terça-feira, 6 de setembro de 2016

Carta aberta ao ouvido

Escrevo-te porque não tenho
Outra maneira
De te chegar.
Nem directamente
A coragem me chega.
Não sei se foi dos encontros
E das suas perdas.
Se foram as demais perdas.
Se o respeito pelas tuas
Supostas perdas.
Não sei se a força me falta.
Se tenho audácia em demasia.
Se a minha loucura
É constrangedora à tua.
(Se é que és louca...)
Se algum dia podias ser minha
Se não tenho ninguém por posse.
De encontrar no teu semblante
Algo que num futuro "fosse".
Não sei te convidar para algo normal
Se esgotei tudo o que tenho
De normal em mim.
Não sei manter essa auto-confiança
De livro de auto-ajuda.
Esgotei as palavras nele
E dele cheguei aqui.
A ti.
Ao agora.
Mas isto nada muda.
É apenas um café normal
Onde tudo se perpetua
Em conversa simples.
Isto foi o normal
Sem requintes.
(Complexo sem requintes).
Simples quando também somos ouvintes.
Sei que gostarias de mim
Apesar do exagero da normalidade
E da loucura o eufemismo.
Venho do futuro.
Não sei se do nosso
Porque não me lembro da tua voz.
Fecho os olhos em silêncio nosso
E sei que mesmo não vendo
Me ouves longe.
Peço-te que oiças,
Que me permitas...
Se posso.

VAz Dias

#palavradejorge

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