domingo, 28 de dezembro de 2014

Ego_senti_mesmo

Ego.
Essa alma pérfida
que buscamos.
Essa calma tépida
que encontramos.

Ego.
O apogeu do caminho
solitário.
O que decresceu desse
infame itinerário.

Ego.
Viagem espiral
ao centro do meu desencontro.
Destruição gradual
de ti comigo em confronto.

Ego.
Orgia das minhas idiossincrasias
em banquete.
Masturbação espiritual, a terceiros sem convite.

Ego.
Tão sozinho das companhias
que carrego.
Para onde se foram,
os meus mais chegados?
Eram meus. Estavam bem guardados.
Os meus "eus".
O de semblante mais carregado.
O do tempo mais castigado.
E o feliz, incauto?
Para quem foi ele?
Agarro-me a este que sobra.
Com todo o meu apego.
Somos dois.
Eu e o resto.
A este me presto
com a pouca honra.
A que sobra.

Ego.
A amizade entre dois
"eus".
O que pensa e o outro,
o que cobra.
Eu e a consciência
que me corrobora.
Ego senti mesmo.


Vaz Dias



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