segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

N'Aquele Verão

Estes são os dias
De verão.
Da terra molhada
Que pisaste.
São os dias
Em que me largaste
Na mão
Uma centelha
De quase nada
E te eclipsaste.
Era tórrida a nossa não
Relação.
Era abrasiva para mim
Como no teu silêncio.
Como que "molhatolando"
Beijando-me na boca
Sem seres.
Sem estares.
Sem te fazeres veraneante.
Fizeste de mim
Figurante dos teus invernos
Achando-me quente.
E tinhas razão.
E tinhas-me.
E depois não.

VAz Dias
#palavradejorge

domingo, 24 de dezembro de 2017

Natais a mais

Luzes, luzinhas
Rasgam-se os papeis.
Retiram-se os ouros
E os anéis,
Das árvores caem as pinhas
Na face as lágrimas
Dos que se sentiram
A mais.

Onde ficou o Natal
Ou isso que chamam família?
Fica o solitário
Sujeito à crítica.
Sem ouro ou anéis
Quem somos
Senão demais?

Bom Natal ou
Parabéns?



sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Luzes da Época

Encontro vestígios
Das luzes da época
Por esta viela.
Não sei se foi por causa
Dela e delas
Ou de mim
Privando com a normalidade
Dos dias
Ou da sequela
Que foi perder vida
Em cada uma das luzes
Que se foram apagando
De mim.
Não acredito que sejam
Estrelas.
Morreram no fim.
Foram-se embora
E sorrimos
Com o que podemos.
Por isso as crianças
E os filhos
Serem os acontecimentos
Do futuro.
Antes que morra
E antes de perder fé
Nesta porra toda.
Elas também
Fazem de mim melhor pessoa.
Uma pessoa de ver
Luzes de novo
Por esta viela.
Como se fossem estrelas.

VAz Dias
#palavradejorge

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Completa!

Por vezes atinges-me
Na saudade.
Não na do tempo
Mas apenas na lembrança de ti.
De seres tão naturalmente
Bela em mim.
De não te apressares
Em te colocares diante de mim
Fazendo-te do quadro completo.
Ele completa-se de ti.
Como tu me completas
Sem que eu saiba
O que é essa plenitude.
E no entanto a tua virtude
É ires dando-me
Noção do que me completei
Mais agora do que de ontem.
E pelo meio estendes-te
Pelos dias sendo tu própria.
Podias ter o mundo
E dás-me de barato
O teu universo.
E eu, controverso
Em mim,
Busco a plenitude do Ser.
E tu completando o quadro
Por te dares
Sem te subtraíres
Completas-te!
És tão imensamente maior
Por ti e no entanto
Ensinas-me
Que maior se é
Só com quem
Se quer estar.
A dar universos
Sem perder nada.
Sem te perderes.

Eu sou um solitário
Na busca das respostas
Às perguntas difíceis.

E tu, completa,
Vais deixando-me ir.

VAz Dias
#palavradejorge

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

De frente. De gente.

Trilho o caminho
Que me deixou
Cada vez mais isolado.
Encontrei cada vez mais
Poucos como eu.
Perdidos do artifício
Das relações.
Das amizades do momento.
Andamos em matilhas
-todos juntinhos para
Não termos medo-
E dividirmos a experiência.
Desistimos de passar pelas coisas
Sozinhos.
Pequeninos que juntos
Passamos pelo o que
O diabo mordeu.
Um mais outro plebeu
Porque assim queremos ser.
Ter medo de ser únicos.
De com o diabo
Se debater.
E depois voltamos.
Sobrevivemos
Às mortes
E ao escárnio dele.
Do esquecimento de Deus
E de nós
Em sua importante obra.
Do destino
Que ele nos traçou
E que nós pequeninos
Insignificantes
Sem fé de aceitar
O que não sabemos
Ele reprova.
Depois fiquei a ver-me
Pelo retrovisor.
Com um Deus,
Com uma esperança
E a morder o pão
Que o diabo mordeu.
Plebeu entre iguais.
Esqueci-me de como era ser
Igual dos demais.
Lutei tantas batalhas
Do que alguma vez
Virais a sangrar.

Estou farto de sangrar.
Sôfrego em silêncio
Da injustiça dos outros.
Cambaleio torto.
Quase morto
E resiliente... vivo.
Olho apenas para a frente
Ainda que o retrovisor
Me assalte desse tipo de gente.
E eu com eles
Antes de ser diferente.
Antes de ter morrido
E de encontrar-me
Cada vez mais sozinho
Pela frente.

De frente
Vem menos gente.

Não sou gente.
Incompetente.

VAz Dias
#palaveadejorge


domingo, 10 de dezembro de 2017

A ausência do inverno

Ela sentava-se sozinha
Embrulhada no cinzentismo
Que chegava antes
Da própria época.
Ela abandonara a ideia
De amor
Como sendo
De companhia.
Ele viajara para fora
Dela.
Mandava-lhe cartas
De a querer
Mas à distância.
Era a pessoa que mais amara
À distância.
Lá fora o inverno tardava
Em chegar
Para ser mais triste
Que o inverno que vivia
Com ela naquela sala.
O cinzentismo era a companhia
Mais propalada,
Abraçado
À ausencia deles.
Ela amava a ausência
Por ser tudo o que tinha
Dele.

VAz Dias
#palavradejorge

Contemplo-te

Todos os dias
Um beijo em ti
Resume o que de novo
Me chega de ti.
O teu beijo
É a pessoa nova
Que em cada dia
Encontro.
A mesma mas diferente.
A outra
E mais contente.
Contemplo-te!

VAz Dias
#palavradejorge

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Nosso

Longo vai o dia
Que se afasta de nós.
Mas aqui estou
Deitando-me em leito
Do teu sonhado peito.
Fecho os olhos
Acomodado
Pelo abraço
De ti sem nós.
Por aqui
E por enquanto.
Desato os nós
Das nossas minúcias.
Do detalhe que escapa.
Da palavra que martela.
Do olhar que se espera
Voltar a ser nosso.
Cansaço era não nos
Querer.
Era não ter amor
De onde ele brota
Constante.
Nunca fui a esse distante
Desencontro.
Tenho estado aqui
Sempre pronto.
Quanto mais não seja
Adormecendo,
Nosso,
Em sonho.

VAz Dias
#palavradejorge

Beijo Calado

Cada vez mais
Distante.
Despe-se a suspeita
Que cada vez mais
Te queira.
Apesar de presente
Não te posso ter
A cada hora.
Encontrei-me
E perco tempo
A tudo o que o mundo
Me convoca.
Mas quanto mais me afasto
Mais a saudade aperta.
Quanto mais disto
Mais de mim
A ti se se acerca.

Talvez não notaste
Mas nunca me fui
Embora,
Embora pareça.
Não te silencies
Porque se se cala
Uma alma inteira
Em mim
Um mundo inteiro
De ti careça
Mais do que de mim
Venha à fala.
Saudade
Não se cala!

VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Morte de Gelo

Em cima daquele monte
Onde o vento
Sopra de frente.
Onde o gelo
Se apodera do meu corpo.
Onde a solidão
De escolher
Faz-me ver tudo o que
Lá por baixo ficou,
Encerro o fim de mim
E dos outros
Que em nada me quiseram.
Subiríamos juntos
Se quisessem...
Ficaram nos braços
Uns dos outros
Contando anedotas
De trepadores.

Nem por um segundo
Se julgue
Que esta minha nudez
Se deva à pobreza
E ao desdém
De nem a um de vós
Ter pedido ajuda.
Subo descalço
E nu de aproveitamento.

Gelo e morro se tiver
De assim ser naquele monte.
Gelo e morro
Convosco no coração
Porque nunca vos trairia.
A minha pele é testemunha
E a minha voz húmida
Destemida.
Morro por nós!

VAz Dias
#palavradejorge

sábado, 2 de dezembro de 2017

Ballet Cego

Corro as tuas fotografias
E lá só me vejo
Perdido.
Tu desaparecida
E sem motivo
Para te mostrares.

Esbate-se a tua imagem
Da memória daqueles
Que tanto te quiseram.
Nunca os quiseste.
Não podias!
E na minha cegueira
Dançaste.
Aparecias
Quando te esquecia.
Aparecias
Quando te ausentavas
Do esquecimento
Dos outros.
Aparecias quando
Recuperava a visão.

Apoderaste-te do meu tórax.
Das mandíbulas
Que se cerravam
Da tua presença.
De um esqueleto inteiro
Impedido de dançar
Enquanto de luxúria
Te bamboleavas.

(Porque poderia um cego
Te querer
Se recuperava visão
À tua ausência?)

Há fotografias em minha
Posse
Ardendo as palmas
Das mãos
E eu sem impressão
Digital
De quem sou.
De quem foste.

VAz Dias
#palavradejorge

Cores Quentes

Tenho em mim
peito de soprar
um céu imenso cinzento
para lá do limiar das tristezas.
Sou céu de mim
e sol do mundo
para fazer desenhar
um arco-íris de cores quentes
nos dias que se aproximam.
E se ainda assim
prevavalecer a suspeita,
descansa
que o tempo
tem por norma
fazê-lo por nós.

VAz Dias
#palavradejorge

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Boca mordida

Um dia tudo será
Mais fácil.
As dores de hoje
Serão suportáveis
Pois as conhecemos.
Convivemos tanto com
Elas
Que os medos
Deixaram de ser
(Também eles)
Uma morte.

Conduzia e fiquei
"Chapado" de lágrima
Com a notícia do Zé.
Bateu forte
Ser do rock
E ser perto dos bons.
Há tons de cinza
Com confeti
Atirado por doidos
Sem saberem o que fazem.

Despeço-me de mais
Um amigo.
Não há abrigo
Nem colchão
Para amparar a queda.
Merda.
Tudo morre à volta.
Ou ganha vida.

E cai mais uma lágrima
Enquanto desço aquela
Avenida.
Ferida
Está a boca mordida
De não querer
E ter de ser.

A vida é fodida.
E eu obrigado a lhe
Pertencer...

VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Virei para este cantinho

Virei aqui para
Este nosso cantinho.
De mansinho
Escrevo-te este poema
Como quem te toca
De lúbrica intensão.
Uma rapidinha
Como naquelas tardes
De verão.
Fazer o tempo estender
Como se aqueles
Minutos prevalecessem
Por cada uma outra estação.
E prevalecem.
Faz frio
E aqueceste-me a saudade.
Escrevo-te por não a ter
Porque estás sempre
No meu corpo
Tatuada de poema.
De extrema tesão
Mas mais de
Canção
Que ecoa o tempo
Que não é.
Não é lamento
É convicção
E amor ao que não há.
Não se vê
Deixa lá.
Num próximo, verão!

VAz Dias
#palavradejorge

domingo, 26 de novembro de 2017

Colisão

Há névoa nas gentes
Perdidas entre si.
Caminharam em sentidos
Opostos
- ou assim julgavam -.
Os encontrões
No meio do nada
Seriam apenas
Acidentes de quem
Afinal se queria
Encontrar.
Deuses brincando
E lançando
Dados para o entretém
De quem
Nada sabia o que querer.
Agora,
Porque sempre cantaram
Hinos de certeza.
Os deuses devem estar
Loucamente
Roucos de tanto rir
Desencontros
Que se fazem
Em colisões.
Coliseus de risos
Em redor de um palco
Construído com tempo.
Chegará o momento
E a vontade de rir
Como um deus
Sucumbirá ao prazer
De te ver
Querer.
Colisão por querer.

