quinta-feira, 8 de maio de 2014

Comboio Trilhaalinha

Surge-me a tentação.
Mais umas ideias desfiar.
Dar linha ao que devo escrever.
Página abro,
e em branco solto
este rabisco torto.
Não se nota,
mas na minha imaginação
as linhas não têm direcção.
Muito menos se organizam
nesta imensidão
de explosões sinápticas.
Vão-se constituindo,
intercalando,
desorganizando,
abrindo, 
fechando.
Respondendo ao comando,
(simpaticamente falando).
Mas lá se organizam por fim,
para alguém as decifrar.
Que de outras linhas
viajem até mim,
com contra-informação.
Que registem com mais razão
o que desta cabeça se criou,
se desmontou (tenho essa sensação).
Sou um brinquedo partido.
Comboio meio arranjado,
fora de circulação.
Tentando trilhar a linha
com a ideia mais definida.
Mais rectilínea. Com direcção.
Mas sem sentido,
pré-pensado. Organizado.
Puxem vós o fio
do comboio desarranjado.
Inventem a linha
para a ideia que lá dentro vive
em cada vagão.
Senão será apenas brinquedo,
quedo,
ali no canto,
ganhando pó
e ideia sem razão.
Brinquedo esquecido,
perdido 
ali no canto sem atenção.

Vaz Dias

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