segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sem Rascunho

Deixo-te em rascunho.
Dificilmente arranjo
As palavras certas.
As melhores.
As que escondem
As piores
Do que também podemos
Ser.
Somos elementos
Agitados no meio
Do "sempre"
Acabando por ficarmos
No "nunca"
E nos "entretantos".
Agradecemos aquilo
Com que estamos.
Estou com rascunhos
E alguns destes poemas.

Rimar alfazema
Para lavar os pecados
E para levar
A bom-porto
Os barcos atracados
Da nossa perda.
Da nossa perdição.
Águas profundas
Da nossa
Condição.
Mas só eu desci
À légua.
Desenrolei a língua
E a espera.
E escrevi-nos
Rascunhos
Deitados na corrente.
Alguns chegaram
A ti e outros
Serão nossos
Como o nosso para
Sempre.
Vai numa centena.
Sempre sem tema
E sem ti.
Pena de morte
E dobrado o cabo
Rebentamos com o saldo
Negativo
Do desencontro.
Torrente contínua
E forte.
Para além do globo,
Da possibilidade de nós
E da nossa sorte.

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