VAz Dias
#palavradejorge

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Por entre os pingos da chuva

Por entre os pingos da chuva...

Há um encanto
Naquela rua.
Encanto de tanto
Tamanho
Quanto a luz
Da lua
Com que me entretenho
E a luz do dia
Que brilha como sua.

Bela, belinha
Tem a beleza de um doce
Que se traga
Pela boca
Com celeridade pouca
Como se minha fosse.
Não é
Mas fica um sabor
Aguado como a chuvinha
Que lava as flores da rua
E a beleza de volta
Que ela nos trouxe!

Bela, belinha
Da nossa rua
Que mais brilha
E a luz que ela de volta
Nos trouxe!

VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Palavras de Pretérito Pertençam

Não há nada que te
Escreva.
Que por seu
Tão abenegado propósito
Se te mereça.
Ficaram as palavras em ti
E no tempo que nunca foi
Nosso.
Um colosso de tempo
Daí para trás
Se deixou
E da memória
Desapareça.
Não te mereceu
Por não te conhecer.
Afinal,
As palavras eram de si
Próprias
Pois em ti
Não há poesia
Ou ode que a elas
As convençam.

Palavras de
Pretérito Pertençam.

domingo, 12 de novembro de 2017

Repleto Reflexo

Estava no reflexo
Da janela.
O meu mais ardente
Desejo sobressaía
Sem que nela
Se sobrepusesse
O meu ensejo.
Palpitava o nervo
Endurecendo-me
A carne.
"Ela que me desarme!
Que note o que em mim
Encante".

Queria que ela notasse
Pelo reflexo
Do seu próprio desejo.
Um beijo no vidro
Que me desse um sinal.
Paixão longe
De um final feliz.
Esse seria
Começar uma casa
Pela janela.
E não!
Só paixão no chão
Do quarto dela.
Se ela notasse.
Se quisesse.
Se também não quisesse
Amor.

Que o crime seja
Não nos termos visto
Refletidos no vidro.
No desejo.
No beijo
Que chegaria
Do ângulo onde no ardor
Dela
Eu também existo.

VAz Dias
#palavradejorge

Falar Mata!

De raspão.
Largam-me da intensidade
A que se esconderam.
Ou éramos todos diferentes.
Depois veio
O universo.
Esse ditador
De me calar.
De me pôr no lugar.
Fui eu que me culpei
Por tudo
Porque ninguém
Se chegou à frente.
E então se não sou
De bem aos olhos
Dessa infâme gente?

Somos todos tão bons
Quanto incoerentes.
Bradamos de borla.
Cavamos a cova
Para atirarmos
O pecador fora.
Mas também queremos
Viver.
Ser vividos.
Criticar qualquer pessoa.
- Se ateia um fogo
Ou se vestiu de feia -.
Apontem-me um dedo
De hipocrisia
Pela falta de coragem
De colocarem em causa
A vossa bíblia falada.
Desgraçada de tão sagrada.
Língua ardente
De limonada.
Hiperventilados
Que nunca usaram a boca
Para a carne.
Para tapá-la
De sabores e pecado.
E humanidade consagrada.
Apóstolos da dor de cotovelo.

Gosto da dor
Da glande.
De a esfregar
Como a boca que se agrade.
Comer e comer
E ficar farto.
Raios vos partam
De boca moral.
De rouquidão mortal.
Venham-se mas é!
Juntos. Ou sós.
Uns com outros
E após.
Mas venham-se
E regozijem-se sem
Culpa.
Isso é de quem não tem
Nada
Senão palavra.
Palavra sem tesão
É mudez
Em grito sem convicção.
Façam da erecção
E da pluviosidade
Corpo a que dão a cara.
Falar mata!

VAz Dias
#palavradejorge

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Rasgo de um mundo

A metamorfose.
O devir.
Dividir
E separar.
Apartar
Para mais além
Reunir
E encontrar uns nos
Outros
Os nossos melhores
Nós.
Saudade de mudar
Para melhor.
De nos reencontrarmos
Além.
Mais à frente.
Maiores.
Melhores.
Mais velhos.
Mais sábios.
Menos perdidos
Uns dos outros.
Sei que para aí
Volto.
Espero ver-vos por aí.
Faço votos.

VAz Dias
#palavradejorge

domingo, 5 de novembro de 2017

Titãs do Nada

A seriedade do que
Nada devia ser.
Sermos uma quantidade
De seres desprovidos
De sentimentos profundos.
Tudo deuses gregos
Em olímpos de cal
E ninfas em águas estagnadas.
Para quê tanta febre
Em sentir as ausências?
Eu sei o que é ausentar-me
Para nada sentir.
Recuperar poder
De nada me afectar.
Pois é um erro!
É a mediocridade de nada
Sermos.
É um crédito
Anabolizante.
Um soporífero
De dormir de olhos
Abertos.
São umas pálpebras cerradas
De olhos pintados
De estrelas.
Enganos.
Manipulações
Que espetamos
De chicote nos outros.
A vingança e o eterno
Mal
A se fazer por intermédio
Da nossa fraqueza.
Da nossa humanidade.
Somos fracos não por a sofrer
Mas por queimarmos
Em brasa
No canastro
Dos que nos querem.
Dos que nos querem bem.
Um poder de merda.
Um gáudio sinistro.
Um intervalo
De bestas quadradas.
Fracos na perda.
Fracos!
Fracos de merda!

VAz Dias
#palavradejorge

sábado, 4 de novembro de 2017

Terra Chorada em Mar

Do deserto para o vale do verde e desaguar em esperança.
Choro rio para a foz.
Foi do amargo
De boca
Que se calou a voz.
Cada pinheiro
Como de uma pessoa
Se tratasse.
Não por serem menos
Do que nós
Mas por mais se perceber
Aos seres racionais
A tragédia
Que essa bandidagem
Nos trouxe.
Não tenho provas.
Só tenho um nó na garganta.
Um cemitério
Prestes a se tornar
Num deserto.
Vive um vale
Que escondido e húmido
Se sobrou.
O riacho que levou a morte
De um carvão
Até ao mar.
Esse eterno retorno
Que é a mágoa
De se desaguar.
Um choro meu
E de todos que em cada
Árvore
Perderam um ente querido.
Um pinhal perdido.
Um choro
Contido
De esperança de mar.

VAz Dias

#palavradejorge

Racional Emocional

Essa estranha vontade
De seres amarrada
No ser,
De me quereres
Animalesco e fora de mim
Funciona.
Funciona na distância.
No olhar.
No distinto prazer
De te deixar estar.
Não consigo ser
Esse abrupto tipo
Que das gerações passadas
Gravou no teu código
Genético
Essa falta de jeito.
Na inconveniência social.
Na bizarra forma
De nos amarrármos
Fisicamente.
Da luta dos corpos
Em oposição à liberdade
De querer.
Ferve e eu como homem
Tenho de me reservar.
Deixar a delicadeza
Da brutalidade
Para os outros.
Esses confrontos
Primatas
Não acolhem
O que quero do teu corpo,
Mente e prazer.
Somente.
Não sou bicho,
Sou animal emocional.
Lamento não ser
Conveniente.
Lamento.

VAz Dias
#palavradejorge

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mar Negro

Quando despertou
Ela não mais ali
Se encontrava.

Ela teria despertado
Aos poucos
Antes dele.

Foram mais do que
Minutos, horas.
Teria sido nos últimos anos.

Ele deixara de acordar
Com ela.
Deitava-se mas já não eram
Corpos do mesmo leito.

Não eram olhos
Do mesmo descanso.
Como se fazia um leito
Ter a distância de um oceano?

Chorando cada um
Para o seu lado em silêncio.

Um mar negro de pranto
E de silêncio profundo.
Águas paradas e sem retorno.

VAz Dias
#palavradejorge

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Amor duma Nação

E no peito rebentam
As balas de uma nação
Inteira.
O amor não devia
Lembrar guerra.
Mas ele implode agora
De tanto.
De demasiado.
De a todos
E a todas.
Só Deus deveria amar
Assim tanto.
Nós os deste terreno
Somos fracos demais
Para aguentar tanto
Que dói.
Hoje dói
E sinto o ar colado
Até à garganta.
E só consigo gritar
Assim.
Escrevendo.
Esperando que se morrer
Que seja de ataque cardíaco
Por uma nação!

Um último suspiro.

VAz Dias
#palavradejorge

Bando

Um desviar subtil
Do telefone.
A voz que ao telefone
Escolhe ser cínica
Para não transbordar
Verdade.
A voz que diz a verdade
Nas costas
Dos nossos olhos.
A vergonha
Tapada com ironia
E desplante.
O silêncio
Dos culpados
E do concluio
Que os faz unidos.
A honra que existe
No defeito
E o defeito não ter
Honra nenhuma afinal.
O atraso que conhecemos
Do cansaço e da tristeza.
O aviso que não vem.
A soberba de achar
Que não vemos.
Não ouvimos.
Não percebemos.
Que não enganamos também.
Enganar com a verdade
É dançar com o inimigo
Para lhe antever
A mentira
No passo.

Ser justo
É esquecer?
Ser justo
É diminuir o erro
Dos outros
Ao tamanho das acções
Por si cometidas.
É compaixão
Para ser compreendido.

É fácil ter asas
Num bando que se desloca
Para onde há segurança.

Voar na intempérie
É ter mais que asas.
É decidir rotas.

VAz Dias
#palavradejorge

As horas que se deixaram à solta

As horas
Que se deixaram
À solta um do outro.
Teria sido para a
Saudade.
Teria sido para
Adensar um calor
Que se esmorecia.
Deixaram-se à solta
Pelo que não se vivera.
Uma tristeza comparada
Com a vida dos outros.
Os pressupostos
Que chegam
Da vida passada
E que se detêm
Nos outros.
No que não se acabou.
No que seria.
Inflizes eram
Por não serem
Para além do amor
Que se tinham.

Eram apenas felizes
Pelo mais
Simples das coisas.
Não tinham
Arriscado
A infelicidade
A sério.
O medo ainda
Não se soltara.

Deviam um ao outro
A felicidade
Que se deitava consigo.
Do futuro
Que ambos
Perspectivavam.
Da sorte.

Faltava descobrir
A morte
Antes que pudessem
Dizer "Felicidade"
De novo.
Devia a infelicidade
Antes que acabasse
Ou se tivessem
Verdadeiramente conhecido.

VAz Dias
#palavradejorge

O toque que mate o tempo que resta

Baque!
Campaínha
Que ressoa
E conivente do achaque.
Anseias a chegada
De alguém.
Dela de quem
Já nem o nome sabes.
Enferrujaste da espera.
Sólido te julgavas
Das fundações
Mas o batimento
Foi-se perdendo da espera.
Raramente sentiste
O resgresso à vida,
À excitação
Que deixara de ser construída
À mão de semear.
Paraste.
Tudo pela espera
E a fatal perda de memória.
Baque!
Nem reparaste
Que a espera te mudou
E com isso ela.
Outra.
Mudou
Mas porque tu não eras
O mesmo.
E nem sabias mais o seu
Nome.
Pobre prédio
Abandonado em que
Te tornaste
E a única coisa viva...
A campaínha que em
Ti ainda sobrava.
Baque!
Morreste do engano
Na porta.
Era o número do lado
E tu perderas tudo
Pela espera
E uma campaínha
Que só tu ouvias.
Morreste no dia
Em que começaste
A espera.

