domingo, 15 de janeiro de 2017

Carta da Morte

Um dia destes morri.
E falo-vos do futuro
Onde passei a existir
Como nada.
Para mim.
Para vós já o era
Pela liberdade.
Pela liberdade partilhada.
Fiquei invisível
Porque é um valor
Que não sabeis materializar.
Nunca haveis contabilizado
Nos amores
E nas fortunas que vos deixei
Em vós criar.
Estive lá nessa porção
Que vos rodeia no ar
Nos abraços.
Nas oportunidades.
No futuro.
Venho agora depois
De definhar do outro lado
- no nada -
Vos mostrar essa
Invisibilidade que agora podem
Ver.
Podem ver o futuro
Na ingratidão,
Na ignorância...
No homem rico morto.
Morri na carne
Porque antes de tudo
Era já nada.
Nada cobrado.
Nada no amargo de boca.
Nada na generosidade.
Defeito é ser tudo de nada.
Em nada vos dei tudo.
Como o futuro
Que agora aqui lavra.
Como para além da morte
Morre um homem
Sem vós.
Sem nada.

(Ass. Teu pai)

VAz Dias

#palavradejorge

Sem comentários:

Enviar um comentário