sábado, 22 de outubro de 2016

Mudez e Musas

É castigo vos digo
Amar de poema.
Ser poeta é divórcio
Do objecto do amor.
É assumir distanciado
A dor
Com sorrisos de rimas,
Prosas rimadas e
Palavras perdidas.
É aceitar inquieto
Que a musa
Não exista na carne
Duma vida
E ser nossa.
É sua e nossa
Apenas por se encontrar
No tempo daquele poema
Iludida.
E nós ainda mais.
Perdidamente iludidos.
Preparamo-nos para lhes
Tomar o gosto em eternidade
E fica sempre para tarde
A palavra certa
Ou o desejo de lhes
Cumprir a vontade.
De se fazer esse voto
De celibatário de vez.
Não foi deste vez.
Nunca foi.
Foi musa da falta de palavras
Do poeta
E da discrepante mudez.
Mudo,
Mas ainda não desta vez.

VAz Dias

#palavradejorge

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