O toque que mate
O tempo que resta.

VAz Dias
#palavradejorge

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Mudo Universo

Deixaram de se falar.
Com tantas palavras
Que lhes faltara.
Com tantos gestos
Que ficaram
Por germinar
Dessas palavras...
Deixaram de se falar.

Tinham tido espasmos
De outras vidas.
Assim se convenceram
Para fazerem jus
Ao facto de se terem
Conhecido.
Espasmos partilhados.
Tretas etéreas
Para se convencerem
Do tempo e do espaço.

Talvez se encontrariam.
Talvez.

Mas não!
Decidiu-se não.
O mais covarde
Aceitou
E o mais bravo
Arrependeu-se.
Esperariam nada.
Jogariam no reflexo
Do espelho
As mil oportunidades
Enjeitadas.
Mil por reflexo
De alguns gestos.
Espasmos
Por simpatia corporal.

Não se foram nada.
O mais que foram
Foi de quando um era
E outro não chegara.
Uma atrapalhação
Desse mesmo universo.
Tão estupidamente
Diferentes
Com a vida pela frente.
Um acidente
Prestes a acontecer
Que não deu em
Nada. Diferendos.

Não chegaram a agitar
As partículas
Por explosão.
Ficaram implodindo
Anseios.
Fracos.
Feios.
Pequenos seres
De receios
E de valentias
Perdidas em horóscopos.
Pobres músculos
Que não deram
Corpo à vontade.

Deixaram de se falar
Esperando o tempo
E o espaço falar
Por eles.
Mudo
Gozou com as suas
Caras.
Eram marionetes
Do tempo passar
Até arranjar espaço.
Universo de um cabresto
Que fez de cada um
Palhaço.

Passo a passo
Um dia aprenderiam
(Talvez)
A falar.
Um com o outro.
Ou nada disso.
Dar-se-iam um
Abraço,
Calado,
Mudo como o universo.

Deixaram de se falar.
Só isso...

VAz Dias
#palavradejorge

Morro feliz e afoito

Choro pelo leite
Derramado
Em teu leito
Por mim tão amado.

Devolvo ao teu peito
Aguardado
Todo o jeito
De me fazer convidado.

Foste tu
Quem me convidou.
Quem me deixou ali
Tão alvoroçado.

Tenho mais
Do que me queres.
Tenho mortes
E fogo
Mais do que me queimes.

Ardo no fogo
Do teu leito
Que é peito
De morrer um ser
Perfeitamento satisfeito.

Morro feliz e afoito
E por ti assim amado.

VAz Dias
#palavradejorge

domingo, 29 de outubro de 2017

Naquela atípica época

Paramos o carro na berma.
Havia calor ademais
De nós.
Da época.
Era a nossa época.
Nunca fôramos
Bem aquilo que se espera.
Também não estávamos
À espera.
Não era premeditado
Apesar de parecermos
Ter sido feitos
Da excepção
Um para o outro.
Como deste tempo.
Ali também não estávamos à espera.
Víamos o tempo
A escoar.
Na telefonia
(Agora rádio)
Tínhamos sido sobreviventes
Às épocas.
Principalmente por já não existirmos.

Eu disse que não éramos
Daquela época
Porque nós também
Não fôramos premeditados.
Nem habituais.
Fôramos embora
Porque aquela era atípica e passou.
E nós só estávamos
Bem
Sendo atípicos.

"Já vos disse que já não existimos?
Fomos felizes."

VAz Dias
#palavradejorge

Carta Aberta ao Erro

Não há felicidade sem perdas.
Sem a consciência
De que, humanos,
Falhamos
E procuramos
Aprender.
Sabendo onde é o erro
Sabemos onde o queremos
Revolver.
Esquadrinhar com paixão
E por oposição
Tragar a lucidez.
Não sei onde posso
Falhar mais
Mas sei que voltará
Até não se fazer mar
De banhar mais as minhas costas.

Desencontramo-nos as vezes
Suficientes.
Fazemos as exéquias
Do que não é para ser.
Pisamos chão firme
E coração nas núvens
Para voar
Para os lugais certos.
Para o que nos foi destinado.
Para os que nos querem.

Querer mais do que isso
É viagem
E tempo
Desperdiçados.
Ah Erro que me acompanhas
Há tanto tempo!
Que Síndrome de Estocolmo
Me fez tanto te querer
E fazer-te resolver?!

Somos o que conhecemos
Melhor.
Mas podemos sempre mudar.
"Erro, cresci!
Vou precisando-te menos
E menos.
Até que sejas ínfimo
E eu íntimo do Amor.
Obrigado por tudo
E por todos aqueles Nadas!"

VAz Dias
#palavradejorge

sábado, 28 de outubro de 2017

A janela de cores fugidias

Eu sei que sabes
Que a minha imaginação
Não te faz única.
A minha imaginação
É a liberdade.
E tu és a liberdade
Mas não a minha imaginação.
Então é verdade!
É verdade
Que não vivo
Na tua.
Que somos reais
E que eu também te sou
Liberdade.
Que sou a realidade
E a crueza.
Sou o teu convidado
Nesta viagem.
Amar-te é sem paragem.
É bilhete tirado sem
Volta
E sem bagagem.
É só imaginação minha
E a nossa verdade.

Escrevo-te um poema
Para que saibas
Que sou teu.
Porque assino
Como quem prometeu.
Na verdade...
Sou eu
E tu és onde a minha viagem
Começa
E não pára.
Olho pela janela
E as cores
Misturam-se e ficam para
Trás.
É por me dares caminho
E por me amares.
És todas as paragens
Em que não nos apeámos.
Imagei seguirmos
E ficámos
Sentados lado a lado
Naquela carruagem.
Seguindo.
Na verdade
E na minha imaginação.

VAz Dias
#palavradejorge

Virtudes nas palavras

Levaste um cigarro
À boca.
Os lábios tomavam-no
Como um pecado
Necessário.
Não eras de vidas fáceis
Mas também
Te deixaras de preocupar
Havia tempo.
Bafuravas
Lentamente o fumo
Que mais parecia
Esconder-se de volta
Nas tuas entranhas.
Eras daquelas pessoas
Que se confortava
Com estórias estranhas.
Cânhamo
E virtudes nas palavras.
Um filme em regresso
E o meu desejo
Em excesso.
Um filme
E um trecho.
Olhavas por aquela tela
Como se fora para mim.
Atiravas-me o fumo
Para as ventas.
Batom dos oitentas.
Carregado em lábios
Marcados no filtro.
Por dentro grito.
Aflição
Como se fora uma lição
De sacanice pura.
Mas não.
Nem te importavas com
A minha presença.
Na realidade eu deste lado
Da tela
Para ti não existia.

VAz Dias
#palavradejorge

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Os miúdos que crescem com roupa lavada.

Em que medida
Pode uma pessoa
Cobrar à outra
O justo e o imensurável?
Pelo gesto contestado
À revelia de ter
Crescido
E à pose dos reflexos
Faz um cúmplice
Paracer-se igual.
Mais do mesmo.

Talvez fosse já um dos
Mesmos,
E expiar o pecado
Do passado
Quiçá do presente
Abrindo a porta
À contestação.

Rebeldia dos tempos
Presentes
E o infortúnio
Dos sentimentos
Ausentes.
O excesso da carência
Habilitada pelo pleonasmo
Do gesto.
De resto,
O que esperar mais
Do que aos
Seguidores
Da nossa passagem?

Responsabilidades
Partilhadas.
Mas punho firme
No que se alvitra
Justo.
A todo custo
Antes que o manifesto
Sem fundo
Se desculpe do mundo
E de tudo o resto.

Os miúdos que crescem
Com roupa lavada.

VAz Dias
#palavradejorge

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Levitar Plumas

A sorte de um
Homem é saber
Que quem lhe cai
Melhor
Nunca sobra
Da multidão.
Antes é
A pessoa que enaltece
O seu ser.
Pelo pior
E pelo melhor.
Pela espera
E a busca
Que nunca se esgotou
Em ninguém.
Presente e para além
Do conformismo.
Para quê mais do mesmo
Quando podemos
Nos rever
No melhor de nós?
No sopro ténue
Nas nossas mazelas
E crueza acumuladas?

Nunca nos devemos
Contentar com
Apenas as nossas
Pequenezas.
Com as nossas inferioridades
E desconfiança de mérito.

Alcancei a vista
Vertical
Sem sobranceria.
Não subi às alturas
Da multidão
Para a ver melhor.
Aceitei que se fossem.
Que não fossem.
Subi
Porque emagreci
Em pluma
De todas as frustrações
E intenções.
Levitei
E dali a vislumbrei.
Não que fosse maior.
Não que fosse mais
Elevada.
Porque para lá da multidão
Vivia ela
Sem se pôr em bicos
De pés.
Apenas ela
No seu sorriso
E calma.
Na vida que dela
Me chamava.

É assim que se ama?

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Disforme

Não são as sombras
Que por muito coloridas
Nos pareçam
Que deixam de ser
Negras.
Ou sombras.
Olhei e vi uma junto
Aos pés.
Fiz questão de não pisar.
Afastar-me
E revê-la numa parede.
Ali alongava-se.
Fazia-se maior
Que a sua figura.

Isto já dura ao tempo
Que a luz
Lhe fala pelas costas.
As apostas vão para
A luz que não se apaga
E se propaga
Por quem lhe queira dar
Frente.
Falta isso a muita
Gente.
Desleixam-se
Permanentemente.
E aqui vai
A penitência
De quem faz amor
Com as sombras.
O passado da luz
Que se fez
Perder pelo tempo.
E a minha falta de engenho
Presente.

Venha futuro diferente.
De frente.
De repente
Ou lento.
Sombra colorida
Só se for ingénuo
Ingloriamente!

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Avenida de oportunidades

Deitei-me.
Fechei o pensamento
Que trazia
Ao volante.
A vida que passa lá
Fora.
As oportunidades que perdemos,
As outras que por qualquer razão
Nos escaparam
(E tanto que lutámos por elas),
A sorte e o mérito.
A sorte sem mérito.
O mérito por si.
A serenidade que adveio
Da espera
Que adveio do esforço.

Abri um pisca à direita.

É nesta rua que moro agora.
Uma avenida de oportunidades.
Livre
E as outras terras.
As outras oportunidades
E satisfação que não mora
No mesmo lugar
Sempre.

Inquieto e nervo
De impelir.
Ir de saber ficar.
Voltar
E mudar.
Destemor.

Amor.

Desligo o motor
E a música que abranda
No cérebro
Para dar lugar
À palavra.

Arrefece
E desencosto das trivialidades.
Um "gosto"
E mais outro que diz
O que se disse e se desdiz.

Volto às luzes que vi
Passarem para trás
E as sombras
Que dançavam no carro.
Foi ali que fiquei.
Viajando onde
Nada me segura...
Nem o assento,
Nem a rua.

