quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Amigo

andamos neste ram ram
de quem joga a disponibilidade
do terceiro
ou terceira
que de facto para um ou
outro é na verdade
primeiro ou primeira
não queremos a exclusão
de partes.
não queremos ficar
de parte.
eu sei lá.
eu aprendi a ficar de parte
tantas vezes
por não me encaixar.
amo até à morte
essa dislexia de amor.
de não ser conveniente
nos parâmetros.
convidamos e tentamos
ou então ficamos
contentes com o que temos.
também fiquei.
também deixei.

só posso ser fiel
a essa distância familiar
de amigo.
ainda que uma montanha
de prazer
se torne castigo
e um "vale a pena"
se afigure abrigo.
sou um perigo distinto.
para mim teria sido.
morri e de novo
vim à vida.
contido.
e depois com toda a ganância.
quero estas vidas todas
que em mim se tornam
tantas.
pinturas
poemas
horas
dias
vidas. vidas até às tantas!
e logo se vão
e levam sempre de mim
e no lugar uma árvore,
pequena fica
para crescer com os seus
frutos.
bucólico fico
na saudade de todos.
melancólico
no futuro
de nunca nos vermos.
mas fruto de vós
amores.
de sermos o que os olhos
não abrigam
e o que se sente
ser pátria nossa.
e o tempo passa.
e todos se tornam
povo do meu querer.
da minha estima.
havemos de nos
encontrar pelo
menos mais uma vez
nesta vida
de vidas que se avizinham.

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