
É nesse meu sem
Jeito.
Nesse meu parapeito
Onde descanso os olhos
Nos braços
E no descanso de ti
E dos teus olhos
Sorrindo-me.

Amor de gaiato
E de senhor.

Um alfaiate
De costuras requintadas
No desenho de ti.
Lembro-me sempre
Do último sorriso
E como pregá-lo.
Melhor que padre
Melhor do que marceneiro
Melhor do que fadista
Ou taberneiro.

Falo em tom de tasca
E de quem pesca
Umas rimas
Na mesa.
Garoto sem modos
E sem modas.

Puro.
Genuíno.
E puto.
Astuto apenas
Para brincar.
Com os olhares
E a falta de jeito
Do saber estar.

Vi um louco
Em cima do banco.
Saltimbanco da caneca
E o meu passado.
Vi um pouco do que não
Quero para lá voltar.

Mas é esse miúdo
Que em mim
Vive
Quando te escuto
E me fazes gargalhar.
Os dois e só tu
Para te saberes enquadrar.
Nem que seja
Por rires sem pensar.
Fazeres-te de desentendida
E um enamorado
Como eu nunca
Se olvidar.

No meio destes
Meus dois
Nós os dois
E dias de invenção.
Dias de brincar ao amor
E dias de o fazer crescer.
Mesmo antes
Da bota bater
E fazermos continência
À incontinência
E à terceira idade.

Que seja já assim
Tão tarde
Como as vezes
Que reencontras em mim
Um desejo que sempre
Arde.

Amar-te de criança
A velho
E pelo meio ver no que dá
Se riso, se gargalhada,
Se preciso,
Se amada,
Semeada
Sem nada
Ou com tudo
Para tentar.
Amanhã
E depois de amanhã.
Talvez vá.
Vamos?
Vá lá?!

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