Só mente.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 22 de outubro de 2017

Asfalto e vidro aberto

És uma surpresa constante
Da minha liberdade.
Arriscaria dizer
Que és a personificação
Dela
E eu o amor
Que se pode ter por ti
Liberdade.
Estrada aberta
Vidro aberto
E crer desperto.
Sou mais eu
Com tudo que
Não é meu
E que me dás
Sem saberes.
Ou saberás?
Como não te amar
Sempre mais
E mais?
E mais Liberdade?
Ou será Amor?

VAz Dias
#palavradejorge

sábado, 21 de outubro de 2017

Mar Canção

E és tu aquela
Que apela
À minha suave
Aterragem.
Sou mar bravo
Que em ti
Se toca de brisa
E vontade férrea.
Acalmas-me
O turbilhão
E a maneira
Que não controlo
Por mim.
Ai mulher terra
Que faz de um homem
Mar
O coração acelerar
E na tua costa
Do nervo
Se despojar!
Há um equilíbrio
Só teu.
Só tu
No teu ser
Que faz do meu,
Ser.
Mar és tu afinal
E eu areia
Que foge
Por entre os dedos
De um mundo se perder.
No teu mar sou salga
E sabor
Pelos oceanos
Se distender.

Balanço
E maré
E canção
Que me és Mulher.
Canção.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Des(Apareci)!

Estás presente
Mas não como prenda.
Ausentas-te
Como se nunca
Tivéssemos tido
Nada.
Teria sido tortura
Se não tivesses sido
A outra
E aquela
E aqueloutra.
Já sobrevivi a pior.
À morte a cada uma
E renasci
Para este outro eu.
Mas o que aconteceu
Se as promessas,
As grandes coincidências
Cósmicas
Que tão arrebatadamente
Defendeste
Agora desaparecem
Contigo?
Sabes tu que desaparecendo
Não te encontras?
Quase me desencontraste.
Quase te arrependeste
De não voltar.
Apareces
E depois desapareces
À conveniência
Das tuas perdas
E eu que as acalme
Não te estando presente.
Pressinto que voltarás
E eu cá não estarei.
Não é por mal
Pois foi com a tua invisibilidade
Que me fizeste
Aparecer.
Ser visível.
Ser percepcionado.
Ser eu.
E como isso
Me entristece
Para a quem
Bastasse ter ficado.

Não desapareci.
Apareci mais ali
Na minha vida.
Ja te agradeci?

VAz Dias
#palavradejorge

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Gente em preto e branco

Seguimos sem saudade.
Talvez seja aquela
Que bate
Com a dor dormente
Pelo tempo.
Que surge em alfinete
Perfurando a pele
À medula... ardente.
O mundo desabava
E íamos
Sufocando
Na sua cinza.
Ardendo vagarosamente
E de repente...!
Nada!
Só um ruído
Mudo a preto e branco.
Todos fazendo a sua
Vida de novo...
Mas a preto e branco.
E um corvo
Sobrevoando atento.
Penas queimadas
E sem pena da gente.
Somos doentes
E o amor também.
Seguimos em frente sem cores.
Seguimos... somente...

VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Ardem-me os olhos

Ardem-me os olhos
Ainda.
Ainda choro
A chuva que não chegou
A tempo.
E quanto tempo
Isto vai durar?
Amar é tão pouco
Quando não nos podemos
Salvar da morte.
Amar é algo do futuro
E é sempre melhor amanhã
E hoje já foi.
Mas ontem
E antes não veio
A tempo.
Nem o vento
Da chuva
Nem a semente
Que a terra precisa.
Amei-te
Menos do que amanhã.
Valha-nos
Meu amor
Tão somente
O amanhã
Para fazermos melhor.

Amo-te
O ventre
Do amanhã.
O corpo que ausente
Pretende o vento
Que chame
A chuva
Lentamente.
Semearei em ti
Como terra fértil
Que és!
Como amor
Que és!
Tu és o futuro
E a terra prometida.
O fruto
E a vida.
A chuva que
Dos meus olhos
Caíram.

Faça-se luz verde
Para seguirmos
Em frente.
Prometo!
Ainda ardem
Os olhos do meu
Lamento.
Mas prometo!

VAz Dias
#palavradejorge

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Furacão Carvão

Porque deixaste
O fogo se interpusesse
Entre nós?
Calaste a minha voz
Com o argumento
De sermos esta outra diferença.
Que tínhamos uma cena fixe
Quando o tempo
Era bom.
Bom,
E agora o que me dizes
Deste ardor
Que nos levou
Os campos
E as arribas da alma?
Pediste-me calma
Quando vi o calor
A fazer frente
Ao vento.
Estás contente?
Não sei quem é o mais
Doente
Ou o que tenha mais amor.
Mas afinal não tínhamos
De ser perante esta frente.
Nunca fomos
Porque vieste
E foste.
Foste um furacão
Que transformou
O verde, o ar
E o meu amor
Em carvão.
Cuspo cinza
Do que não foi.
Só da tua passagem
E do meu choro.
Que chorasse eu
A tempo e tu
Nem pouco mais
De vento
Tivesses sido.
Mataste a possibilidade
Mas cá ficamos.
Encostados
Ao dia de amanhã
E à vontade
De tudo de novo refazer.
Não haver furacão
Ou filho da mãe
Que nos fará render.
Temos pulmão para soprar
E ainda mais
Coração semeado
Para árvores crescer.
A flora é nossa.
Agora.
Passa!

VAz Dias

#palavradejorge

Queimasutra!

As pessoas
E as suas vidinhas.
O alheamento
Contra
A especulação.
Pobres
E pobres do coração.
Todos atiram...
Uns, achas para a fogueira
Outros acendem-na
E outros que não.
Que não viram
Viraram a cara
Que não votaram.
Apolíticos
Por ignorância.
Por egoísmo.
Por ganância.
Por ganância
Há políticos,
Há políticas
Para os ganaciosos.
Chamam-lhes lobis
E talvez gente
Sem coração.
Morre tudo
Mas sobram sempre
Mais migalhas
Para esses acumularem.
À conta dos alheados.
Dos fracos.
Dos mestres da (des)comunicação.
Apertam-me o pescoço
E não gosto.
Cortam-me um pulmão
E eu viro-lhes o rosto.
É para os olhar de frente.

Seus pulhas.
Seus filhos de um real
Cabrão.
Mataram o Pinhal do Rei,
Os nossos olhos
E mais um pulmão.
Mas não me calam
Ou adormecem
Com o vosso fogo de artifício.
As canas caem
E o fogo
Do além.
Sabei,
Nós estamos atentos
E não nos matam
Mais nenhum
Pulmão.
Fodei-vos
Em bom português.
Ao contrário
De vós
Somos cada um
Um Bom
Português.
Basta
Deste negócio que se arrasta!
Morram sufocados
Com a nossa sorte
Madrasta!
Filhos duma puta
E sem coração!

VAz Dias
#palavradejorge

domingo, 15 de outubro de 2017

Mata Amizade

Eu e a Mata
Éramos amigos para ser.
Até tínhamos uma energia
Muito nossa.
Acreditava que ela
Seria só minha.
Mas não a tratei
Bem.
Menosprezei-a.
Abandonei o que ela de
Melhor me dava.
Mas nem para amigos
Pudémos ficar.
Deixei-a sempre
Só.
E ela esperava
A cada sopro que voltasse.
Esperava que a cada
Respirar
Me lembrasse de si.
Um pulmão para mim.
Mas não.
Hiperventilei
E deixei-a na mão criminosa.
Em quem a via bela
A arder.
Deixei-a sozinha
E não cuidei dela.
Neste dia podia desculpar-me
Com tudo
Mas não posso.
Perdi uma amiga
Que nem ar pôde
Ser para.
Quem mata a Mata
Senão quem a nunca
Amou
Como o próprio ar
Que respira.

Perdeu-se uma amizade
E um pulmão.
Somos doentes.
Estamos mortos por dentro...

VAz Dias
#palavradejorge

A cidade que amanhece

Os olhares vazios
A manhã que não adormece
E nem sequer se deitou.
Os "afters"
Para chegar lá.
Alargar a experiência
E alongar do bom
Que foi.
Mas bem lá para trás
(Naqueles dias de sol
Em que brincávamos).

Vi o que era
E o que fiz para aqui
Chegar.

As ruas que cheiram
A mijo.
O degredo das conversas
Que se têm
Sem receptor.
Apenas ruído partilhado
Para não se pensar.
O carro que não se lava
E se parece com
Todos os outros
Onde a malta
Se amacia do nervo
Nocturno.

As ruas ainda cheiram
A mijo.
A álcool que destila
Debaixo deste calor
Doentio.

E outros que correm
De pulmão aberto
Bem ao lado...
Mas longe
Tão apressadamente
Para outra maratona.

A cidade amanhece
E o breu
Ainda não adormece.
Vai num risco
E numa ganza que arde
A céu aberto.
E o céu tão perto
E a cidade que não adormece.

Fui...

VAz Dias
#palavradejorge

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Gente de Futuro e Sempre

Cada dia que passa
Penso na pessoa do futuro
Que eras tu.
As pessoas
- poucas -
Como tu.
Excêntricas,
Fora de uma conformidade
E visionárias.
Loucas que eu adoro!
O teu segredo, humano
Carnal
E apaixonada.
Visceral
E para lá da oportunidade
Estagnada.
Penso nas pessoas do
Futuro
No passado
E como o são hoje.
Eu cresci
E vejo-as diferentes.
Novas de agora
Do futuro
Que arribou
Para estas horas
Ainda há as que
Foram futuro
E com o tempo
Se mantêm futuro.
Já não se vêem
Porque se tornaram
Sempre.
Eras tão à frente
Do tempo
Que deixaste de ser carne,
Objecto
Ou vida táctil.
Passaste a ser Sempre
Como os humanos
Intocáveis
Mas que viajam
Em nós
- estes poucos -
Que ficaram por
Cá no tempo
Com olhos de futuro.
Até Sempre!

VAz Dias
#palavradejorge

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Rodando

Espero que me quebres
O gelo
Que passou a nortear
Um dos meus polos.
Que me dês chão
E sul de manter
Una a centralidade
De mim
E para ti.
Mas é o gelo
Que me mantém rodando
De convicção.
Já me basta o fogo
E a precipitação
Que em voltas anteriores
Me desabaram.
Sou meu
Sem deixar de ser
De quem me quer bem.
Contigo também
Se me quiseres nestes
Tempos.
Translação e veremos
O sol.
Veremos se desgelo
Ou se fico apenas
Rodando em mim só.

VAz Dias
#palavradejorge

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Simples são os teus gestos

Simples são os teus gestos.
A calma de respirar.
O ser no seu
Semelhante ser.
O desconhecimento
Por não ser importante.
Sonhas e sonhas
Com propriedade.
O amor é teu
E tu partilhas.
Como respiras.
Como inspiras a confiança
Dos deuses.
Tens o universo
A teu favor
E eu a poeira que se
Desloca lentamente
Em anos-luz
Ao teu centro.
Só o sei por fora
Até que se faça
Universo em mim
Por dentro.
Prometo
Que não passo disso.
Um universo imenso
Percebendo nada,
Senão o lento deslocar
Dos nossos intentos.
Incenso
E reza-se uma fortuna,
Uma bruma do que fui
E da luz a que me
Atrais.
E não haverá depois
Nada mais.
E se houver,
Partimos daí para
Ser.
Talvez um dia seremos
Tudo
E tudo será começo
Mesmo depois de
Cada um renascer.

VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Outono de cores quentes

Bamboleavas-te serena
No verão que chegava
De ti.
A pele dourada
Que deixava um aroma
De calor nas cores
Quentes que caminhavam
Outonais.
Não havia quem mais
Fizesse aquela rua
Com a tua graciosidade.
Com o teu calor
Doutros lugares.
Bossa nova
Dos postais
E leveza no pé.
Fizeste aquela rua
Feliz
Enquanto no meu
Olhar
Se debruçava a fé
De te ver mais.
Um balancé
Da nossa
Beleza em ti.
Da beleza tua
Para que fomos
Convidados.
Bamboleavas-te serena
Em terra quente
Dos nossos
Olhos passeares.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 8 de outubro de 2017

Sou louco por ruas desertas

Sou louco por ruas desertas.
O caminho que dá em
Qualquer lugar.
A aventura de ir.
Pisar chão feito
De máquinas
Para máquinas
Levarem homens a chegar.
Ser homem e pisar
O que é de máquina.
O que é de vida do dia
Que vive de noite
A se fazer vislumbrar.

Sou louco por fazer
Ruas minhas.
Ser irmão das putas
E dos perdidos
Dos outros caminhos.
Correr e ser meu.
Respirar aquele meu ar.
Ser só.
Ser prazer de me perder.
Ser a estrada
De me sentir correr.
Ser chegada
De mais vezes
Que parti.

Sou estrada para ti.
Sou cantos e ruelas
Mas para estrada aberta.
Foi o que sempre preferi.
Como a ti.
Asfalto de partir.
Luzes intermitentes.
Regras adormecidas
E corrermos
Desnudados
De abrigo.
Do que escondido
Ficou por arrancar.

Fazer estrada nua.
Rua tua.
Perigo nosso.

Sou louco por ruas desertas
Como por ti.

VAz Dias

#palavradejorge

Desalmado Apelo

Foi sem apelo
Que a deixei ir.
Ela não era de ninguém.
Nem de si própria
Naquele momento.
Deixei-a ir como
Outras e outros
Que não tinham tempo
Para mim.
Nem para si próprios
Sabiam já o que era
O tempo.
O amor consegue fazer
Isso a uma pessoa.
Tirar-lhe a alma
E deixá-la só em corpo
Presente.
Sem tempo.
Sem noção de tempo.
Só uma lembrança
Do que fora a alma.
Um resquício
De ir em sua demanda
De novo.
Um vislumbre
Do que poderá ser de novo.
Eu sei porque a perdi.

Ficara uma luz ligada
Lá fora.
Aquela porta não se tinha
Fechado inteiramente.
Eu fiquei à espera de saber
O que era luz
Em adulto.

Não era a mesma coisa...

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Indesejados

Saudades e lirismos
acabam com qualquer ímpeto.
A defesa do homem
por de trás do poeta.
Do lírico.
Mas o que falta ao poeta?
Por ser um eunuco falta-lhe
fervor de acometer o pecado.
Fala e não toca.
Não suja as mãos...
Pinta com elas desejos.

- Os desejos são para ser impetuosamente cometidos. Não é crime, é livre-arbítrio!-

Saudades ficam-se
na boca que matou o peixe.
Não é de morte
que a paixão se faz.
É do crime!

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Saber Perder para Ser Feliz

Ganhamos muito menos
Porque nos perdemos.
Recorremos aos nossos gastos
E ganhos
E vemos o que sobra.
Um montão de "injustos"
E aquele pequeno "justo".
O verdadeiro
E merecido.
Aceitar é o sentido.
Sentir é ir nesse caminho.
E com o coração.
Nas perdas foi sempre ele
Que nos aguentou
E nos ganhos
A cabeça que o traduziu
Em bom-senso.
Amor é depois desta equação
Toda
A resposta.
Só é novo para quem
Não percebe desta "matemática".
Leva treino
E muito coração.
Aceitarmos o nosso
Simples e modesto coração.

Saber perder
Para ser feliz.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Razão Escondida

Onde escondeste
A razão que me tiraste?
É irónico que brinques
Com os meus destinos
Com esse ar tão sério.
Se eu sou sério?
Era até tu chegares
E me despires
Essa capa.
Mostraste-me o caminho
Além de mais do que um
Destino.
Felino.
Fábula que congemino.
Contigo.

Agora que me escondeste
A razão
O que fazemos com os teus
Sentidos?

VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Dobro ou Nada

Onde desapareço de mim?
(Poder tirar umas
Férias da minha pessoa...
Ter saudades dos meus
Melhores dias?)
E ainda assim sinto-me mesmo
Perdido de mim,
Como que esperando
A minha chegada.
Sou uma espera adiada
Do melhor eu.
Já conquistei um dia
Essa ideia.
Devíamos ser mais
A ideia do que nós
Próprios.
Cumprimos destinos
Mínimos
Quando podíamos
Dar ao mundo tanto mais.
Fui sempre metade do que podia
Ser
Contudo nos meus exagerados
Saltos à convicção,
O dobro.
Dobro ou Nada!

Faço o que os outros
Não querem ou receiam.
Sou irascível
Pela necessidade de abrir caminho.
Rasgo demais
Na visão dos outros.
Rasgo-me
Porque tenho sentimentos
Que se entranham
Nos polos gelados duma
Terra.
Só me conheço assim parvo,
O suficiente para fazer acontecer
E mais do que suficiente
Para querer desaparecer
De mim.

Fico-me contigo hoje
Aqui.
Dialogamos
Entre estranhos
Dos outros que nos veriam
Maiores.
A sós
A sermos metades
Para ser normal.
Saltamos ao mesmo tempo
Para parecer
Que somos maiores
Do que os nossos
Mínimos.

Tenho uma depressão
Escondida no meio dos maxilares.
Ranjo os dentes
E prossigo
Fazendo os dias merecedores
Dessas férias.
De nós
Que agora falamos
E saltamos
Nas ideias.
Palavras para quê?
...

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Este leito onde em ti me deito

É este o leito
Que me faz aprazível.
Que me faz
Rendido a ti meu amor
E a teu lado me deite.
Olhei o mundo
E não larguei o teu amor
Nem por um segundo.
És a âncora
Que me mantém
Lá no fundo
Vir à tona.
Respirar de guelra
Perder a guerra
E tentar de novo.
Mergulho para ti
E os nossos sonhos.
Não perco o meu sentido.
O livre-eu.
Tanto que se perdeu
E ainda não sabe encontrar
Tudo.
Devia ser mudo
E o mundo um museu.
Deixar a história
Para trás e fazer contigo
O futuro.
Mas há mais,
Há muito mais!
E eu um simples plebeu
Neste reinado que é de ser
Só teu.
Vou e venho na maré
Do tempo.
Se calhar sempre assim.
Impertinente
Viajante
Do tempo perdido.
Ganhando o que posso
De boa gente
E o tempo
Por ti oferecido.
Sonho agarrado a ti...
Desprendido.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 1 de outubro de 2017

Talvez não VO(L)TE

Vais-te embora
Com o pressuposto
De que estarei aqui.
Estar não é uma permanência
É um regresso
Porque se quer.
Votei em ti tantas vezes
Quantas fui a uma igreja.
Deixei de ir a essa permanência
E fiquei com a fé.
Estar é um acto de fé
E tu Democracia
Tens-te esquecido de Nós!

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 30 de setembro de 2017

Escarlate Exótico

Ruborizou-se o momento.
Inflamado o movimento
Pelo cenário envolto.
As cores todas de um jardim
Exótico.
Escarlate acompanhava
As maçãs do teu rosto.
(Ou o meu... não me recordo).
Verde o couro
Que vestia os sofás.
O fumo do cigarro
Que queimava o ar
E o olhar que divagava
Na linha desse encosto
E na harmonia com a
Tua silhueta.
Sorrias como se fosses
De um quadro pintada.
Dependurado o sorriso
Os lábios vermelhos
Percorriam o meu desejo
De cima a baixo.
Sempre fui louco
Por circunstâncias
Inesperadas.
Tinhas esse jeito.

VAz Dias

#palavradejorge

Verte-se um Anseio

Corpo inerte.
Peito arrumado
Contra si próprio.
Tudo apertado
Junto ao estômago.
Um vazio
Que abre uma corrente
De ar
De surdez
Nessa planície.
Sente-se cada batimento
Cardíaco.
O corpo é espasmo
Em cada movimento
Resvalado pelo coração.

"Parece que vou rebentar!"

Prenúncio de agitação.
Sempre tive queda
Para a premonição.
Para o vento gelado
Que vem
Das discussões acaloradas.
Da cólera calada.
Da incongruência alcoólica.
Cólicas e anseios.
Desvios e receios.
Escreve a mão junto ao peito.
Os dedos sentem
Nas pontas os espasmos
Primeiro.
Pesada vai a respiração.
Escreve-se uma oração.
Uma escrita dessa condição.
Não há meio...
...
Não há meio.

VAz Dias

#palavradejorge

Fogo Posto

Estivemos quase para fazer um poema.

Usámos um tórrido pressuposto
Mas deixámo-nos ao gesto
Sob pena de se ganhar um solitário.

Mas...

O teu corpo...

A vontade

E o fogo

E o fogo?

O teu foi fogo posto.
E depois desarrumo-te o sonho.
Fogo todo!

Labaredas para as quais
Corro.

Chama-me!
Chama-me, fogo!

VAz Dias
#palavradejorge

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Querer o Agora

É de um conforto
Estranho
Esta nossa familiaridade.
Este acerto constante
Em tudo o que nos
Toca.
Há um futuro que nos
Convoca
E apaixonei-me
Há muito pelo
Agora.
Amo-te agora
Porque daqui a dois
Minutos posso
Não estar.
Ou tu.
Ou nós.
Ou toda a coincidência
Que nos uniu
Outrora.

Um dia serei tão
Grande que saberei
Amar o nosso futuro.
Se sobreviver a este dois
Minutos
De cada vez.
O terceiro é sempre nosso
Quando acontecer.
Por enquanto apaixonei-me
Por ti
Agora...

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Há Cantos

Há cantos em que me encosto
Que se fizeram
Num momento particular
Meus e para a minha
Conveniência.
E no entanto esse sentimento
De pertença
É do canto.
E deste canto
Que me sai do espaço.
Do abraço ao local
Que já me queria.
Ou talvez por interesse
Me queira só para o canto.
Os cantos
Casados para os seus interesses
E eu ser um carteiro.
Sou o mensageiro
Do que queriam de mim.
Talvez como outros
Que escreviam.
Imagino as épocas
E os cantos deles
E leio os cantos
Com que foram
Bafejados a nos oferecer.
E agora há cantos
Diferentes que me chamam
Para lá estar para lhes
Acomodar a alma
Até seguir.
E esta almofada que aqui
Se debruça
Como mulher nua
E rendida ao prazer
Que desagua
Nas planícies do bem-estar.
Do canto que sussurra veludo
Nas canções
Que chegam agora novas
De novo.
Canto amor aos cantos
Que me "almofadam"
O fado de estar
Com o prazer de voltar.
Vou mas fico,
Tanto que fico.
Tanto!

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Pele, Im(Pele)!

