sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Quantos somos?

Quantas horas há num
Dia se sou tantos?
Se desses bastantes
Apenas chegam as
Partes de um todo?
Nunca me acomodo
Senão pelo fim do dia
Onde levo todos
Os
Outros meus a deitar.
E o corpo esfalece.
Carece de energia
Que compete a um corpo.
Mas sou mais do que
Esse corpo amorfo
Que adormece
Enquanto todos
Os outros acontecem.

Agarrei num telefone
E chamei até ao silêncio.
Busquei nele
Um barulho
Diferente
Diferente dos outros.
O mesmo silêncio
Deste todo.

Como?

Como se quer
Que um todo não seja
A soma das partes?
Mesmo que algumas se anulem
Por se tratarem
Dos mesmo polos.
Das mesmas energias.
Das mesmas heresias.
E santificadas companhias.
Um anjo,
Um santo,
Um lutador
E um pecador.
E tantos que ainda não sei.
Faça-se o gosto
Aos outros
E eu morto em pé.
Candomblé
De escravos de mim.
De pretos de mim.
De orixás.
De África e já agora
De cá.
Cá me guardo ao desejo
De unidade
Como a sede de nos reencontrarmos.
Lanço uma magia
E sou nada.
Apareço
E convenço-me
Que mudo. Mas nada.
Tudo na mesma
De tanta gente
Em mim separada.

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