domingo, 22 de maio de 2016

Lucidamente desperta para insanidades

"...o acaso tinha-os trazido ao encontro. Ela de tez alva e olhos azuis de mar, vestia a bata branca com saúde, enquanto o inquiria acerca do seu passado recente clínico. Entre cuidados a profissional ao buscar o seu ficheiro ter-se-ia confundido na data por ele dada, aumentando-lhe a idade numa década e pouco, mais para os anos de ouro. Ele prontamente ripostou reafirmando a sua idade. Elegantemente, sorriu resolvendo a questão com o orgulho de ostentar a dita. A surpresa e a resposta foram imediatas "não lhos dava!". O sorriso acompanhava a assertividade com que laborava não mostrando quaisquer desvios à função.
Mantinha o diálogo vivo e interessante. Não fosse o assunto ser de ordem clínica dir-se-ia que eles já se tinham cruzado noutras aventuras e olhares.
Sim porque ela tinha na subtileza o olhar (ele nunca a poria em causa na conduta da função ou lhe desmascararia o "flare" que oferecia para uma observação mais íntima). Facilmente se desenvolvia o diálogo por entre subtilezas e a ligeireza do momento. A sensação de bem-estar era transmitida profissionalmente e cativada da mesma forma com o respeito devido.
Tratatados todos os processos ele agora despedia-se estendendo a mão e em tom agradecido - Obrigado! Foi um gosto. -
Ela amavelmente com olhar que inundava a sua vista - Um prazer! -
Uma vez mais sentiu o prazer de socialmente ter feito uma pequena história a dois com a mesma improbabilidade do encontro.
Ele era louco e ela lucidamente desperta para esse tipo de insanidades."


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

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