Foges-me.
Talvez porque andes à procura de ti mesma.
Talvez porque a distracção
seja própria
dos solitários
que andem de amor
às costas.
Possuem-na.
E vão vendo onde andam.
Para saber que são remetentes
dessa carta por escrever.
São as palavras que um dia
verás acariciadas na pele
e no gesto
de quem se endereçou
como destinatário.
Uma mochila carregada
de esperanças
e pernas para nos descobrirmos.
O corpo é sempre a carta
aberta
para fazer amor ao tempo
e nos espelharmos
nas palavras que se guardam
por debaixo daquela pele.
Impele-te!
Descama.
Anda.

VAz Dias

#palavradejorge

Memória da Gente

Castanho dourado.
Laranja esverdeado.
Sol na folha queimado.
Ela tostada de verão
passado.
Outono quente
de noite resfriada.
Deixámos lágrimas
da irónica tristeza
da estação passada.
Sorrimos com as cores
que esta tarde
auguram apenas isso...
felicidade das cores.
Que sejam esses os motivos
que matem as saudades
dos risos
que em criança largávamos
nos dias quentes.
Nas insolações
de fotografia registada
lá na memória.
Na criança da gente.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Química bastante

Era a minha condução
Precisamente
Que me levava
Ao pensamento de ti.

Não me levava a lugar
Algum em particular.
A um suposto futuro.
Ou a um suposto tu.

Levava-me sim a lado
Nenhum.
Como em tantas outras
De ti.
Do mesmo género e história.

A condução era por si
Queimar quilómetros
E passar pelas mesmas
Estradas.
Tantos anos caminhando
Para os mesmos
Sem-destinos.

Chapa ganha
Terra gasta.
E tu sem seres resultado.

Havia apenas uma coisa
Garantida.
Que no final
Teríamos sempre buscado
Um no outro
O desencontro.
E isso ja era química
Bastante.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Abundância

Deitados
Levamo-nos pelos dias
E pelas noites frias.
Elas virão
E seguirão nos ciclos.
És tu que me convidas
A ser mais de mim.
A sermos mais ricos.
E não abundaremos
Em dinheiro por isso,
Abundaremos
De tudo o que já temos
E pelo compromisso
De sermos livres.
De ires para onde
O teu coração te mandar
E eu seguindo o meu.
Abundaremos
Juntos e em separado.
Porque sempre teremos
Sido
Excelsos de nós próprios.
De nos termos
Encontrado.
Abundância.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 24 de setembro de 2017

À excepção de uma janela

Desapareceste com a qualidade
Dos que sempre surgiram
Intensos.

Encandearam-se os olhos
E os restantes que por
Ali orbitavam.
E no entanto
Não ligavas.

Não eras de espectacularidades.
Exibias-te a despropósito
Porque nem sabias
Que era exibição
Ou para que valesse
Que era propósito.
Fizemos amor sem sabermos
Porque as luzes,
As vaidades
E as vontades
Ficaram na distracção alheia.
Ficaram nos outros
A quem amámos.
Ficaram no futuro.

Desapareceste com a qualidade
De um êxtase
A meio do sono.

Foste mas ficaste.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Conforto

Vou escrever uma canção.
Uma com a forma
De um coração.
Coisa lamechas
Para se ler enrolado
Ao serão.
Aquecer com cavacas
E abraço apertado
Em labaredas.
Braço e antebraço
Enrolados na palma da mão.
Dedos rendilhados
Como que fazendo
De napron.
Poderia ser uma canção de mau
Gosto
Ou da pura ignorância.
Mas que importância
Tem isso quando já se
Sabe morrer?
E saber morrer por amor
E reencontrar o seu próprio
Coração?
Canta-se na saudade
E na saída
Duma autoestrada.
Duma viagem
Com vontade de chegar
E dar a alma toda
Que na bagagem
Vinha guardada.
Estive sempre aqui
Mas fui procurar-me
Em ti
Lá para os confins
Do Nada.
Voltei de mim
Para nos encontrarmos
De novo.
Novos
Como em cada nova
Ocasião.
Vim com esta vontade
De te cantar
Mesmo não tendo voz
Ou jeito.
Vim amar-te de novo
Com este poema
Agora tão tarde
Em forma de oração.
Vim encantar-me de ti
De novo minha
Voz
Minha
Amada
Minha
Canção.

VAz Dias
#palavradejorge

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Irruptivo

Os minutos dos dias
Irruptivos.
O totalitarismo do tempo
Face à escravidão
Das metas.
O cansaço e a prossecução.
A locomotiva
Que trilha o cérebro
E o descanso que fica
No último vagão.
Tento morrer de amores
Por ti.
Sei que descansaria
Enfim.
Ou desdenharia dar paz
À minha mão.
Tento-te em poema de novo.
Um "não-poema" de novo.
Para parecer mais fácil.
Mais acessível ao mundo
Me conhecer ao teu amor.
Treino-o.
Linha a linha.
Mas aqui estou eu
Trilhando com roda de ferro,
O aço dos incautos
Da saúde.
Um horror.
E um coração.
Uma razão que não
De um poema que não.

VAz Dias
#palavradejorge

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Governo

Não sabemos o que fazer
Quando desejamos
Ter a resposta
Numa mão que não
A nossa.
E por mais que possa
Pensá-la
Tomar é do corajoso
A decisão.
Corajoso?
O que sabe morrer
A cada amargo de boca
Alheio.
Em cheio.
Acre!
Achaque
Do próximo que não pode.
Fico com meio
De tudo
E os outros
Só meio de me dar.
Menos humano
E mais justo.
Assume-se a grande custo.
Desistia
E o que se fazia disto?
Perco o que perco
E nas sobras
As grandes conquistas.
As pequenas grandes
De quem sabe ser só.
Pó!
E acabar.
Só meia dor
Para os amantes
E transeuntes
Que afinal ficaram
Na memória do pó
Que sei ser.
Desaparecer
De meia perda.
Apenas isso.
Só!

VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Estrada

Onde vais tu
Senhor vertical?
Que caminhos
Escolhes no meio
Dessa recta
Que se estende
Nas curvas do desconhecido.
Ardeste a planta
Do pé.
Queimaste o papel
Das tuas bíblias.
Encontraste a humanidade
Que te traça os desvios.
E no entanto és mais coração
Por isso.
Mais do que o desconhecido
Que temias.
Segue sem medo homem
Vertical.
Os joelhos também são das pernas
E do caminho.
E vertical
O quanto puderes.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 16 de setembro de 2017

Perder-me em tantas de ti

Chegar pelas sombras
No calor quente
Que se esvai
E que guardas no leito.
É carne que delapida
O meu bom-senso.
É lento o meu raciocínio
E animal
O instinto.
Dormias ali tão sedutoramente
Indefesa.
Presa às minhas mais
Básicas necessidades.
És todas elas
E o expoente da repetição.
Cravar-te o maxilar
Com caninos e molares
E tudo o que é necessário
Sugar.
O teu peito,
O pescoço,
O cachaço que ignora
A terra que são as tuas costas
Atracar.
Sou vontade ébria
De te engolir.
Líquida e formosamente
Corpo.
Fico louco sem te ver.
Podes ser todas as outras
E a cegueira render.
Quero é corpo nesse momento
Para me perder.
Perdi-me em tantas de ti.
Tantas.
Tanto que pode um homem apenas
Perder.
Tudo
E de livre vontade.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Não fomos

E então?
Deixámo-nos ser assim
Pelo tempo.
Pelo desprendimento.
Por nunca termos "sido".
Deixámos não acontecer.
Deixei de te dizer algo.
Por amor.
Por culpa do finalmente...
Amor.
Não foste
Nem tinhas de ser.
Mesmo que por tantos
Silêncios
E vielas perdidas
Me desencontrasses
Nos teus planos.
No teu amor.
Não fomos...
Por amor.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Sombras em debandada

Ainda me lembro
Das sombras
Por ali deixadas
Como migalhas
De te seguir.
Vieram pássaros
Como oportunistas
Da desatenção
E da gula dos amantes.
- Só esfomeados
Das paixões -.
Larápios da paz
Interior.
Havia oportunidade
E fome.
Havia ignorância
Conforme a vontade
Do desejo.
Mas o que é desejo
Senão voos picados
Às migalhas
Por outros deixados?
E nas sombras
Também te atenuaste.
Foste esmorecendo...

Para sul os bandos
Voaram.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 10 de setembro de 2017

Há corpo e brisas

Há corpo na mente.
Corpos que ressoam
Ao de leve
No pensamento.
Passado passa para a
Frente
Convidando o presente
A lhe prestar homenagem.
Um págem
Que lhe abana brisas
Dos prazeres.
Há corpo no prazer
Dos prazeres da gente.
Mente quem disser
Diferente.
Quem não passou
Por tanta gente
Quanto passado
Que beija os presentes.
Há corpo e prazer
E passado
No sereno presente.
Brisas delicadas
E prazer conivente.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Sem Idade o Bastante!

Se o tempo me consumisse
a velhice
atirava-me para a infância
e ainda assim
deixo que não me leve
isso tudo.
De que vale ter
duas datas iguais?
Vamos mudando nas idades
o número que precisamos e
isso basta.
Não doendo tanto
mas sorrindo o bastante.
O bastante!

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Multidão estagnada

Uns correm a pé
Outros correm apressados
Para chegar antes
Ou a tempo
Ou o menos atrasados
Possível.
Outros correm
Para no meio dos que correm
Resolverem a erosão do tempo.
Querem chegar antes do tempo.
Cidade que corre
E uns morrem lentamente
Nos cantos.
Há prantos calados
No encosto ao solo
Na tabuleta que goza
Com o infortúnio
Da sua sorte
Na arte que nada resolve.
Passa uma brisa
E ela se dissolve
De cor nesta correria
Desenfreada.
Ela é uma
No meio desta multidão
Que comigo pára.
Acalma a agitação
Descontrolada
Em meu redor.
Há tantos a correr
Para nada
E mais parecem estagnados.
Ela faz-me ir
Mesmo parada.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 3 de setembro de 2017

A Mulher no Cadeirão

São as várias mulheres
Que suportam
A beleza e a monstruosidade
Dos tempos.
A perfeição (que não há)
E as dores todas do mundo
(Que o Homem inflinge).
Todas sentadas no seu cadeirão
Da ostentação
E das unhas arranjadas.
Da prisão a que
Se devotam
Ou foram devotadas.
São os tempos da imagem guardada
E perdida em partículas
Desarranjadas.
Formam belezas novas nas formas.
Membros que as desarranjam
E se moldam aos tempos.
Assentos de vaidade
E ruas que se rebentam
De incompreensão
E insanidade.
Elas são mostruosas aos olhos
De quem não percebe
As mutações.
A mudança dos tempos
Na verdade.

Conheci-o no caminho
Para Guernica.
Nas partes de um todo
Onde a mãe
Se liberta da prisão
Para a morte.
Onde leva o filho
No regaço e da pouca sorte.
A imagem é forte
E a dor na realidade
Me assola.
Triste
(Tanto tempo depois
Como nos dias de hoje)
A minha alma chora.
A arte é a religião nova
(Deus avisa para os novos
Deuses)
- Mas qual é a espiritualidade
Do Ser que não encontra deus
Mas se revê no Homem igual?
Na dor igual,
Na resolução possível?-

Não é crível que me salve
E só sei o que choro.
E o que sorrio.
E o que amo.
E o tempo que aqui tenho.
Pinto o que posso
Com o que me escrevem
Por dentro.
O resto é tempo.
Convenço-me.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 2 de setembro de 2017

Fome fora d'horas

Flutuo nas ruas
Do asfalto quente.
É de noite
E de repente
Os cheiros ficam
Impregnados nas memórias.
Gente que come fora
De horas.
Que corta o cabelo
E faz provas
Da vaidade em que corre.
A cidade corre também
Mas nas ruelas come-se.
Frita-se.
Cozinha-se.
Fala-se como se come.
Com muita fome.
Muita fome de tudo!
Não dorme a cidade.
Não arrefece.
Cresce a fome
Que às horas
Desobedece.
Flutuo ao que parece.
Tenho fome a toda a hora
E corre o tempo
Tão depressa
Que me desaparece.
Mordo-lhe as horas
Para que me reste
Algo mais do que
Apenas memórias.
Madrid fora d'horas.

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Rimas Cansadas

Vou cansar-me
Até a vista
Se perder de vista
Do dia que passou.
Da noite em branco
Que mais uma vez
Vergou a mola.
O cansaço assola.
O fraco desgosta.
E um tipo corre só.
Escrevem-se umas palavras
Vaidosamente em poema.

Sei lá o que é isso!

Não comparo.
Não paro por aí
A ler o dos outros.
Fico orgulhosamente só
Na minha ignorância.
Inoperante o bastante
Para escrever
Mais do mesmo.

Nada é original.
As pessoas são pouco originais
E eu não me preocupo.
Ocupo o meu espaço
(Seja ele qual for...)
Para escrevet balelas.
As mais belas
E inócuas poesias
Dela à janela
Ou a panela no lume.
O cúmulo e fumo
Onde há fogo.

Pronto!
Cansado...

VAz Dias
#palavradejorge

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Um Sem-Jeito

Estendi-te uma rosa.
Uma daquelas foleiras
Vendidas a preceito
Da tardia hora.
Era a mesma falta de jeito
Que dantes
Me levara à vergonha
De ser assim...
Um sem-jeito.
E cresci!
A preceito de te encontrar
Aqui.
Estendi-te uma rosa
Sem cheiro e com
Defeito.
Um exemplo de mim.
Mas foi com todo
O coração que empunhei
Essa rosa,
Esta falta de jeito
Ao motivo da tua glorificação.
És as rosas todas
E a falta de jeito
Que enjeita meu
Desastrado coração.
Somos unha e carne
Do tropeção
Mas do mau jeito
E do bom coração.
Estendi-te uma rosa
E tu guardaste-a
Até secar a página do livro
Que não acabaste
Naquele serão.
Guardaste para não acabar
Nem o livro
Nem a história
Nem o jeito
Que nos faz tropeçar
Com convicção.
Estendi-te uma rosa
Meu amor
E tu guardaste-a
Como se fora
O nosso coração.

VAz Dias

#palavradejorge

(Des)Apegados

Como se desapega
Do desapego
Que é de nós?
Cresceu em nós
E nos manteve à tona?
Um crescente
Que prova
Termo-nos safado
A sós.
Uma salvação
Duma morte atroz
Que é (sobre)viver
Agarrado aos outros.
De nos sucumbirmos
Das prisões
Em que nos entregámos.
Não se desapega
Porque este é o desapego
Que nunca nos abandona.
Poemas
Dependurados em lona
Para que todos
Os desapegados
Se agraciem.
Que se encontrem
E passem para o outro
Lado
Do que devem fazer.
Amar a liberdade
Dos outros,
Apegados e desapegados,
Todos que nos
Atestem a diferença,
A longitude
Da latitude com que
Os amamos.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Febre, Fome e Fogo

Acordei do ardor
Em que naquele leito
Deveria acalmar.
A carne.
A fecundidade.
O desejo
E a liberdade de se querer
Mundos.
O sono nunca é bom conselheiro
Da vontade
Que se tem de engolir
Pelo menos
Um mundo inteiro.
Fundo
Onde arde outro fogo.
Febre
E à carne rogo.
Fome
E à gula como.
Tudo
Tudo
Tudo!

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Corrida

Correm-me nas veias
Anseios.
Descubro por meio
Das recorrências
Que tanto
Havia complicado.
Resoluções em cima
Do joelho
E inoportunas.
Eles, os anseios,
São castradores.
Redutores do sono.
E eu sou como
Posso ser.
Meio dono de mim
E o restante
O que há-de vir a ser.
Entretanto vai da opção
Pender.
Ganhar até perder.
Deixar acontecer.
Escrevo o jogo
E a aposta.
Faço o que ele gosta.
Trai o meio
E a razão.
Joga o dado desequilibrado.
Corre sangue quente
Nas veias.
Tudo a meias dos anseios.
E dele.
Esse outro tanto.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Sol Poente

Sol poente
é terra de nossa gente.
Quem se aventurou
para lá
do Índico
Pacífico
e terra oriente
sabe que palavras voam.
E voltam
e sopra um vento
de tempos a tempos.
Faz diferença
a cada momento
que se precipita o Nada.
Sempre calada
vem a voz
dessa palavra
que bate em tela desnudada.
Reveste-se com seda
e perfumes de chá.
Já não há nada de novo
a não ser
a palavra que voa de volta.
Ou para lá
ou para cá.
Volta!
Mais uma volta da Terra
e poente regresso.
Confesso
que sou terra de fogo.
Arde o ar
em cada regresso.
Arde possesso
Avesso a tudo
o que fica por lá.
Vem logo
regresso...
Vem logo!

VAz Dias

#palavradejorge


Leite derramado

Há anseios
E desejos
Que se encontram
No âmago dos silenciosos.
Guardam-se proféticas palavras
Para se sussurrar
Na voz dela.
Arde uma vela
E o tempo esgota-se.
A memória é cinzenta.
Os recantos negros.
E na mesa o leite
Derrama lentamente.
Ela segura as coxas
Por dentro,
Alfinetando a camisa de dormir
De cetim.
Camisa de despir
E eu despeço-me dos anseios.
Estou pelos cabelos.
Não aguento mais aquele tempo
Em que não me deixava ser.
Um filme que corre para trás.
Um desamor
Ao próprio
E ao chão onde jaz
O leite perdido.
A oportunidade perdida.
Ela é uma bailarina
De entorces.
Contorce-se da perda
E da promessa.
Regressa a cor dela
No meio daquela cena
Acinzentada.
Cetim cor de rosa
Esbatido.
Um tiro no escuro
E um silêncio ensurdecedor.

Beijo os meus lábios
Para saber a algo.
Ao perdido passado
Daquele momento
Amorfo de cor.
Só ela ali deitada
No chão e o leite derramado
Que os olhos vertem
De pena própria.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 20 de agosto de 2017

Imaginada

E sim.
Morreu.
Finou-se no meu
Imaginário.
A única coisa real
Que nos leva
A captar eternamente
As coisas.
E a devolvê-las à realidade.
Fomos nós que a imaginámos.

Fazia-se já tarde
E eu tinha de me apresentar
A uma nova vida.

Ela chegaria daí
A uns instantes.
Tão simplesmente
Como quando entrara
Na minha vida.

Imaginei o que viria acontecer.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 19 de agosto de 2017

Costa distendida

As costas distendidas.
O tempo que as massaja
De mansinho.
Vou escrever isto
Devagarinho.
Devagar
Com o vagar de quem
Queira ler.
De quem se cruze
Entre esta palavra
E a costa onde há
Mar
D'olhar se perder.
Descanso as dores.
Deixo o passado ir-se.
Maré que não volta a
Tocar a terra.
Finou-se daquele lado
Do limiar.
Caíu.
Tão lentamente
Como deve o tempo.
Passou de lamento
A poesia
Da alegria.
Da noite que se fez dia.
Do mar que agora
Banha
A costa torcida.
Levanto-me agora.
Amor, é o dia!

VAz Dias

#palavradejorge

Branco alva Acontece

Assim como te deitas
No leito alva
Transapareces a brancura
De uma foto a preto e branco.
Alongas-te nua
E eu por enquanto
Oiço dos silêncios em que
Despertas
"Sou tua!"
Que loucura
Que luz que se trespassa
Dessas persianas
Para te tocarem
Ao de leve.
É luz tua
Que se nos oferece.
Que acaricia a mão tua
Como se fora uma prece.
Um lascivo bamboleado
Que por agora acontece.
Mulher.
Feminina.
Ser que me desperta
E o nervo adormece.
Branca é a calma
Do amor que prevalece.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Simultâneos

E é nesta calma
Que o ser se desarma
Ao ímpeto de ti.
Chegámos ao mesmo
Tempo.
Simultâneos
Fomos mais do que um orgasmo
Um encontro de seres
Num.
Num caminho que por agora
Se apresente comum.
Leve
E a brisa e a respiração
De cada um de nós.
Do suspiro de cada um de nós.
Chegámos há pouco
E ao mesmo tempo.
Partamos
Com ar
Para as curvas dos dias
E do peito que já
Aloja
Amor.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 13 de agosto de 2017

Meia serra queimada

Meia serra.
Meia terra
Que cai do céu
Em cinza.
A brisa traz chama
E chama calor
De fogo.
Terror que aclama
À outra metade
De serra a outrora paz.
Zás!
A roupa cheira a fogo.
A meia terra a fogo.
A água a fogo.
A tristeza torpe
Que cospe cinza.
Saliva
Que quer beijar
E se amanha
Em se manter aguada.
Não há amor
Não ha nada.
Há calor
E gente endinheirada.
Morre verde
Para nota acinzentada.
Para costa acidentada.
Para gente que lá dentro
Não se aproveita
Nada.
Só cheiro de morte
Da sua alma queimada!

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Vem d'Este o rio

No seu regaço
Caía em algodão
A cria.
Rio suave que se deixava
Escorregar
No sono alheio.
Desafinado descaía
O cantor a nota.

A noite cai de sono
E o amor enrosca-se
No olhar de quem
Parece que sonha.
O dia pede o cheiro cipreste
E a este o seu despertar.
A preguiça não a deixará
Dependurar-se nas estacas
De madeira e xisto
De sólida estrutura.

Verão é dia
Da noite se deixar adormecer
No seio de uma mãe.
Amor à manhã.
Amanhã
Amor...
Amanhã.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Este azul imenso

Desfolhava folhas
De óleos que pintara
Em tempos
De solidão
E de cólera.
Representação que nos
Acalma a arte.
Um certo tipo
De fé,
De religião.
Desfolho o passado
Para não esquecer
O caminho.
A arte de me perder
E reencontrar.
Tomo o caminho escarpado
Ao céu.
Ao cume da montanha
Onde nos sopra a brisa.
Não és segredo
És tesouro de se agradecer
Ao azul imenso.
Arte de te encontrar em mim.
Pintei quadros
Em papelinhos guia.
Pintei óleos de lágrimas
E de esperança
Até este dia.
Não me esquecerei
Do tempo mesmo que ele
Agora pareça não existir.
Não me esquecerei
Das lágrimas que me fizeram
Pintar futuros.
São sorrisos
Que se acautelam de céu
E no tempo
Esse que há-de vir.
Sonhei quadros pintados
Em óleo de carpir.
Carpi até aqui
Este azul imenso
De ti!

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Voltarei

Não.
Não te esqueci.
És-me vital
Mas de ti.
E eu estou afagado
De bem.
De paz.
Só assim, como
Se busca
Desde que se descobre
As agruras
E as chatices da vida.
Estou novo
De novo,
Como um velho sábio
Que se perde na idade.
Lembro-me de ser
Criança.
Dela também ser.
Não te tenho feito
Justiça.
Tenho andado a viver
Para te cantar
Com viva voz.
Um dia estarei
De preceito
Às linhas que me queres
Bem.
Boa noite poesia!

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Rugas na Expressão

Deixei cair a roupa.
Ela ganhou uns jeitos
Da tua pele.
Acomodou-se.
Depois desarrumou-se
E engelhou-se
Para fazer jus
Às tuas rugas de expressão.
Às minha rugas
Do coração.
A tua pele espalhada
Em mim
Cobrindo a vergonha
De não estarmos
Completamente
Desnudados...
Ainda.
Falta um beijo lânguido.
Aquele que falta
Sempre em seguida.
Quero-te despida
Com as rugas do teu
Coração.
Quero sorrir e ficar marcado.
Espalhado
Na tua nudez.
Espelhado
Nos teus "porquês".
Espantado mais uma vez.
São rugas de expressão
Amor.
É isso que vês.
Deixei cair a roupa
E a vergonha toda
A teus pés.
Amor, são rugas na expressão
Como vês!

VAz Dias

#palavradejorge

O que também somos

Somos esta camada
De vida
Debruçados uns sobre
Os outros.
Falamos uns dos
Outros.
Perdemos tempo
Do nosso tempo
Com o seu tempo.
Perda de tempo
E parte de vida.
Partimos para a vida
Já em seguida
Um pouco depois
De mais uma oportunidade
Perdida.
Perdemos mais uns filhos
Para a sua afirmação.
Para a sua saída.
Ficamos dubiamente
Consternados.
Abraçados apenas à sua
Memória
E uma história
Que possamos ter construído
Em conjunto.

| Afastei-te da dor.
Da dor de mim.
Da dor para não chegar
A ti.
Eu sei que preferias
Ainda assim,
Ainda assim,
Só a dor de imaginar
Inflingir-te
Gelou-me. Perdoa-me! |

E agora resta construir
Como todos os outros
A sorte depois do erro.
O amor para o desgelo
Que se fez em nós.
Há amor
Que torna leve o tempo
E tira as dores.
Há mais esperança
Por ver esses amores.
Os nossos erros
E os nossos amores.

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Rodam os dias

Abandonei o local.
Nas mãos o sangue
Do passado.
Escarlate da paixão
Que lá tinha ficado.
Os murmúrios ficavam
Agora em mim calados.
Gritando às paredes
Do abdómen
Tinha matado o passado
Aos olhos.
Queimava calorias
De desejos.
Tudo não era senão
Uma lembrança de quem
Nada quis.
Passámos uns pelos outros
Procurando matar tempo.
Depois conhecemo-nos
Matando esse tempo
E o que lá se passou
P'ra frente.

Hábitos que mudam
Se não tiverem
De regressar.
Não há alma que aguente
Matar tantas vezes
Os tempos.
A exclusão
Para se ser livre
Diferente.
Deixamos tudo para trás
A oriente.
O futuro fica lá
Quando rodamos os dias
Intransigentemente
Em diante.
Não há remédio.
Há gente!

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Mar Morto

Perco-me por entre
Armadilhas mentais.
Liberdade acumulada
De ter sido
Um bem aventurado.
Um bom malandro
Que chegou a este lado.
Cansado.
Feliz de navegar teu mar.
Mas não sei
Onde ficaram os outros.
Mares são mais que marés
E eu mais que marinheiros
Descobri
E perdi.
Contados os bocados
Resta-me um pouco mais de mim.
E desta velhice que me faz
Bem.
Se calhar estou cansado
De ser novo.
Aquele garoto.
Se calhar sou aquele
Que falou um dia
E deu para o torto.
Escrevo direito
Mesmo quando morto
Vivi.
Sobrevivi
Para aqui chegar.
Mar morto
De me fazer feliz.
Caminho sobre água
E perdi-te mar.
Mar de garoto
Nunca amar.
Cheguei a um mar.
Petiz de novo.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Aceitação

O amor também é sorte que se procura. Se merecemos a seu tempo ele virá.
Antes desse amor alimentamo-nos de outros. Aprendemos com esses.
É sorte mas pelo bem que a nós próprios fizemos antes (por nos querermos bem a esse ponto).
E podemos sempre perder um amor. Dramático. Triste. Imerecido. Mas há uma razão. Há perdido no universo uma explicação para à nossa natureza se fazer presente. Mas também somos responsáveis do amor que se nos oferece. Aceitamo-lo como saberemos aceitar os nossos próprios erros e infortúnios. Saberemos conviver com o hálito matinal bem como a diferença que a nós tanto nos apoquenta. Somos água do rio que torneia a rocha lavada de séculos mas também a árvore que inverno após inverno sofre os abanões próprios da estação. Mais do que menos receberemos a dádiva para que o universo se prepara para nos presentear. Ele é abundante e nós temos de aprender a saber recebê-lo. Como as meias que a minha mãe me dava e que me eram mais úteis do que os mimos que exigia. Hoje em dia quando compro um par de meias sinto mais o conforto dessa prenda antiga porque também já a não tenho perto de mim. Perdemos mas se estimarmos os nossos temos sempre o coração seguro. Um ganho.
Aceitação.

Luz de Cego

Quantas vezes nos
Assoberbamos
Achando na nossa felicidade
O resultado
Da "nossa" justiça?
Envergando a lata
Que nos assista
Para agirmos da forma
Mais impulsiva?
Há decadência própria
Da vida lá fora.
Há decência que esmorece
A cada hora.
Somos humanos
E esquecidos de moralidade.
Andamos tristes
Tentando acertar
Na felicidade
E depois quando descoberta
Não se a sabe
Salvaguardar.
Tornámo-nos tão pequenos
Para a achar tão grande
Ou demasido inchados
Para tê-la em saco roto.
Diz o cego para o morto.

Vejo cegos agarrados
Ao tempo de ver
Mantendo fé
Sem que isso traga luz.
Mas mantêm-se de pé
E à pouca esperança
Que isso produz.
Mas são felizes
De não ver tamanhos.
Vão andando,
Com os que humildemente,
Os acompanham.

Abrir mão da soberba
Como um cego se viu ser
Sábio.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Rastilho

Nem sinal
Senão o rasto
De que estivesse
Estado presente.
Sombras
Que se escapam
À frente.
Delírio
Do vento
Que se faz passar
Por gente.
Pungente é o sabor
A realidade.
Mais tarde virá.
E nunca senão
Quando chega.
Quando escolhe chegar.
Arde a boca
E o olhar.
Passou para os sentidos
Picar.
Segue-se um rasto
De perder tempo.
Inqualificável!
Mas já não era de
Admirar.

Lá em cima bate
No chão o calcanhar.
Insónia
De se intrometer.
Escreve a mão
E fica para trás o olhar.

06h14...
Menina do olho
A se avolumar.
Quarto
Para se desarrumar.
1 minuto
E um quarto
Para se acalmar...

Passou e ficou um rasto.
De resto
O mesmo de sempre.
Rastilho.

VAz Dias

#palavradejorge

Ardem os dias curvando

Vou a cem à hora
Ou mais.
Sou asfalto corrido
E derrapado.
Rock e destravado.
O tempo morre mais rápido
Do que à velocidade
A que me dou à liberdade.
Arde pneu queimado.
Não estava bem parado.
Tranquilidade
É para os dias em que a paisagem
Mande.
E por mais que comande
A vontade
Muitas
São as vezes em que
Ela não quer que abrande.
É só de vez em quando
Tirando sempre
Neste fogo
Que apenas por vezes
Atinja lume brando.
Ardem os dias
Curvando.
Derrapa a lei
Da serenidade.
Vou derrapando.
Livre ando!

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Esteios

Esteio foi
O que se elevou
Primeiro
E contrário às paixões
E à mesquinhez
Alto se firmou
No firmamento.
Fitou
Os recorrentes acontecimentos.
Educou-se
E viu tudo
Como num parque infantil.
Pessoas que derimiam
Palavras acicatadas
E interesses próprios
Pareciam crianças
Buscando aprender,
Brincando sem nada
Perceberem
O que os outros pudessem
Querer de si.
O esteio olhava
Cada vez mais
Silencioso
Deixando a birra
Ser soprada p'lo vento
E o tempo deixar
Os infantes crescer.
Nunca há é tempo
Quando adultos
À infantilidade tendem
Decrescer.

O esteio não era humano.
Mas olhava
Com olhos de ver
E parado
Via adultos
Tortos.
Acertando a verticalidade
Com os ossos
Dos outros.
Com as falhas dos outros.
Paixões de conveniência
(Ou será a paixão em si
Uma conveniência?)

O esteio não morre.
Vê o tempo que corre
Das pessoas
Que fazem atalhos
Pelo caminho
Que baralham.
Encontrões
E pisões.
Prisões a retalho
Que se cosem
Com rendas do diabo.

O esteio só
Olha no firmamento
Outro só.
Não foi a altura
Que os fez se vislumbrarem.
Foi a redução.
O abaixamento.
A colectividade
Pelo erro demasiadamente
Humano,
Demasiadamente mesquinho
Dos que se quiseram
Pequenos.

A culpa não é do esteio
Se elevar.
A culpa não é
Da gente que não se quer
Elevar.
Não há culpa.
Há sim alturas
Que os que verticais
Se mantêm
Em tanta tempestade
Revolta,
Sólidos,
De costas firmes
A pequenez
Ficar rasteira
E o olhar noutro esteio
Poder encontrar
Verticalidade familiar.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 25 de julho de 2017

Queda viva!

Saltei em queda-livre.
Sem medos.
Sem temores.

Derivei quando os penhascos
Se aproximavam
(Ou eu deles nesse
Vôo a pique)
Todo o ar
Era uma almofada de pairar
E a contemplação
A tranquilidade
De quem sabe cair.

Voar é cair.
Cairmos em nós.
Cairmos as vezes suficientes
Até saber voar.

É tudo ficção
E o sonho
Saber repousar.

Há dias em que a vida
Parece que se completa.
Drasticamente para um fim.
Toda a felicidade
Ganhou asas
Maior que a vida.
Há quem saiba
Que vai morrer feliz?

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 23 de julho de 2017

Bebo a felicidade que dos teus olhos choram

Quantas vezes
Te provocaria a distracção?
Com o semblante
Fechado
De secreto gáudio
Em te pintar
Um poema,
Quantas vezes saberias
Que a cor é tua?
Senhora da hora
E do dia
Que abre uma janela
Numa tela
Que por si se pinta?
Acaso não sabias
Que a tinta que corre
É água
Que em mim jorras?
A vida que
Em felicidade
Nos meus olhos
Choras?
Deixa-me pintar-te
Com as cores
Que dantes
Guardavas.
Desatámos pincéis
Borrámos papéis
E ficámos nós.
Sustentados
No horizonte
Duma janela
Onde chovias amor
Em mim.
Acaso sabias
Que o teu amor
É chuva na minha cama
Que entra dessa tela
Onde a cor és tu
E nós poesia?

Bebo a felicidade
Que dos teus olhos
Choram.
Distraída
Era eu que te cantava.
Era para ti
Que escrevia.

VAz Dias

#palavradejorge